Ao
logo dos anos conversei muito com meu pai..., mas, hoje vejo que foi pouco,
deveríamos ter conversado mais... precisaria ter falado mais, ter ouvido
mais... quantas histórias contamos... quantas
tivemos a oportunidade de vivenciar, elas depois viraram historietas... hoje eu sinto falta de ouvir as mesmas
histórias, que muitas vezes foram contadas e boas lembranças nos
proporcionou... Sem lamentações, não tem nada de impactante escrito no teu
epitáfio, mas, acredito que deveríamos ter aproveitado mais, ter visto bem mais
pores do sol, conversado mais...
A
cada fase na vida o pai fez parte de uma forma diferente, no início, via ele
como o Super-herói, ele podia fazer tudo, na imaginação que eu tinha era assim
que eu via...... nas perguntas feitas e as respostas obtidas, papai sabe tudo, meu
pai sabia muitas coisas, ao longo dos anos fui percebendo que não era bem
assim... na adolescência acreditava que ele não sabia nada daquilo, na minha tola
imaginação, eu podia tudo (‘santa’ ingenuidade)... Então, você vai crescendo, e
as etapas vão mudando, e você vai percebendo a importância da orientação e da
experiência por ele adquirida. Em determinados momentos antes de fazer qualquer
coisa, o pai era consultado, pois na sabedoria dele, ele poderia ter algo mais
a orientar.
Quase
seis meses da sua partida, esse será o primeiro Natal que ele não vai estar
sentado na cabeceira da mesa... tivemos natais fartos, outros que “fartou” quase
tudo, só não faltou a esperança de que a vida iria melhorar... “porque a vida é
assim, ela muda para melhor, ai ela fica boa, depois parece que ela piora,
melhora, mas não fica muito bom, depois fica meio ruim, depois parece que
piorou...” assim é a vida, mas ela sempre melhora, e nos mostra o caminho certo
a seguir...
Os
últimos 33 natais, estivemos juntos, sem faltar nenhum... Eu, ele, nós e o
Chester... Tinha uva passa, passa que passa, o tempo passa, passado que foi,
esse não volta mais, as recordações que ficaram, saudades de um passado
distante, ou não tão longínquo assim... a corda que estica puxando o 'caminhãozinho de roderinha’ e a linha que estica, estica e esticando e vai
aumentando a saudade... na volta do carrinho no autorama, que passa correndo,
assim como a vida passou... o estalar da espoleta, estalou, também passou... No
quebra cabeça se falta uma peça, o quadro fica imperfeito... Não têm presente
debaixo árvore, pisca-pisca, acende e apaga, a luz ilumina a sala... antes
piscava mais... somente a luz que vem de dentro que não se apaga...