A geração de 50 e 60 anos está, de fato, à beira
da extinção. Uma geração que testemunhou e viveu transformações profundas na
sociedade e na tecnologia. Essas pessoas enviavam e recebiam cartas com emoção,
esperando ansiosamente a chegada do carteiro, trazendo notícias de terras
distantes. O telefone fixo era um luxo, e muitos de nós usávamos fichas que
duravam apenas três minutos para conversar (eu tenho apenas três minutos). lembramos
das cartelas de fichas, essenciais para trabalhar, namorar e manter contato com
amigos e familiares. A lista telefônica, hoje esquecida, era uma ferramenta
necessária para localizar pessoas.
Essa geração se orgulhava de seus cursos de
datilografia, pois um diploma dessa área era a chave para um bom emprego.
Gravamos músicas em fitas K7 diretamente da rádio, torcendo para que o locutor
não interrompesse no meio da canção. Ir à locadora de vídeo nas sextas-feiras era
um evento: alugar mais de cinco fitas feitas uma maratona de filmes, sempre
lembrando de rebobinar antes de devolver.
Usávamos jeans USTOP, calçávamos Kichute e Bamba, símbolos de uma época em que moda e simplicidade andavam lado a lado. Gastávamos horas jogando fliperama, e a venda da esquina era um paraíso verdadeiro de guloseimas. Quem não sonhou com uma bicicleta Caloi? E os álbuns de figurinhas de chiclete que sempre tiveram uma figurinha rara que nunca aparecia?
Colecionamos tampinhas de refrigerante para trocarte por miniaturas, construímos carrinhos de rolimã, o que muitas vezes terminava em dedos esfolados. Jogávamos futebol descalços, e o famoso "mertiolate que ardia" era um pesadelo para os ferimentos. Nossa infância foi embalada pelos programas de TV que marcaram gerações: "Sítio do Pica Pau Amarelo" (1977), "Vila Sésamo" com Garibaldo, Ênio e Beto, "Terra de Gigantes", "Túnel do Tempo", "Perdidos no Espaço ", Mundo Animal e Disneylândia, "Os Waltons", com clássica frase "boa noite, John Boy". Assistimos a todos os desenhos de Hanna-Barbera, e com eles construímos memórias que carregamos até hoje.
A geração dos anos 80 carrega um charme nostálgico e uma riqueza cultural que continua a ser lembrada com carinho. Foi uma época em que as pessoas, especialmente quem soube aproveitar o momento, viveram intensamente, sem a pressa digital de hoje. Quem cresceu nessa década aprendeu a apreciar as pequenas alegrias: a emoção de esperar por um novo álbum musical, o prazer de jogar bola na rua, o fascínio por seriados e filmes na TV aberta e, claro, as conversas longas e sem interrupções tecnológicas.
Essa geração soube se adaptar. Muitos viram o
surgimento dos computadores e a transição para a era digital, mas não perderam
a essência dos detalhes simples, como um encontro com amigos ou a sensação de
colocar um LP para tocar na vitrola. O passado tem raízes profundas, e a
adaptação ao novo foi vívida com serenidade, sem deixar de lado o que é
essencial.
Acima de tudo, essa geração carrega uma avaliação
especial pela vida, algo que transparece na forma como lidar com as mudanças.
Sabem que, em meio à velocidade do tempo, são nas pequenas coisas que residem a
verdadeira felicidade – algo que nunca envelhece. Uma geração que soube viver,
adaptar-se e, acima de tudo, apreciar os pequenos detalhes da vida. É uma
geração que está à beira da extinção, mas que deixa um legado de simplicidade,
criatividade e uma nostalgia carregada de valor por tudo o que viveu.