Quando fiz sete anos, fui para a escola. O ano era 1975. Ali começava minha caminhada pela cartilha do saber — sem nem mesmo entender o que eu queria saber ou ser. As preocupações eram outras. Eu só queria brincar e aprender. Simples assim. Só isso. Cinco décadas se passaram, e aqui estou eu, em 2025.
Naqueles anos mágicos... quando eu anotava as datas
no canto da folha do caderno, imaginava como seria viver nos anos 2000. Eu teria 32. Como seria? O que seria?
Onde estaria? Diziam que os carros estariam voando... Na minha cabeça de
criança, embalado pelos traços de Hanna-Barbera e pelo um dos meus desenhos
favorito — Os Jetsons —, o futuro era feito de cidades suspensas e
automóveis flutuantes. Pois bem… 25 anos depois, continuo esperando pelo voo...
Os setembros passaram... vieram e se foram
trazendo as chuvas da primavera. Fui eu quem, em noite fria, se sentia bem. Eu
amo as manhãs de setembro... A alma que sente, que lembra — que busca, que
revive e que se lembra.
Com o tempo, a gente muda. A idade nos
ensina a ver de outro jeito, a pensar de outro jeito, a analisar de outro
jeito. Agora, enquanto escrevo estas linhas, ouço nos fones uma canção que
embalou noites e madrugadas no velho rádio AM. Tocava em 1982. Toca até hoje.
Está na minha playlist: Classic, de Adrian Gurvitz. Ela começa assim: “Got
to write a classic...” — “tenho que escrever um clássico”. Tenho
que escrevê-lo e enviá-lo imediatamente. E, falando em clássico… percebo que
não estou apenas envelhecendo: estou me transformando em um Clássico.
E talvez eu tenha feito isso. Talvez eu tenha
escrito meu próprio clássico, sem perceber.
Nos sonhos que vivi, nas histórias que contei, nas memórias que guardei. Nos
momentos de que participei. Porque... sim... eu conto histórias. E elas me
contam de volta quem eu sou. Porque eu conto histórias. E essas histórias... de
algum jeito... contam de volta quem eu sou. Chegou os 57 anos... Eu não estou
envelhecendo. Estou me tornando um clássico.