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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Paixão pelo Palmeiras


Fábio Trancolin

Difícil alguém que não tem um time para torcer, alguns torcem pelos times dos pais, outros são influenciados pela mídia, alguns pelos parentes que “torram” a paciência, têm aqueles que estão em evidências e acabam contagiando a meninada. O pai nos ensinou a torcer pelo Palmeiras (E lhe agradeço por isso), esse time nos deu e dá alegrias, já nos fez passar raiva, nos decepcionou em alguns momentos, mas nós o amamos. 


O pai conta que em 1958 quando foi morar em São Paulo, o único time que fazia frente ao Santos de Pelé era o Palmeiras, ele disse que a maioria torcia pelo alvinegro praiano, e por ele ser goiano e vinha de Rio Verde, se encantou pelo alviverde imponente. E assim nascia a paixão pelo Palmeiras. O Verdão tinha uma verdadeira “máquina” na época: Valdir de Moraes, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Geraldo Scotto, Zequinha, Chinesinho; Julinho Botelho, depois veio o Ademir da Guia, Dudu e Vavá e outros tantos. Naquele início da década de 60, o pai diz que era um espetáculo ir até ao Pacaembu ou Parque Antarctica ver o Palmeiras jogar, e os outros, também, não eram ‘timinhos’, tinham verdadeiros esquadrões.


Veio a década de 70, e o Alviverde era a Academia, mas eu não me lembro dos títulos de 72/73/74 e no titulo do Paulistão de 1976 lembro-me do pai comentar, naquela ocasião não passava jogo regional na TV e depois desse veio uma “seca danada”. Naquela época foi o período que eu fui pra rua jogar, era o tempo das figurinhas e dos campinhos e de tirar sarro dos outros torcedores, em 78, o Verdão chega à final do Brasileirão, dois jogos contra o Guarani de Campinas (Era um Timaço o ‘Bugre’), imaginei que iria ver o nosso time sagrar-se campeão, mas que nada, perdemos no Morumbi e depois no Brinco de Ouro da Princesa, era agosto, e o Brasil tinha sido “sacaneado” na Copa do Mundo daquele ano na Argentina, foram duas desilusões para um moleque de 10 anos, pensa numa tristeza...


Mas eu não “tava”’ nem aí, estava sempre uniformizado, a camisa do Palmeiras e o calçãozinho verde, e não mudava de time de jeito nenhum, muito garotos faziam isso, torcia para quem estava ganhando. Em 79, quase levamos o “Paulistão”, mas o cartola do Corinthians Vicente Mateus mexeu no regulamento e alterou as coisas. E no Brasileirão quase também, o Verdão goleou o Flamengo dentro do Maracanã por 4x1, o presidente do time carioca (Márcio Braga) disse que já tinha comprado as passagens para o Rio Grande do Sul, eles iriam enfrentar o Internacional, só que ele esqueceu que tinha o jogo contra o Alviverde. O Palmeiras foi para a semifinal, porém não passou pelo Colorado, mas também ninguém passou naquele ano eles foram campeões invictos. Eu assisti ao jogo na casa do Sargento Barbosa, gaúcho e torcedor Colorado. Década de 80 foi terrível nada. A única vez que chegou à final foi no paulistão de 86, e teve o vexame da derrota no Morumbi para o time do interior paulista a Internacional de Limeira.


No Paulistão de 88, eu tive a oportunidade de ver o Verdão jogar pela primeira vez, no Pacaembu na estreia contra o Mogi Mirim, o jogo foi 1x0 para o visitante, gol de um ex-atacante do Palmeiras Carlos Alberto Seixas. Estávamos eu e o Marcello, tinha comprado uma corneta verde, e depois voltamos descendo a Rua da Consolação até ao Metrô do Anhangabaú, ali encontrarmos com a torcida do Corinthians que vinha em extrema algazarra, eles tinham ganhado do São Paulo no Morumbi. E, no final daquele campeonato o Palmeiras colocou o Corinthians na final, vencendo o São Paulo por 1x0, o empate era do Tricolor e aos 46 do 2º tempo, Gerson Caçapa fez para o Alviverde. O Claudio Augusto, um grande amigo que tenho, estava no Pacaembu, assistindo ao jogo do Corinthians contra o Novorizontino, eles dependiam da vitória do Verde, eles diziam que o Palmeiras iria facilitar para o Tricolor. Não foi isso que aconteceu. Eles foram para final e venceram o Guarani em Campinas e ganharam o título daquele ano. 


E, nada de eu ver o meu time campeão, o time da vez era o São Paulo, em 89, quase, perdemos para o Bragantino e adeus título, caiu no colo do São Paulo, em 90, Bragança levou... E nada, nada de gritar Campeão. Em 92, quase, chegamos à final, porém mais uma vez deu São Paulo. Então chegou o ano da redenção, ganhamos o Paulistão no jogo histórico 4x0 do arquirrival Corinthians. O Rio-São Paulo também nós comemoramos em cima deles (Dá-lhe Edmundo!). O Brasileirão, outro que foi para a sala de troféus do Parque Antarctica (E só não foi mais uma vez em cima deles, porque eles facilitaram o jogo para o Vitória na Bahia).  



Aquele sábado, 12 de junho de 1993, jamais sairá da memória, que coisa maravilhosa, foi algo que não dá para descrever. Foi uma semana difícil, víamos de uma derrota, perdemos o primeiro jogo, 1x0 e o Viola tinha imitado o “porco” e feito a festa da torcida deles. Mas lavamos a alma no jogo seguinte, morava numa rua dominada por corintianos, é algo inenarrável... Depois desse, o Verdão chegou a outras tantas finais, mas nada se comparada a esse titulo... Ganhamos a Libertadores, perdemos o Mundial, visitamos a Série B (por duas vezes), mas a paixão pelo Palestra Itália, o Verdão do Parque Antarctica  essa não muda... Essa permanece... Essa permanecerá...  



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