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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

No caminho do saber




Quando o ano de 1975 começou, eu sabia que grandes novidades estavam por vir. Seria algo novo na minha vida: o ano em que iniciaria meus estudos. Eu completaria sete anos, a idade certa, naquela época, para começar a frequentar a escola.

Meu irmão Jairinho, havia começado um ano antes, e agora era a minha vez. Lembro-me bem quando o meu pai comprou os materiais escolares na Casa das Louças, e também comprou para mim, mesmo eu não estando matriculado naquele ano. Meu irmão trazia as tarefas da escola, e minha mãe ao auxilia-lo nas tarefas, também mostrava para mim, sendo assim, tudo que ele fazia na escola, eu fazia em casa. De tal modo, aquilo que ele aprendeu na escola, eu aprendi em casa. Nossa diferença de idade era pequena, apenas um ano e nove meses, o que nos deixava ainda mais próximo.



Quando finalmente me sentei nas carteiras escolares para ser aluno da professora Odete, eu já sabia um pouco mais do que os meus colegas. Esse fato chamou a atenção da professora, que comentava com os meus pais que eu acabava, sem querer, atrapalhando o ritmo das aulas, pois fazia as atividades com muita rapidez... cogitaram até a possibilidade de eu ser adiantado para a série seguinte, mas preferiram que eu não pulasse etapas e fizesse como todos os demais.

Eu estudava no Grupo Escolar Percival Xavier Rebelo, que funcionava no mesmo prédio do Colégio Martins Borges e, durante o período vespertino, era utilizado como escola primária. Minha sala ficava ao lado do banheiro. Nas salas seguintes, estavam os alunos das professoras Tânia, Maria Aparecida, Ordália e, por fim, a professora Geusa, que lecionava para os alunos da última série do primário. Lembro-me bem dos colegas daquela época: Renato, Augusto, os irmãos Roberto e Washington, Webinho, Hiltones e Francisco Canindé. Entre as meninas estavam Najáh, Samira, Lucibélia, Ariadna, Madalena, Mara, Margarete e Carla. Esses nomes ficaram marcados na memória. Permaneci com essa turma até 1977; no ano seguinte, fui matriculado no Grupo Escolar Demolício de Carvalho.

Caderno de caligrafia

Na escola, a vice-diretora Marta era responsável por organizar as filas com a ajuda do famoso sininho. Ela tinha uma postura séria, e ninguém ousava sair da linha. Os uniformes eram padronizados: os meninos usavam calças ou bermudas, e as meninas, saias ou calças. Tudo na cor *cáqui, combinado com camisas brancas que trazia o emblema da escola no bolso (cor cáqui é um tom de marrom-claro com subtons amarelos. A palavra caqui vem do persa khak, que significa pó, e khaki, que significa poeirento ou cor de terra).

Antes de entrar na sala de aula, todos ficávamos alinhados sob o sol, rezávamos e cantávamos o Hino Nacional. Às vezes, também entoávamos a música “Eu te amo, meu Brasil”. - “Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil. Eu te amo meu Brasil, eu te amo.  Ninguém segura a juventude do Brasil”. Era um momento solene, que fazia parte do cotidiano escolar. 

Pátio do Grupo Escolar Percival Xavier Rebelo, que funcionava no mesmo prédio do Colégio Martins Borges 

Na minha sala, eu tinha uma vista privilegiada para o pátio de terra batida e, ao fundo, podia ver a marcenaria onde meu pai trabalhava. Na hora do recreio, ao som do sininho, a turma saia correndo em disparada em direção à quadra. O picolezeiro sempre estava à espera na porta, e eu adorava os picolés de coco queimado e creme holandês. Às vezes, escolhia um “juju” de groselha ou tamarindo, que também era uma delícia.

Então foi nessa época que eu dei os meus primeiros passos na Cartilha Caminho Suave, lá sem vão 50 anos do início dessa jornada que me traz boas recordação e boas lembranças. sinto uma enorme gratidão pelas memórias e pelas lições que marcaram minha jornada escolar