Fábio
Trancolin
Era uma tarde típica de
verão em São Paulo, chovia e tava calor. Há quase um mês aquele era o meu novo
caminho. Sair do Metrô e virar a esquerda, por muitos anos eu sempre virava
sentido a Vila Esperança. Atravessei a passarela sobre a Radial Leste caminhei
para a Vila Guilhermina.
Os pensamentos quase sempre
os mesmos, a cidade grande e seu enorme ‘vazio’. Pessoas iam e vinham, no vai e
vem corriam na pressa de pegar o trem, ou dele sair. E nesses momentos os
versos de uma música tilintavam na mente... ‘Tenho andado tão sozinho
ultimamente, que nem vejo em minha frente, nada que me dê prazer... E vou
seguindo a multidão... ‘.
Subi os degraus que me
levavam a Rua Astorga, atravessei, e sabe-se lá porque não fiquei no lado
direito da Rua Costa Rêgo, não era o lado direito da Rua Direita e nem ela
estava olhando vitrines coloridas, ela estava na banca de jornal, lá estava
ela, blusa azul, e tal qual a música do Simonal, ‘Vesti azul, minha sorte então
mudou... ’. A moreninha da locadora estava entretida folheando revistas.
Tinha mudado para aquele
bairro fazia uns quinze dias, e na esquina da minha casa tinha uma locadora de
vídeo a ‘Paraíso azul’... E sempre ao chegar ela estava lá, mas como o meu videocassete
estava quebrado, não tinha como ir lá fazer ficha e virar cliente, eu a
observava algum tempo, porém ali estava uma oportunidade para conhecer a
moreninha...
Entrei na farmácia do
Manoel, fiz um ‘H’, e fiquei esperando, pouco tempo depois, ela saiu e abriu a
sombrinha, ao olhar para cima, lá estava eu. E lhe fiz a seguinte pergunta, ‘Se
você tivesse indo em sentido contrário me daria carona?’. A resposta foi,
’Disso você pode ter certeza, claro que sim’. ‘Lá vem, lá vem de novo, acho que
estou gostando de alguém... ’ Era sexta-feira 13, de fevereiro. Já se passaram
18 anos. Para alguns, sexta 13 dá azar, te garanto que isso não é verdade. ‘Vem
cá meu bem, que é bom lhe ver, o mundo anda tão complicado, que hoje eu quero
fazer tudo por você... ’