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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Entre épocas e reflexões




Era uma tarde qualquer, dessas em que o tempo parece se arrastar, e eu me peguei dialogando comigo mesmo, como tantas vezes faço. A vida, com suas nuances e complexidades, sempre me leva a questionamentos profundos. Afinal, tudo está dentro da lógica e do momento certo, não é? Nada está errado ou fora do lugar. A possibilidade de crescimento e evolução espiritual é o que nos guia, e assim a vida segue seu curso.





Sinto-me um privilegiado. Nasci no final da década de 60, uma época vibrante, repleta de mudanças e descobertas. Tive a oportunidade de ser criança nos anos 70, quando a simplicidade permeava o cotidiano, sem cobranças. Lembro-me dos jeans USTOP, dos Kichutes e dos tênis Bamba. Foi um período em que uma geração valorizava a essência das coisas. A liberdade de brincar nas ruas, as tardes ensolaradas e os sonhos que pareciam infinitos. Ah, a inocência, como era bom!




Entretanto, em meio a essas memórias, surge um desejo curioso: gostaria de ter nascido 30 anos antes, em 1938. Pode parecer uma loucura, mas não é. Imaginar-se no final da década de 30 é como abrir um portal para um mundo repleto de efervescência cultural. Teria testemunhado o nascimento do rock, a explosão de sons que mudariam para sempre a paisagem musical. Elvis Presley e os Beatles trouxeram um novo significado à música e à juventude. Ter feito parte dos anos dourados, um período marcante na história do Brasil, especialmente durante a década de 1950, seria uma experiência intensa. Meu pai viveu essa época, ele me disse certa vez, ‘foi algo maravilhoso e nada se compara aos anos 50’.



A conquista do campeonato mundial de 58, um marco que uniu corações e nações em torno de uma paixão. As músicas que ecoavam pelas ruas, as mudanças no comportamento, a moda que refletia uma nova era. Ah, como eu gostaria de ter vivido tudo isso! Sentir a adrenalina de uma época em que tudo parecia possível, onde a arte e a revolução caminhavam lado a lado. Lambreta e jaqueta, cuba-libre e namoro na esquina após a saída da escola, já são quinze para as sete...





Contudo, ao refletir sobre esses desejos, percebo que cada época tem seu encanto, suas dores e suas alegrias. O que realmente importa é como aproveitamos o presente, como nos conectamos com o que nos rodeia. O passado é uma fonte de inspiração, mas é no agora que construímos nosso futuro.





Assim, sigo dialogando comigo mesmo, questionando e respondendo, buscando entender meu lugar no mundo. A vida é uma jornada repleta de histórias, e cada uma delas merece ser vivida com intensidade. Se eu tivesse nascido em 1938, teria uma nova perspectiva, mas a verdade é que sou grato por tudo que vivi e por tudo que ainda está por vir. Um ponto interessante, nessa viagem, hoje eu teria 86, já estaria me preparando para fazer a viagem, cumprir com o único fato certeiro nessa vida,  porque tudo o que é vivo, morre. Partir levando somente o que a consciência fez, pois o material, o vil metal, ficaria guardado nas prateleiras da memória, quem sabe um dia, alguém contaria essa história.

  



E assim, entre reflexões e memórias, sigo meu caminho, ciente de que cada momento é uma oportunidade de crescimento e evolução. Afinal, a vida é um presente que se desdobra em infinitas possibilidades, e cabe a nós aproveitá-las da melhor maneira.


Meu PAI!





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