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quarta-feira, 27 de março de 2019

Os panfletos de divulgação da sétima arte



Fábio Trancolin

Como é bom guardar algo que no passado nos trouxe felicidade, que de tão bom, não foi esquecido. Como alguns tem conhecimento, eu adoro histórias de bons momentos, de algo que lá no passado ficou, mas alguém não se esqueceu... e guardou... Compartilho com vocês um achado, conversando com o meu amigo Rui Fagundes, ele me mostrou um guardado, algo para quem ama a cultura, a história, e preserva a memória, foi de grande emoção, foi um achado... Ele guarda em uma gaveta de recordações, os panfletos de divulgação dos filmes que seriam exibidos no cinema, lá pelos idos da década de 50...

A diversão dos jovens entre as décadas de 50 e 60 era ir ao cinema, antes da exibição dos filmes, eram transmitidos telejornais com notícias nacionais, assim eles se informavam do que estava acontecendo.  (A televisão era novidade para época, o jornalista Assis Chateaubriand, tinha fundado a TV Tupi em 18 de setembro de 1950, ela foi a primeira emissora de televisão do Brasil e da América do Sul, e também a quarta do mundo. O televisor era importado, os mais abastados tinham acesso a essa tecnologia, a novidade não era acessível a todos). O lazer da juventude daquela época era ir ao cinema, à igreja e conversar na praça. O Rui e a esposa Helena (na época namorada) adorava ir ao cinema, eram fãs da sétima arte, tanto era, que ele guardou como recordações da ‘Belle époque’ (a expressão é francesa e foi criada para designar um período da história na Europa marcado pela paz aproximadamente entre 1871 e 1914, início da 1º Guerra Mundial...), cito-a, pois era uma bela época de encanto e novidades... Eu faria parte de uma outra geração, a geração dos “meninos de Kichute” os das décadas de 70 e 80...

Nós juntávamos garrafas e vendíamos para que pudéssemos ir ao cinema... Primeiro filme que assisti no cinema foi Homem Aranha em 1978, trinta anos depois, o primeiro filme que o Victor Hugo assistiu, também foi Homem Aranha, ele também tinha 10 anos, igual ao pai, o cinema era no mesmo lugar, porém o nome tinha mudado para Cine Regente. Ali eu vi muitos outros, foram bons filmes... Os do ‘Mazzaropi’ e ‘Trapalhões’ lotavam as sessões vespertinas.  E, também, teve “Igrejinha da serra”, o grande sucesso rio-verdense do cineasta, produtor, ator e sonhador, meu amigo Alberto Rocco, ou simplesmente, Betinho...

No início da década de 50, tínhamos duas empresas cinematográficas, “Empresa Pereira de Castro & Cia. Ltda.” essa era o Cine Bagdad, na Rua Rui Barbosa, o prédio sempre foi utilizado para esse fim, o prédio está lá com a sua arte estilo ousado para época de inauguração, hoje, ele ‘esquecido’ está, sonhadores amantes da cultura, tentam restabelecer a arte cultural no local, sem apoio, não tem arte nem cultura... O Cine Rio Verde ficava na Rua Rafael Nascimento, denominado na razão social, como “Tília Jaime Nascimento”. Os panfletos traziam as informações dos filmes da semana, o folheto trazia as empresas que patrocinavam a divulgação. Recordar é viver... faz bem lembrar, nessa imensa tela, não se vê mais os clássicos, mas a tela da memória, essa não se apaga, o tamanho é imensurável...