Entre os muitos filmes que guardam com carinho,
há um que ocupa um lugar especial: Meia-Noite em Paris. Muitas vezes
me vejo refletido em Gil Pender, o personagem nostálgico e sonhador que,
vagando pelas ruas encantadas de Paris, se encontra transportado a eras
gloriosas que o fascinam. Como ele, sinto uma atração irresistível por tempos
que nunca vivi, mas que refletem dentro de mim, principalmente das décadas de
50 e 60, transmitidos de uma magia quase tangível.
Filme: Meia-noite em Paris |
Enquanto Gil se perde nos encantos dos anos 20,
meu coração pertence aos anos 50 e 60, épocas que meu pai descrevia com um
brilho nos olhos. Ele sempre me contou que o final dos anos 50 era único,
especialmente 1958, quando a juventude parecia conquistar o mundo. Lambretas
coloridas cruzavam as ruas ao som vibrante do rock and roll, de Bill Haley, Elvis Presley,
Chuck Berry e Little Richard. Era uma época que pulsava com descobertas,
mudanças e uma rebeldia contagiante.
Meu Pai... |
E então veio os anos 60, carregados de um ritmo próprio, embalados pela energia dos Beatles, Bee Gees e pela intensidade de Janis Joplin. Imagine como seria testemunhar o Clube da Esquina florescendo em Minas Gerais, sentindo na pele a inovação daquele momento. Em 1965, o programa Jovem Guarda dava voz a Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, traduzindo o desejo de uma juventude que ansiava por mais. Havia também os festivais da canção, que iluminavam sonhos e expressavam novas ideias.
Essas décadas são caracterizadas não apenas pela música, mas pela moda, atitude e pelos ícones que as marcaram: as minissaias, o charme das normalistas, a presença inesquecível de Marilyn Monroe e a rebeldia de James Dean. Penso que, se pudesse retornar a esses anos dourados como Gil, eu buscaria essas ruas e melodias que se tornaram parte de mim.
Se tivesse a chance de voltar no tempo, exatamente como Gil, seria para lá que desejaria ir. Talvez uma parte de mim tenha pertencido a esses anos dourados, onde a música, os encontros e a efervescência cultural tornaram tudo inesquecível. Esses "anos dourados" vivem em mim, e são nessas lembranças de um passado idealizado que eu retorno sempre que posso.