Como amante de fotos antigas, folheio o tempo em
preto e branco. Em uma delas, vejo o ano de 1924, transportando-nos para um
passado distante, onde rostos sorridentes, sérios ou pensativos contam
histórias envoltas no mistério do tempo. Nenhuma daquelas pessoas permanece
entre nós. Rostos tão cheios de vida, com expressões, histórias e sonhos... O
tempo, implacável, passou por elas como passa por nós.
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1924 |
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O tempo, sempre inexorável, levou seus corpos,
mas deixou impressa sua presença em pedaços de papel amarelos, eternizando
momentos de vidas que já foram. Assim é a vida: transitória. Logo seremos nós a
memória emoldurada, uma foto num porta-retrato, guardada com carinho por algum
tempo... até que, um dia, talvez sejamos esquecidos em um móvel qualquer.
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Essas imagens guardam um instante que já não
existe, e nós, um dia, seremos apenas mais uma sombra no álbum da eternidade. O
ciclo da vida nos ensina a impermanência, mas também nos lembra que, enquanto
estamos aqui, podemos ser presença, história, e afeto na vida de alguém.
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Em um piscar de olhos, o presente se transforma em
passado. Nós, que hoje contemplamos essas fotos, seremos um dia uma imagem
emoldurada, talvez relacionada a um porta-retrato empoeirado, parte da memória
de alguém. Até que, com o tempo, essa lembrança também se apague, esquecida em
um canto de uma sala silenciosa.
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Mas esta reflexão não é apenas sobre o
esquecimento. É um lembrete sobre a urgência de viver intensamente, de deixar
marcas profundas em nossos gestos, em nossos afetos e em nossas realizações.
Pois, mesmo que as fotografias desapareçam e nossos nomes se percam no tempo,
as ações que praticamos e o amor que compartilhamos podem ecoar por gerações,
muito além de nossa presença física. As fotos antigas nos convidam a lembrar
que o tempo é efêmero, mas o que fazemos com ele pode ser eterno.
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Meu pai quando completou 80 anos, em janeiro de
2021, no mesmo ano que ele foi embora, voltou para o Plano Maior, ele nos
deixou essa frase, ‘demorou, mas passou rápido...’ Essa frase do meu pai é de
uma sabedoria profunda, refletindo a brevidade da vida e como o tempo parece,
ao mesmo tempo, lento e rápido. É uma bela síntese de como vivemos, muitas
vezes esperando, e quando olhamos para trás, percebemos o quanto tudo passou
depressivo. Ele deixou uma mensagem que toca o coração e nos faz refletir sobre
a importância de valorizar cada instante.