Fábio Trancolin
Para quem ama livros (eu), não tem como não lembrar da coleção Vaga-Lume,
ela conta com mais de 80 títulos. Acredito
que muitos iguais a eu, tem uma ligação afetiva
com a série de livros, que era muito usada nas escolas de todo o país nas
décadas de 70 e 80. A coleção transformou em leitores os adultos de hoje.
Naquela época os livros despertaram o gosto pela leitura de muitos jovens (eu
sou um exemplo disso, você provavelmente também é). A série Vaga-Lume foi um
grande (acredito que ainda é) sucesso, sendo uma das principais responsáveis
pela formação de dezenas de milhares de leitores espalhado pelo país afora. O
meu primeiro livro da coleção foi ‘O caso da borboleta Atíria’ (Lúcia Machado
de Almeida).
Eu fazia
na época a 5ª série (1981), no Colégio Prof. José de Campos Camargo, em São
Paulo. A professora de Português Maria Elza, pediu que lêssemos o livro. Eu
comprei o meu numa livraria e papelaria que tinha na Av. Amador Bueno da Veiga,
em frente ao Colégio Barão de Ramalho. Essa é a sinopse do livro: (Um crime acontece no mundo dos insetos. A
noiva do Príncipe Grilo foi misteriosamente assassinada. Os mesmos criminosos
sequestram Atíria. Quem seriam eles e qual o motivo do crime?) Tínhamos que ler, e no final do livro, vinha
um questionário para que pudéssemos responder, ou seja, não tinha como
responder, se não lêssemos o livro. A entrega do questionário respondido era a
prova. Outro título que a Maria Elza
pediu para ler, foi “Cem noites Tapuias”. Tive a oportunidade de ler outros títulos,
‘Coração de Onça, ‘O Rapto do Garoto de Ouro’, ‘Sozinha no
Mundo’, ‘Tonico’ e ‘A Ilha Perdida’ ...
Algumas
curiosidades da coleção Vaga-Lume: Lançados de uma só vez, os primeiros títulos
foram: A Ilha Perdida (Maria José Dupré); Cabra das Rocas (Homero Homem);
Coração de Onça (Ofélia e Narbal Fontes) e Éramos Seis (Maria José Dupré). Os
autores mais vendidos foram Maria José Dupré (A Ilha Perdida e Éramos Seis) e
Lúcia Machado de Almeida (O Escaravelho do Diabo, O Caso da Borboleta Atíria,
entre outros). Sendo que A ilha perdida é o título mais vendido, já ultrapassou
a marca de 2,2 milhões de exemplares. O Escaravelho do Diabo, que foi lançado
em 1972 e está na sua 27ª Edição, esse ano virou filme.
O autor mais publicado
pela série foi o paulista Edmundo Donato, mais conhecido como (Marcos Rey), com
15 livros. Entre os seus livros estão ‘O Rapto do Garoto de Ouro’, ‘Um Cadáver Ouve
Rádio’, ‘O Mistério do Cinco Estrelas’, ‘Sozinha no Mundo’ e ‘Dinheiro do Céu’. Livros
como ‘Cem Noites Tapuias’, ‘Coração de Onça’ e ‘O Gigante de Botas’ foram
escritos não por uma pessoa, mas duas: o casal Narbal de Marsillac Fontes e
Ofélia de Avelar Barros Fontes. Coração de Onça é o meu favorito. A coleção
Vaga-Lume ultrapassa os 8 milhões de exemplares vendidos.
Quando estava escrevendo
essa crônica, procurei nas redes sociais a professora Maria Elza, através da
minha prima Claudia Cristina à encontrei. Na última postagem dela estava
escrito: “Dia do transplante - 15 de
março (terça-feira). Que Deus Pai, todo poderoso, Senhor do Universo, ilumine
os médicos, o doador, me guarde, me proteja e me cure. Amém!” ...
Infelizmente não foi bem sucedida a cirurgia, a professora partiu... A
lembrança que trago na memória e da bela morena, com um livro na mão, sentada
na ponta da mesa, contando histórias e com um lindo e largo sorriso no rosto...
Eu agradeço que você tenha feito parte da minha história e de alguma forma ter
contribuído para o meu gosto pela literatura... Que eu encontre a ilha perdida,
que eu tenha a coragem do coração de onça, que eu possa ser o menino de asas e
desvendar o mistério dos morros dourados...