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quarta-feira, 27 de julho de 2016

A coleção que eu deveria ter colecionado`


Fábio Trancolin

Para quem ama livros (eu), não tem como não lembrar da coleção Vaga-Lume, ela conta com mais de 80 títulos.  Acredito que muitos iguais a eu, tem uma ligação afetiva com a série de livros, que era muito usada nas escolas de todo o país nas décadas de 70 e 80. A coleção transformou em leitores os adultos de hoje. Naquela época os livros despertaram o gosto pela leitura de muitos jovens (eu sou um exemplo disso, você provavelmente também é). A série Vaga-Lume foi um grande (acredito que ainda é) sucesso, sendo uma das principais responsáveis pela formação de dezenas de milhares de leitores espalhado pelo país afora. O meu primeiro livro da coleção foi ‘O caso da borboleta Atíria’ (Lúcia Machado de Almeida).


Eu fazia na época a 5ª série (1981), no Colégio Prof. José de Campos Camargo, em São Paulo. A professora de Português Maria Elza, pediu que lêssemos o livro. Eu comprei o meu numa livraria e papelaria que tinha na Av. Amador Bueno da Veiga, em frente ao Colégio Barão de Ramalho. Essa é a sinopse do livro: (Um crime acontece no mundo dos insetos. A noiva do Príncipe Grilo foi misteriosamente assassinada. Os mesmos criminosos sequestram Atíria. Quem seriam eles e qual o motivo do crime?)  Tínhamos que ler, e no final do livro, vinha um questionário para que pudéssemos responder, ou seja, não tinha como responder, se não lêssemos o livro. A entrega do questionário respondido era a prova.  Outro título que a Maria Elza pediu para ler, foi “Cem noites Tapuias”. Tive a oportunidade de ler outros títulos, ‘Coração de Onça, ‘O Rapto do Garoto de Ouro’, ‘Sozinha no Mundo’, ‘Tonico’ e ‘A Ilha Perdida’ ...


Algumas curiosidades da coleção Vaga-Lume: Lançados de uma só vez, os primeiros títulos foram: A Ilha Perdida (Maria José Dupré); Cabra das Rocas (Homero Homem); Coração de Onça (Ofélia e Narbal Fontes) e Éramos Seis (Maria José Dupré). Os autores mais vendidos foram Maria José Dupré (A Ilha Perdida e Éramos Seis) e Lúcia Machado de Almeida (O Escaravelho do Diabo, O Caso da Borboleta Atíria, entre outros). Sendo que A ilha perdida é o título mais vendido, já ultrapassou a marca de 2,2 milhões de exemplares. O Escaravelho do Diabo, que foi lançado em 1972 e está na sua 27ª Edição, esse ano virou filme.
O autor mais publicado pela série foi o paulista Edmundo Donato, mais conhecido como (Marcos Rey), com 15 livros. Entre os seus livros estão ‘O Rapto do Garoto de Ouro’, ‘Um Cadáver Ouve Rádio’, ‘O Mistério do Cinco Estrelas’, ‘Sozinha no Mundo’ e ‘Dinheiro do Céu’. Livros como ‘Cem Noites Tapuias’, ‘Coração de Onça’ e ‘O Gigante de Botas’ foram escritos não por uma pessoa, mas duas: o casal Narbal de Marsillac Fontes e Ofélia de Avelar Barros Fontes. Coração de Onça é o meu favorito. A coleção Vaga-Lume ultrapassa os 8 milhões de exemplares vendidos.



Quando estava escrevendo essa crônica, procurei nas redes sociais a professora Maria Elza, através da minha prima Claudia Cristina à encontrei. Na última postagem dela estava escrito: “Dia do transplante - 15 de março (terça-feira). Que Deus Pai, todo poderoso, Senhor do Universo, ilumine os médicos, o doador, me guarde, me proteja e me cure. Amém!” ... Infelizmente não foi bem sucedida a cirurgia, a professora partiu... A lembrança que trago na memória e da bela morena, com um livro na mão, sentada na ponta da mesa, contando histórias e com um lindo e largo sorriso no rosto... Eu agradeço que você tenha feito parte da minha história e de alguma forma ter contribuído para o meu gosto pela literatura... Que eu encontre a ilha perdida, que eu tenha a coragem do coração de onça, que eu possa ser o menino de asas e desvendar o mistério dos morros dourados...