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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Brincadeira de criança, como é bom.


Fábio Trancolin

Quando chegava o dia das crianças, sabíamos que íamos ganhar uma lembrancinha… mesmo que simples, mas ganhávamos… eram outros tempos, tanto era, que certa vez ganhamos “revolverzinhos” de espoletas, brincávamos de polícia e ladrão… era tiro para tudo que era lado… aqueles que morriam, “ressuscitavam” no final da brincadeira, mas tinha aqueles amigos ‘imortais’, que eram ‘inatingíveis’,  não era alvejado por nenhum tiro, todos que nele era disparado, ‘pegava de raspão…’ porém, quando a guerra era de mamona e torrão, não tinha como falar que não acertou, levou, levou mesmo… brincadeira de criança como é bom… como é bom… guardo ainda na lembrança, como é bom… Esconde-esconde, bola de gude, roda pião, stop, salva a bandeira (e outras tantas…)… descíamos a ladeira com o carrinho de rolamento, sai da frente…

As boas lembranças nos fazem viajar, nos leva a um período sem preocupação, pois, a única preocupação era que o dia estava acabando, e tínhamos que voltar para casa… as risadas eram soltas e verdadeiras… todo dia era dia de diversão, as lágrimas também existiam, escorriam, mas logo secavam… Se eu pudesse, viveria como criança por todos os meus dias, mas crescemos, e muitas vezes esquecemos da verdadeira essência.


Dizem que o verdadeiro sábio, é aquele que nunca deixa de se encantar com o mundo… sábio é aquele que pela vida inteira, sempre tem a alma de uma criança… Mesmo com o passar do tempo, a foto da RG não envelhece, é sempre a mesma, mas nós ao longo do tempo vamos ter o “idosamento” naturalmente, ao longo do tempo, as rugas e o branqueamento dos cabelos, por mais que você tente disfarçar, vai aparecer… porém,  alguns deixam que a crianças que habita o teu ser, também envelhecer… não deixe com que isso aconteça… brincadeira de criança como é bom… como é bom…





sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O parceiro chamado Rádio


Fábio Trancolin


Nas ondas do rádio, no chiado da estação, sintonia na madrugada de uma bela canção. O velho Motorádio, no peito fixado, às vezes nos ouvidos colado. Antes da Frequência Modulada chegar, ouvia-se, uma frequência que mexia com a emoção - OM/AM. Já ouviste essa frase, “música boa não envelhece…”, não, ela não envelhece e não se esquece. O parceiro da madrugada… O amigo, sim o amigo, o rádio sempre foi um amigo, que te informa, consola, te faz rir e chorar… encurtou distâncias, te proporcionou sentimentos inenarráveis na emoção da narração do gol na voz do locutor (principalmente  se o gol for do seu time…) e podendo escutar a famosa canção do Trio Esperança: “É gol… que felicidade… é gol, o meu time é alegria da cidade… Grandes narradores do rádio, Osmar Santos, José Silvério, Fiori Gigliotti…  as frases do imortal narrador Palmeirense, Fiori celebrizou frases como: "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo", "E o tempo passa…, torcida brasileira" ,  “aguenta coração!", "crepúsculo de jogo", "agora não adianta chorar" , "uma beleeeeza de gol!", "Um beijo no seu coração" e "fecham-se as cortinas e termina o jogo".


Poderíamos ter o inventor do rádio, o padre e cientista gaúcho, Roberto Landell de Moura (1861-1928), ele patenteou em 9 de março de 1901, um sistema fotônico-eletrônico, poderia então ele ser o inventor do rádio… Landell, depois de até mesmo ter conseguido obter patentes de sua invenção nos Estados Unidos, o padre brasileiro responsável por fazer em 1894 (dois anos antes de Marconi) uma expe­riência pioneira de radiodifusão – mas que acabou menosprezado pelos registros históricos, e teve que abrir mão delas,  não teve apoio do governo brasileiro na época. O Italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), patenteou na Inglaterra, em 12 de setembro de 1896, ficou com a fama… porém, muitos autores debatem se foi o italiano ou o austríaco Nikola Tesla o verdadeiro inventor do rádio no século 19, ignorando o brasileiro, trata-se de uma situação semelhante àquela que ocorreu com Santos Dumont e os irmãos Wright em relação ao avião…



No centenário da independência do Brasil, comemorado no dia 7 de setembro de 1922, uma estação de rádio foi instalada no Corcovado no Rio de Janeiro, acontecendo assim, a primeira transmissão radiofônica no país, o então presidente da República, Epitácio Pessoa, fez um discurso em comemoração a data. No ano seguinte, o médico Edgard Roquete-Pinto, inaugurou a primeira emissora de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Por esse feito, ele é considerado o patrono (Pai do Rádio no Brasil) do rádio no Brasil. Também é comemorado no dia 25 de setembro, o dia do Rádio no Brasil, em virtude do nascimento de Roque-Pinto nessa data.  


No início da década de 30, o rádio se tornou popular no país, devido ao preço que havia diminuído, e às emissoras que foram criadas.  Na Copa do mundo em 1938 o Brasil acompanhou as transmissões dos jogos, sediada na França, e ouvia as notícias dos temores da 2ª guerra na Europa. Muitas famílias passaram a se reunir para ouvir aos jornais, programas de auditório e radionovelas que faziam parte da programação das emissoras mais conhecidas. 

 

Nos anos 50, os televisores surgiram para concorrer com os rádios pela audiência. A novidade de um aparelho que transmitia imagem e som fez muitas pessoas acreditarem que os dias do rádio estavam contados, mas não foi isso que aconteceu. Por precisar de uma estrutura muito mais barata e simples, as rádios continuaram em alta e foram se adaptando à necessidade dos consumidores. Os aparelhos foram ficando cada vez menores e mais portáteis, dando a possibilidade de serem levados para diversos lugares. Com o passar dos anos, a relação entre homem e o rádio se tornou mais forte e, com o avanço da tecnologia, os carros passaram a ter os aparelhos instalados, acompanhando os motoristas durante todo o tempo dentro dos veículos. Assim, o amigo das madrugadas, de noites geladas, o radinho colado no ouvido, fez parte da vida de muitos… no romper da aurora ele despertou muitas famílias… Quem não se lembra da famosa frase “é o Zé Béttio…”


Amigo locutor toca aquela canção bonita que me fez sonhar… que me fez recordar, toca ela, mas deixa tocar para que possa gravar. A recordação da era do rádio, da sintonia na Difusora, a FM que quando chegou eu ainda estava na AM. Rádio América, do clube dos Reis (Elvis, Beatles, Bee Gees e Roberto…), Cidade, na melhor da hora… Metropolitana, Good Times… Os bons tempos do amigo, Rádio…   Bons tempos…  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



quinta-feira, 25 de junho de 2020

Livros, Bibliotecas e Livrarias…



Fábio Trancolin 

Quem gosta e tem prazer em fazer, sabe o que eu quero dizer… Cheirar livro novo, sentir o olor do seu interior… Pegar um livro, folheá-lo e depois cheirá-lo: Seu perfume, seus odores e seus amores… encantar-se pela capa, pela cor, tons, matizes… gostaria tanto de saber o que contas, o que tens a dizer… para onde vás, de onde vens e para onde me levarás… viajarei na tua imaginação, no teu tapete voador, sabe lá para onde eu vou, quem sabe Xangai, Shangri-la, Budapeste, Madrid ou a pequena Casa Branca no interior Paulista… becos escuros da velha Paris, nas mil e uma noites, nas fábulas contadas pelo escritor francês, ou quem sabe, um sábio chinês… Sentado na rede na cabana de um caboclo, bebendo cachaça em noite fria na beira de um rio… na imaginação, pode ser na taba daquele velho índio que eu conheci no Uruguai…             

O livro, o amigo livro, companheiro de cabeceira, escrivaninha, não tinha capa dura, era rolo, a história vem de longa data. Na antiguidade, nas terras do Nilo, no Egito Antigo, o antepassado dos livros foi grafado no papiro. Esses papiros foram concebidos há três mil anos antes de Cristo. O papiro deu à humanidade um dos principais instrumentos de seu progresso, o papel. O mais antigo exemplar escrito que se conhece é do final da I Dinastia (2920 a 2770 a.C.) formado por fragmentos do livro de contas de um templo de Abusir.

No final do século II da era cristã, começa a história da impressão sobre papel na China. Os chineses sabiam fabricar papel, tinta e usar placas de mármore com o texto entalhado como matriz. Quatro séculos depois, o mármore foi trocado por um material mais fácil de ser trabalhado, o bloco de madeira. Os mais antigos textos impressos que se conhecem são orações budistas. Foram feitos no Japão entre os anos 764 e 770; o primeiro livro propriamente dito de que se tem notícia apareceu na China em 868. O desenvolvimento da escrita deu novo salto no século XI graças a um alquimista chinês, Pi Cheng, que inventou algo parecido com tipos móveis – letras reutilizáveis, agrupadas para formar textos.

Prensa
No século XV, o processo de fabricação e divulgação dos livros sofreu um salto gigantesco com a invenção da prensa, desenvolvida por Johannes Gutenberg (1400 – 1468). Esse sistema de impressão foi o apoio necessário para permitir o acesso aos livros ao restante da população. O primeiro livro impresso por Gutenberg foi a Bíblia, processo que se iniciou cerca de 1450 e foi concluído em 1455. A partir daí, a popularização do livro ganhou força no mundo inteiro, ao longo do tempo foi considerado um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento. Os livros impressos com a invenção de Gutemberg disseminaram o hábito de ler e escrever e deixaram a cultura ao alcance das novas classes sociais. E nos 500 anos depois, o livro fez parte do mundo, trouxe conhecimento, ilustrou, formou, instruiu e construiu.
A Bíblia de Gutenberg
Ao longo dos séculos bibliotecas ficaram famosas com os seus acervos, durante quase três milênios, algumas delas entraram para história. No Século 7º século a. C., em Nínive, no Iraque, foi erguida aquela que é considerada a primeira biblioteca do mundo, ela guardava um acervo de 25 mil placas de argila com textos em escrita cuneiforme. A cidade de Nínive foi destruída em 612 a.C.

Placa de argila com texto em escrita cuneiforme.


No Egito, ficava a Biblioteca de Alexandria, provavelmente a mais importante da história. Acredita-se que a biblioteca guardava cerca de 700 mil rolos de papiro e pergaminhos, e que conservava as principais obras da antiguidade como documentos de Euclides, Arquimedes e Ptolomeu, entre outros, a biblioteca foi destruída por um ou vários incêndios. Alexandria era a cidade cultural mais importante entre os séculos III a.C. e IV d.C. Outra famosa da antiguidade, era a Vila dos Papiros, situada em Herculano, na Itália, acredita-se que ela pertenceu ao sogro de Júlio César. Ficava nas proximidades do vulcão Vesúvio, na erupção que devastou a região no ano de 79, ela foi enterrada pelas cinzas do vulcão.
Na Turquia ficava a Biblioteca de Pérgamo, na antiga cidade de Pérgamo (hoje Bergama), berço do pergaminho. Acredita-se que abrigava 200 mil volumes, entre eles os manuscritos de Aristóteles. Segundo consta, Cleópatra teria recebido todos os volumes da biblioteca de presente de casamento de Marco Antônio, transferindo-os para a Biblioteca de Alexandria.
Situada em Bihar, capital da Índia Oriental, localizava a Biblioteca da Universidade de Nalanda, considerada a universidade mais antiga do mundo. No local existiam três grandes bibliotecas, Ratnasagara, Ratnaranjaka e Ratnodadhi, que comportavam 9 milhões de volumes. A universidade foi erguida em 5 d.C., e destruída por um exército em 1193, restaram apenas ruínas.
A maioria dos clássicos gregos que conhecemos hoje, são graças às cópias originárias da Biblioteca Imperial de Constantinopla, situada na Turquia. Fundada pelo Rei Constâncio II entre 337 e 361 d.C., o lugar armazenou documentos dos antigos romanos e gregos por 1.000 anos após a destruição da Biblioteca de Alexandria. Ficava na atual Istambul, mas foi destruída na época das Cruzadas, no século XIII. Foi a última das grandes bibliotecas da antiguidade.
O Brasil é um adolescente em se tratando do velho mundo, temos pouco mais de 500 anos, mas também temos bibliotecas históricas. Fundada em 1582, na Bahia, a Biblioteca do Mosteiro de São Bento é a mais antiga do Brasil e reúne obras raras dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. A biblioteca foi tombada pelo Patrimônio Histórico Artístico Nacional, conta com um acervo de 60 mil volumes. No Rio de Janeiro foi fundada a Biblioteca Nacional, em 1810, ela teve início com o acervo trazido pela família Real em 1808. No acervo da biblioteca vale destacar um exemplar da Bíblia de Gutemberg. Em São Paulo na Rua da Consolação, localiza-se a Biblioteca Mário de Andrade, uma das mais importantes bibliotecas de pesquisa do país. Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo, é a maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior do país, superada, apenas, pela Biblioteca Nacional.
Para que esse presente, possa ter um lugar para presentear e ser presenteado, assim, nasce um lugar mágico, a livraria. As livrarias não são apenas lojas, ela é a porta de entrada para mundos diversos, um mundo paralelo, uma viagem a outras épocas, um convite a viajar no tempo, ter novas ideias, uma janela para espiar, romances ou desvendar mistérios.   
E nesse mundo encantando das livrarias, tem que ser enaltecido o nome da Livraria Bertrand do Chiado, localizada no bairro central de Lisboa, em Portugal ela está de portas abertas desde 1732. Quantas histórias ela tem para contar nesses quase 300 anos? Em 2011, foi reconhecida pelo Guinness World Records como a livraria mais antiga do mundo em funcionamento. Entre as livrarias maravilhosas pelo mundo temos uma bela lista, algumas delas que foram mencionadas nessa listagem, que vale a pena citar.

Livraria Bertrand do Chiado - Portugal

Livraria Bertrand do Chiado - Lisboa - Portugal

A Boekhandel Selexyz Dominicanen, na Holanda, em 2008 ela foi eleita a mais bonita do mundo. No local já abrigou uma igreja dominicana do século XIII, um armazém, até um estacionamento, mas por fim foi reformada para ser uma livraria, uma bela livraria. Na argentina, encontramos a Livraria Ateneo Grand Splendid, está na lista como a segunda mais bela do mundo. Em 1919, o edifício foi aberto como um teatro.  Atualmente, conta com 120 mil exemplares em seu acervo, um bar e um café compõe seu ambiente.

Livraria Boekhandel Selexyz Dominicanen - Holanda

Livraria Ateneo Grand Splendid - Argentina

Na Inglaterra em uma antiga estação de trem de 1887, está localizada a Livraria Barter Books, que abriu as portas em 1991, nasceu como um sebo para trocas de livros de segunda mão, no ambiente também tem um café. Em Barcelona, a Livraria Altair, especializada em viagens. Além de uma simples livraria, ela acabou se transformando em um espaço cultural dedicado as diferentes culturas do mundo. A livraria possuiu um extenso repertório de livros sobre viagens, guias e mapas em vários idiomas, e também oferece exposições.

Barter Books - Inglaterra 

Livraria Altair - Barcelona 

Paris, a velha Paris, tem um lugar que parece ter sobrevivido ao tempo, o visitante vai encontrar a Livraria Shakespeare & Company, fundada em 1919, outras duas compõem a lista, a Galiganni e Brentano´s. Desde 1906, na cidade do Porto, Portugal, está a Livraria Lello e Irmão, o visitante vai se encantar com a beleza do estabelecimento. No Brasil, tem uma livraria que chama a atenção e faz sucesso lá fora, localizada nos Jardins, mais precisamente no Jardim Paulista, a Livraria da Vila, na Alameda Lorena, em São Paulo. Quem entra em seus dois andares, encontra livros, filmes e música, claro uma cafeteria, café e livros tudo a ver. Temos outras espalhadas pelos cantos do mundo, no México a Cafebreria El Péndulo. Na Grécia berço da democracia e outras tantas histórias com seus pensadores, a Livraria Atlantis Books, em Santorini. A Rizzoli em NY, em Milão, 10 Corso Como, na Romênia encontra-se a Cărturesti Carusel.
Livraria Shakespeare & Company - Paris

Livraria Galiganni - França

Livraria Brentano´s - França

Livraria Lello e Irmão - Portugal

Livraria da Vila - São Paulo

Livraria Cafebreria El Péndulo - Mêxico

 Livraria Atlantis Books - Grécia

Livraria A Rizzoli em Nova York

Livraria 10 Corso Como - Milão

Livraria Cărturesti Carusel. - Romênia

Em Rio Verde, na esquina da Rafael Nascimento com a Itagiba Gonzaga Jaime, por cinquenta anos funcionou o Bazar do Livro… nas cinco décadas, muitas histórias ele contou, hoje ele não está lá para contar nada, é apenas história, de que ali um dia alguém contou história… As portas se fecharam, o mundo da imaginação, do faz de conta… acabou… Quantos títulos da Coleção Vaga-lume fizeram parte da adolescência… Coleção Elefante, o primeiro livro que eu li, fazia parte dela, ‘O menino que veio para ficar’… e ficou na memória, na história de alguém que contou…  O lúdico e o literário se foi… O cheiro de livro novo, alguém trouxe, tentaram mais uma vez, a magia com cheiro de café, por um tempo de portas abertas esteve, mas no meu aniversário do ano passo, o presente que eu recebi foi a notícia de que as atividades da livraria acabavam ali…