Fábio Trancolin
Fotos: Fábio Trancolin |
Às vezes no final de tarde sabe que dá vontade de ir
passear ou quem sabe até morar no vilarejo. Aquele vilarejo da Marisa Monte, ‘Há um vilarejo ali, onde areja um vento bom, na varanda, quem descansa,
vê o horizonte deitar no chão... ’ Sem pressa e estresse. Canarinho cantar
no galho alto da goiabeira. Sentar e conversar no final de tarde e ver sol indo
embora e deixando o rastro avermelhado, e poder sentir o cheiro que vem do mato
invadindo as narinas, a mente e o coração.
Cidade de Goiás - Foto: Fábio Trancolin |
A noite vem vindo e trás com ela a amiga lua, que
ilumina, encanta e conta história. História de paixão, romance, desventura,
amores esquecidos, amores compartilhados, amores lembrados. ‘Lua, ilumina a rua, toda noite, em cada fase
sua, e diz a ela, não posso mais ficar assim. Lua traz ela pra mim... ’ Alguém
dedilha um violão e as notas nos acordes acorda alguém... ‘Meu violão em seresta à luz de um luar, a natureza em festa, tudo
parece cantar’.
Cidade de Goiás - Foto: Fábio Trancolin |
A madrugada vai embora e com ela leva os mistérios e
fantasmas. O cheiro da manhã da fruta orvalhada, na relva molhada... O sol vem
vindo, ‘lá vem o sol, lá vem o sol, eu já
sei... ’ E o ‘Astro Rei’ vem pra
aquecer os telhados das pequenas casas, a casa de gente humilde, e por cima as
telhas tortas e na fachada cal... Os portões escancarados frutas em qualquer
quintal, ‘portas e janelas ficam sempre
abertas, pra sorte entrar... ’Pois lá o tempo sempre espera... A mesa
sempre farta, o café no ‘rabo do fogão’. A felicidade do balanço do ‘sorriso’
da cauda de um cão.
Pirenópolis - Foto: Fábio Trancolin |
E nesses pedacinhos do céu escondidos por de trás dos
montes, curvas e rios, e quanto menor o lugar a alegria e a felicidade
transbordam... ‘Vai diminuindo a cidade
vai aumentado a simpatia, quanto menor a casinha mais sincero o bom dia...
Quanto mais simplicidade melhor o nascer do dia... ’ Aqui já foi assim, a
boiada já passou por aqui, o berrante foi tocado, e a mocinha de vestido de
renda saiu na janela, recebeu a flor jogada pelo boiadeiro de laço no
pescoço... Quando te conheci você não era tão grande, tinha o encanto de cidade
pequena e o cerrado te rodeava e te fazia cheirar bem. Já bebi água no regato
que nascia lá no meio do mato, mas a sua pureza foi perdida te poluíram e
aterraram o que de bom você tinha.
Pirenópolis - Foto: Fábio Trancolin |
Eu te convido pra que você venha voar e se perder na
imensidão e fazer parte dessa imaginação, ‘vem
andar e voa, vem andar e voa... ’ Corre vem, pense e lembre-se de alguém...
‘Voa feito um sonho desvairado, desses
que a gente sonha acordado... Voa no estalo do meu grito... ’ E na memória
ficou arquivado, como se escrevesse no guardanapo bebendo com alguém, e depois
guardado dentro do livro... Vou envelhecendo, vou lembrando, não esqueço e vou
contando...
Rio Verde década de 60 |