Fábio Trancolin
Hoje chamada de GO-210, nos tempos de menino,
era a velha estrada para Santa Helena, e para aquelas bandas tinha o
‘Douradinho’, lugarzinho agradável. Lá moravam os parentes do Messias
(Pretinho), a família dos Barros. Local bom de pescar, é um daqueles
‘Corguinhos’ bom de lambaris, era só jogar e pegar. Fui algumas vezes.
Uma vez em que fomos eu, o pai e o Jairinho,
foi na época que eu quebrei o braço esquerdo, tinha caído do pé de amora que
existia no fundo do Tiro de Guerra, quem colocou o gesso foi o amigo Dr.
Vicente Guerra. Estávamos na beira do barranco, e era uma dificuldade colocar a
isca, e “tava” bom naquele dia, era jogar e tirar o bichinho de rabinho “douradinho”,
encheu uma vasilha, porém o meu irmão estava “puto” comigo, a todo o momento
tinha que colocar isca no meu anzol, pois o gesso não permitia. Mas valeu, e
valeu muito.
Numa outra oportunidade lá estivemos, fomos
no Dodge Dart amarelo ouro que o pai tinha, a pescaria rendeu, ali sempre
rendia. O danado do riacho era bom mesmo. Passamos o dia na beira do córrego.
Finalzinho de tarde, nós fomos embora, quando chegamos à BR, o pai resolveu
acelerar o possante, tinha pegado há pouco tempo, e ainda estava só na
condução, ainda não tinha pisado fundo. Também, quando apertava o pé no pedal
da direita, o combustível evaporava, aquele danado bebia... Aquilo era um
exagero, teve algumas vezes que o pai misturou álcool e gasolina. Não existia ‘Flex’, era para economizar mesmo. O pai
acelerou para ver o ponteiro deitar, parecia um avião e, também, imprudência...
Estávamos eu, Jairinho e o Marcello e o primo João. E lembrei e avisei que
tinha esquecido o meu ‘Kichute’ debaixo da árvore... O pai perdeu a graça com o
“brinquedo” e ficou “brabo”, falou um monte, não iria voltar, só por causa do “Pretinho”...
E teve que comprar outro, pois naquela época, o “pretinho básico” servia para
tudo, escola, passear e jogar futebol, não tinha variedade era só um até rasgar
ou, no meu caso, perder... Passado um tempo lá retornamos, e não é que o ‘danado’
estava lá, as vacas tinham “carimbado” ele, mas foi só lavar, e pronto...
Acabei ficando com dois, sem variedade, só quantidade...
Uma vez, o pai e a turma da marcenaria foram
lá, passaram o dia, e já estava escurecendo e os parentes do Messias estavam
jantando, e não convidavam a turma da pescaria. Aquilo deixou alguns indignados
e, para piorar, jogavam os ossinhos do frango no quintal. O convite não foi
feito, então, aquilo atiçou a safadeza... O Leônidas pediu para o meu pai que
observasse onde estava subindo as “penosas”. Escureceu, despediram, porém antes
de irem embora visitaram o poleiro, O Waldomiro apanhava, estrangulava e
entregava e o debaixo ensacava... Foi “adquirida” uma meia dúzia... Quando
chegaram lá em casa só ouvia “Acende o
fogo espicha o frango e tira as penas, pra galinhada essa panela está pequena...”
Naquela noite, na minha casa, a galinhada varou a madrugada, regada a
truco, cachaça e vinil na radiola...