Fábio Trancolin
‘Queria ser qualquer coisa...
Queria ser só um pouco mais denso, pra segurar na cabeça o que eu penso. Pra
libertar esse medo de rua. E bem mais cedo ser tudo o que sou...’
Algo que pudesse ser
interessante, ou que interessassem os outros. No mundo descartável em que vivemos
tanto se busca, e nem se sabe o que. Tanta coisa sem valor, mas pouco valor se dá
o que necessariamente tem valor. Ou quase nada, a vontade passa logo. Na busca
incessante de algo que nem se sabe o que é e pra que serve...
Comecei a escrever e nem mesmo eu
sei... Escrever o que... Queria ser... Qualquer
coisa mais livre. Sobrevoar essa doce prisão. Passar de passagem, por onde não passei.
Buscar o que eu encontrei certamente saborear o bom que dela tiver. Talvez você
que começou a ler esse texto, vai imaginar, o que esse ‘maluco’ quer dizer.
Queria falar tantas coisas que
pudesse fazer você entender, quem são os malucos... Os loucos tantas vezes
estão mais certos e são, do que muitos cérebros e pessoa endeusada em
vangloriada pela sociedade embevecida pelo sucesso aparente e tão presente. Vencedor
irreal do plano material. O que é vencer pra você? Para muitos até viver é
vencer. Vencer a desigualdade social, falta de educação tão presente em todos
os níveis cultural e social, a criança no farol ou pedinte na rua, transeunte
de passagem nem percebe, não é problema meu e se acostuma e acaba ficando tudo
muito natural. Amor ao próximo... Há o próximo, só se for o da fila, pois ela
anda e eu estou com pressa. Lembrando
dos loucos, me vieram na memória os malucos da minha infância, o “João
Barbudo”, “Cata cavaco” e outros... Eu morria de medo deles, mal sabia que os
nossos de hoje são muitos mais perigosos e maldosos... Eles não se parecem com
malucos, são tão normais, eles estão na elite, fazem leis, legislam, comandam...
“meus inimigos estão o poder”...