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terça-feira, 25 de março de 2025

A importância da preservação dos casarões antigos


Preservar os casarões antigos é preservar a nossa história. Contudo, pouco resta do que havia. Essa é uma reflexão profunda sobre o valor histórico, cultural e estético das edificações que permanecem na memória coletiva. É possível contar nos dedos as que ainda estão de pé. A preservação desses casarões é essencial para manter vivas as narrativas do passado, fortalecer nossa conexão com a história e promover uma apreciação consciente de nossa herança cultural.

Em Rio Verde, um dos casarões mais simbólicos é o Palácio da Intendência. Este imponente edifício, que já serviu como cadeia pública, foi palco de eventos históricos significativos, como a prisão do ex-governador de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, durante a Revolução de 1930. Tombado em 14 de junho de 1984 como Patrimônio Histórico e Cultural por meio da Lei Municipal nº 1913/84, o palácio foi construído em meados de 1885 por Antônio Furquim de Campos, Joaquim Rodrigues de Abreu e Mizael José de Castro, na época da elevação do povoado de Nossa Senhora das Dores.

A estrutura original, feita de pau a pique com reboco de estrume, escondia um alçapão que levava à cela de segurança máxima, além de celas destinadas a pequenos delitos e uma cela feminina. O andar superior, que servia como Fórum, ainda guarda memórias das sessões do Júri. Essas paredes, que testemunharam tantos momentos históricos, são um convite à reflexão sobre o que perdemos e o que ainda podemos preservar.

O Palácio da Intendência é, portanto, mais do que um simples edifício; é um monumento à memória coletiva de Rio Verde. Ele nos convida a olhar para o passado de forma crítica, a compreender as lições que a história nos deixou e a lutar pelo que ainda pode ser salvo.













Na Praça Padre Mariano, esquina com a Rua Nilo Peçanha, onde o tempo parece fluir de maneira diferente, um casarão se destaca por sua presença majestosa. A casa de Ambrosina Cândida da Silveira Leão, erguida por volta de 1895, é uma das últimas a conservar a arquitetura da época. Durante a Revolução de 1930, abrigou figuras importantes como Pedro Ludovico e o senador Martins Borges. A história do Brasil, marcada por transformações e desafios, encontrou abrigo em seus cômodos.

O tombamento desse imóvel, oficializado pelo Decreto nº 0133/2014, foi um passo essencial para garantir que o valor histórico e cultural do local seja preservado para as futuras gerações. A casa de Ambrosina é um símbolo de resistência. Em um mundo que avança a passos largos, onde o novo muitas vezes se sobrepõe ao antigo, é fundamental que preservemos esses espaços que nos conectam às nossas raízes.






Outro casarão imponente e repleto de histórias está localizado na Rua São Sebastião. Ele pertenceu a Frederico Gonzaga Jayme, conhecido como "Major" Frederico. No final do século XIX, ele adquiriu a obra inacabada para fundar a Casa Jayme no térreo e estabelecer sua residência no andar superior. Frederico Jayme foi intendente municipal por dois mandatos, de 1903 a 1907 e de 1927 a 1930. Durante sua primeira gestão, foi responsável pela construção do cemitério, que hoje leva o nome de São Miguel. No entanto, o casarão histórico ainda não foi oficialmente tombado, e é necessário discutir qual será o seu futuro.

O tombamento é um ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, transformando-o em patrimônio oficial e instituindo um regime jurídico especial de propriedade, que leva em consideração sua função social. Cada casarão preservado é um fragmento da nossa memória coletiva, um lembrete do que fomos e do que podemos ser.

Assim, ao olharmos para esses casarões, somos convidados a refletir sobre a importância de manter viva a história que eles representam. Que possamos, portanto, valorizar e cuidar desses patrimônios, pois eles são mais do que paredes e telhados; são testemunhas silenciosas de um tempo que não deve ser esquecido.

 








quarta-feira, 19 de março de 2025

Dia do Marceneiro




No dia 19 de março, celebramos o Dia do Marceneiro, uma profissão nobre e cheia de significado. Foi esse o ofício de José, pai de Jesus, e também do meu pai. Através dessa arte, ele nos criou, nos educou e nos ensinou valores que dinheiro algum pode comprar. A marcenaria não o tornou rico, mas foi com ela que nos sustentou e nos formou como pessoas.

Lembro-me bem das palavras da canção de Roberto Carlos: “Meus irmãos à minha volta, e meu pai sempre de volta, trazia o suor no rosto, nenhum dinheiro no bolso, mas trazia esperanças...”. Foi assim que crescemos, com cheiro de serragem e verniz impregnado em nossas memórias, em cada móvel construído com dedicação e amor.
A marcenaria sempre fez parte de nossa vida. Meu irmão mais velho seguiu os passos do nosso pai e manteve viva essa arte, que transforma simples pedaços de madeira em obras de utilidade e beleza. Eu deveria ter aprendido mais sobre esse ofício tão especial, onde o torno, o formão, a serra circular e a serra de fita moldam não apenas a madeira, mas também histórias e legados.
Mogno, cerejeira, imbuia... às vezes, a nobre castanheira. Peroba-rosa, cedro, jatobá e o magnífico jacarandá. Meu pai conhecia cada uma dessas madeiras como quem conhece velhos amigos. Curiosamente, ele carregava no próprio nome a essência da sua arte: Nogueira. Uma madeira de lei, resistente, durável, de tom escuro, assim como a firmeza e a força que ele sempre demonstrou.
Hoje, ao lembrar desse legado, percebo que a verdadeira riqueza não está no dinheiro, mas nas marcas que deixamos no mundo e nos corações de quem amamos.

Aos marceneiros, artistas da madeira, que fazem do seu ofício um ato de amor e criação, deixo minha homenagem e gratidão.