Fábio
Trancolin
Eu
adoro café, posso dizer que tenho verdadeira paixão por café. Essa bebida
mágica tem mais de 1200 anos, sua história começou no século IX em terras
africanas, ele se originou na Etiópia, foi cultivado no Sudão e também no
Quênia. Ele foi difundido pelo mundo através do Egito e depois pela Europa. No
princípio, pensavam que a palavra café originava de Kaffa que era o local de
origem da planta, a palavra vem qahwa que
significa vinho devido à importância que a planta passou a ter para o mundo
árabe. Em um conto sobre o líquido precioso, tem uma narrativa que fala sobre
um fanático religioso chamado Omar, ele foi expulso de Moca (Moca –
Fica no Iêmem é uma cidade
portuária, o mais antigo porto de exportação de café) e se refugiou nas
montanhas da Arábia. E nesse período que por lá, passou, provou alguns frutos estranhos que cresciam num arbusto. Como
eram amargos, ele tentou melhorar o sabor, tostando-os sobre o fogo. Isso os
tornou quebradiços, e ele tentou amolecê-los na água, e quando a água na qual
os grãos estavam imersos se tornou marrom bebeu e descobriu como aquilo era bom
e revigorante. Isso foi lá pelos idos do século treze. Muito antes disso, o
café crescia à vontade na Abissínia (Etiópia). São várias histórias sobre o líquido
idolatrado por milhões.
Na
minha casa, nunca faltou, ele sempre esteve presente. Quando era criança,
lembro que na cozinha, a mãe tinha uma lata cor de creme com a tampa marrom que
ela guardava o café e o açúcar era guardado numa lata com estampas de carros
antigos, elas, por muito tempo, estiveram por lá, nas mudanças que foram muitas,
elas se perderam.
Em
1974, eu tive a oportunidade de morar ao lado de uma torrefação, a casa ficava
na Rua Costa Gomes, esquina com Viela Jatai. E o nosso vizinho era o Café Rio
Verde que começou a sua história em 1958. A sua embalagem tradicional em papel
na cor vermelha e verde, naquela época não existia embalagem a vácuo, o café
era vendido moído ou você pedia para moer na hora. E todos os dias, no meio da
tarde, a torrefação do Senhor Gerson expelia um aroma agradável que perfumava a
parte baixa da cidade. Aquele cheiro invadia as narinas e aumentava a vontade
de saborear a bebida confortante e viciante. Nas casas das “senhorinhas” das
mãos maravilhosas que amassavam as suas quitandas, elas vinham acompanhadas
pelo ‘dono da tarde’.
Hoje,
ao sair do trabalho, eu passo pelas ruas que, naquela época, não tinham
asfalto, eram no cascalho. O cheiro que invadia o nariz era o café torrado e a
palha de arroz sendo queimada, ou a fumaça que vinha das fogueiras que as
lavadeiras faziam com a serragem e madeiras que elas buscavam na marcenaria do
ginásio, onde o pai tirava o sustento da nossa casa. Eu lamento, pois não é
esse cheiro que você sente hoje... Alguns dizem que é o cheiro do progresso, eu
dou outro nome...