No dia 19 de março, celebramos o Dia do Marceneiro, uma profissão nobre e cheia de significado. Foi esse o ofício de José, pai de Jesus, e também do meu pai. Através dessa arte, ele nos criou, nos educou e nos ensinou valores que dinheiro algum pode comprar. A marcenaria não o tornou rico, mas foi com ela que nos sustentou e nos formou como pessoas.
Lembro-me bem das palavras da canção de Roberto Carlos: “Meus irmãos à minha volta, e meu pai sempre de volta, trazia o suor no rosto, nenhum dinheiro no bolso, mas trazia esperanças...”. Foi assim que crescemos, com cheiro de serragem e verniz impregnado em nossas memórias, em cada móvel construído com dedicação e amor.
A marcenaria sempre fez parte de nossa vida. Meu irmão mais velho seguiu os passos do nosso pai e manteve viva essa arte, que transforma simples pedaços de madeira em obras de utilidade e beleza. Eu deveria ter aprendido mais sobre esse ofício tão especial, onde o torno, o formão, a serra circular e a serra de fita moldam não apenas a madeira, mas também histórias e legados.
Mogno, cerejeira, imbuia... às vezes, a nobre castanheira. Peroba-rosa, cedro, jatobá e o magnífico jacarandá. Meu pai conhecia cada uma dessas madeiras como quem conhece velhos amigos. Curiosamente, ele carregava no próprio nome a essência da sua arte: Nogueira. Uma madeira de lei, resistente, durável, de tom escuro, assim como a firmeza e a força que ele sempre demonstrou.
Hoje, ao lembrar desse legado, percebo que a verdadeira riqueza não está no dinheiro, mas nas marcas que deixamos no mundo e nos corações de quem amamos.
Aos marceneiros, artistas da madeira, que fazem do seu ofício um ato de amor e criação, deixo minha homenagem e gratidão.