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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Houve um tempo...


 


Houve um tempo em que as pessoas valorizavam o contato humano de uma maneira singular. Era uma época em que se encontravam para colocar o papo em dia, não apenas virtualmente, mas pessoalmente, olhando nos olhos umas das outras, prestando atenção no que ela falava, não de cabeça abaixada fixando a tela de um celular. Era uma época em que as visitas não eram pautadas por interesses camuflados, mas sim pela genuína alegria de estar junto e de colocar o assunto em dia, quando se ouvia, “vamos entrar pra dentro”. Os cafés medrosos (ele sempre vinha acompanhado...).

A felicidade era medida pela qualidade dos relacionamentos que se desenvolviam de maneira única. Os gestos românticos eram uma arte refinada. Fazer serestas para conquistar corações, cortejar com elegância, enviar flores era uma expressão de afeto e, em meio a essa troca de emoções. Essas eram práticas comuns, carregadas de significado. As cartas, cuidadosamente escritas à mão, ganhavam vida, e a espera pela resposta acrescentava um toque de ansiedade e expectativa. As serenatas embalavam noites românticas, onde o cortejo se tornava uma arte elegante, “meu violão em seresta à luz de um luar, a natureza em festa, tudo parece cantar.”



As noites eram preenchidas pelo som das rádios em ondas curtas, sintonizando as baladas que resistem ao teste do tempo, provando que a música de boa qualidade não pode ser esquecida pelo tempo, a boa música é capaz de resistir ao modismo do momento. A música afinal, transcende momentos e permanece como uma trilha sonora atemporal, resgatando memórias e emoções que ainda ecoam em nossos dias. Era uma época em que a conexão era mais profunda, mesmo sem a instantaneidade das redes sociais.




A arte de fazer pamonha é um ritual que transcende o simples ato de cozinhar; é uma valorização à tradição, ao trabalho árduo e à comunhão entre pessoas. Hoje, é verdade, é mais simples encontrar uma pamonha no mercado ou na pamonharia da esquina. Mas por detrás desse ato de consumo fácil, há uma riqueza de significados que só aqueles que se aventuraram nos segredos da sua preparação podem compreender. Assim, a arte de fazer pamonha transcende o mero ato culinário. Isso também vale para o churrasco... O encantamento está na socialização.





Pode-se dizer que sou nostálgico, e com orgulho admito, sou nostálgico. Ao analisar o cenário atual em todos os aspectos, é inegável o avanço e desenvolvimento que experimentamos. Contudo, entre as inovações e conquistas, algo se perdeu. Os relacionamentos, outrora repletos de autenticidade, hoje muitas vezes cedem espaço à superficialidade. As mudanças são palpáveis, mas, no fundo do meu ser, encontro uma preferência pelo relacionamento autêntico e pelas experiências humanas genuínas.




Enquanto analisamos os aspectos atuais da nossa sociedade, percebemos que, embora tenhamos conquistado muito, algo se perdeu no caminho. Prefiro a simplicidade de outrora, onde o valor estava nas conexões humanas simples. Em um mundo que se move velozmente, às vezes, é bom relembrar e apreciar o que antes era considerado comum.


Pois, no final das contas, é nos relacionamentos verdadeiros e nas pequenas sutilezas que encontramos a essência da vida. A nostalgia não é apenas um lamento pelo que se foi, mas uma celebração da beleza única que existia naqueles momentos. Em um mundo que avança rapidamente, cultivar a essência da humanidade e a verdadeira conexão continua sendo uma escolha valiosa.

 






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