Uma viagem no tempo nos
leva a um passado não tão distante, mas repleto de memórias que moldaram a
identidade das cidades do interior, Rio Verde é uma delas, aqui também essa
história aconteceu. Nesse contexto, as antigas máquinas de beneficiar arroz
desempenharam um papel fundamental no comércio local, tornando-se parte
integrante da paisagem urbana ao longo das décadas.
O responsável pelo
invento das Máquinas de beneficiar arroz foi o engenheiro mecânico, nascido no
interior de São Paulo, em Piracicaba, Evaristo Conrado Engelberg. Evaristo teve
a ideia inicial em 1885, enquanto trabalhava na construção de uma roda d´água,
observando um grupo de escravos que trabalhava no descascamento de arroz em
pilões, principal método utilizado na época. Apanhando um punhado do cereal em
cascas e esfregando os grãos na mão, verificou que com a pressão, um tirava a
casca do outro. Voltando imediatamente à oficina, começou a trabalhar na
construção de um exótico aparelho que já estaria pronto no dia seguinte,
criando assim o primeiro descascador de Arroz de cilindro horizontal. O
beneficiamento do arroz consiste na retirada da casca e do farelo para a
obtenção do arroz branco para o consumo.
Em Rio Verde algumas
máquinas marcaram época, destaca-se a do Anésio, uma presença constante que
deixou sua marca na memória da comunidade. Outras tantas compuseram esse
cenário, foram muitas. Meu amigo Adval Gomes traz consigo uma tradição familiar
que atravessa gerações, envolvendo a comercialização e a limpeza do arroz. Em
um mundo em constante transformação, acredita-se que a máquina de Adval seja a
última remanescente desse tempo em Rio Verde. Sua família, ao longo dos anos,
preservou não apenas uma máquina, mas um legado de trabalho árduo e
comprometimento com a qualidade.
As idas às máquinas de
arroz eram uma rotina, na minha casa, também comprávamos de arroz beneficiado
na hora. Minha mãe, com a sabedoria característica, sempre fazia a pergunta
crucial, quando voltamos com os saquinhos de arroz na mão: "é arroz novo?
O novo virá papa..."
Ao mergulhar nas
lembranças, posso sentir novamente o cheiro distintivo que impregnava o ar e
ouvir o característico barulho da máquina em plena atividade. Sinto como se
pudesse reviver aqueles momentos ao fechar os olhos. O cheiro característico da
máquina de arroz impregnava o ar, enquanto o barulho incessante criava um
ambiente único e, por vezes, sufocante.
O ambiente ao redor
dessas máquinas era único. Sinto novamente o cheiro característico do arroz,
misturado com a poeira fina que pairava no ar enquanto a máquina trabalhava
incansavelmente. O barulho constante, um murmúrio mecânico que enchia o
ambiente, criava uma atmosfera sufocante. As antigas máquinas de arroz podem
ter sido substituídas por tecnologias mais modernas, mas a nostalgia daqueles
dias ainda ecoa, mantendo viva a essência de uma era passada.
Assim, essa viagem no
tempo nos conecta não apenas às máquinas de arroz do passado, mas também às
histórias e pessoas que as tornaram tão significativas. Em um mundo em
constante evolução, é importante lembrar e preservar essas raízes, que
contribuíram para moldar a identidade única de lugares como Rio Verde.
Ao refletir sobre essas experiências, percebo como essas máquinas eram mais do que meros instrumentos de trabalho; eram elos que conectavam comunidades, preservando sabores, aromas e memórias de uma época que, embora tenha passado, permanece viva em nossa nostalgia.
Uma viagem no tempo,
relembrando as máquinas de arroz de Rio Verde, é uma jornada que nos leva não
apenas ao passado, mas à essência de uma comunidade que se reinventa
continuamente enquanto honra suas raízes.