Fábio
Trancolin
25
de julho de 1987... Estava um tempo
nublado e fechado, era um sábado. Preparava-me para uma mudança, um tanto
quanto radical na minha vida. Voltar a morar em São Paulo. Nasci lá, porém fui
criado nas terras da pequena cidade do Planalto Central, naquela época Rio
Verde era uma pequena cidade do interior, os seus relacionamentos eram
outros... Tive uma rápida passagem pela cidade grande entre 81/82. Mas naquele
ano chegou o momento de voltar a enfrentar a “Paulicéia desvairada” cidade
grande, ir em busca de oportunidades que aqui não encontrava. Por um lado
sentia em deixar os amigos que eram muitos, mas ir causava certo interesse,
envolvia outros fatores...
Naquela
semana que antecedeu à mudança, causou tristezas, uma delas foi o atropelamento
da minha cadelinha, a Katy, tinha levado para vacinar, dei banho e preparei
para viagem, tanto ela quanto a filha, a Pepita, eram duas cadelas da raça
pequinesa. No sábado dia 18, ela foi atropelada por um caminhão na porta de
casa... (Foi um baque...).
Para
a mudança, foi resolvido que não se levariam os móveis... Quase tudo seria vendido
e foi. O pregão do Zé arrematou tudo que estava à disposição. Resolvemos apenas
levar a TV (Foi presente dos dias das mães do ano anterior...). Não existia mais a marcenaria, as máquinas eu
tinha vendido para o Orlando. O amigo Selmo, sempre presente, nos ajudou a
desmontar tudo e eu via a casa ir ficando vazia, a Kombi do pregão na porta ia
sendo carregada. O primo Claiton passou por lá, e levou alguns utensílios, que
não interessava para a venda, colocou na carroça que ele tinha. O primo
Alexandre tinha separado algumas coisas, porém deu “bobeira” e o Claiton
moleque que era, levou as coisas dele. Cena hilariante, a carroça em disparada
e o Alexandre correndo atrás gritando, isso é “meu”, era uma chicotada na égua
e outra nos meninos... Quem disse que pegaram...
A
mãe fez um pedido para que eu cortasse o cabelo, como sempre gostava de usar o
cabelo comprido, e ele estava grande, ela me disse: “Vai lá cortar, não viaje
assim, não vai chegar lá desse jeito”. Pedido de mãe foi atendido, meio contra
vontade. Ali na Avenida Presidente Vargas, onde hoje está a Casas Bahias, tinha
a Casa do Granjeiro do meu amigo Charles, ao lado tinha um Salão de Barbeiro,
cortei tão curto que ficou arrepiado... Desci fui até a tabacaria do Pedro
Honório, onde hoje está o ponto de táxi do Adejair. Ali comprei um maço de
cigarros Camel (naquela época eu fumava).
Às
16:30, o Nacional Expresso encostou no box, ali começaria a viagem... Na hora
de partir, três amigos foram se despedir... Selmo, os irmãos Nakayamas Aloisio
e Marilsa... Lembro-me dos três acenando quando o ônibus desceu a avenida... Na
manhã do dia seguinte, lá estávamos nós, eu a mãe e o pai com a Pepita na
coleira (ela também viajou...). O Tio João nos aguardava com seu Chevette cor
de creme... Eu louco pra chegar, pois queria ver a Fórmula Um, naquele tempo,
eu aficionado pelo esporte, é era o GP da Alemanha, que foi vencido por Nelson
Piquet.
Ali
muitas coisas aconteceram nos 12 anos que por lá passei... Outras tantas
histórias... (que ainda vou contar)... E,
em março de 1999, eu estava de volta... De volta pra casa, pois aqui acredito
que seja é o meu lugar... Quando perguntado se eu sou paulistano ou goiano,
respondo que sou uma “pizza de pequi”.