Estação Rodoviária |
Chegar e partir são os dois lados da mesma viagem. Quantos
daqui partiram e quantos por aqui chegaram. Passei muito por ali, ela era
simples, não vou dizer que era aconchegante, mas ela tinha lá os seus encantos.
Do lado da Presidente Vargas, ficavam estacionados os táxis geralmente os “corcéicinhos”,
aquele que deixou o Raul Seixas feliz, ele comprou um 1973. Do outro lado, algo
diferente as charretes (carinhosamente chamadas de balainhos de putas) e seus
condutores, elas faziam sucesso, lembro-me do Tio Zé que veio de São Paulo em
1978 e achou aquilo um barato “táxi charrete”, fez questão de ser conduzido por
uma daquelas... Os bares de rodoviária de interior com vidros embaçados e
cheiro dos salgados fritos invadiam o ambiente... Carninha, pão de queijo,
pastel com Guaraná Mineiro, Mirinda ou Crush... Humm “Trem bão”!
Na
rodoviária, tinha o salão do barbeiro João que era irmão do Domingos Sabino
mais conhecido no mundo artístico como Amaraí (Belmonte & Amaraí) da famosa
música “Saudade de minha terra” (Goiá e Belmonte) que já vendeu mais de
1.650,000 cópias e é um hino sertanejo. “De que me adianta viver na cidade. Se a felicidade não me
acompanhar, adeus paulistinha do meu coração, lá pro meu sertão eu quero
voltar...”. Também, tinha o Bazar
Jerusalém, o proprietário era o Seu Munir Abdallah que veio da Palestina. Ali
vendia as lembrancinhas para quem ia, e para quem chegava e um monte de coisas
mais e, também tinha a generosidade do ‘turco ou libanês’ naquela época não
fazia diferença o que valia era a receptividade do bom amigo Munir.
Estação rodoviária década de 70 |
A estação ficou ali por quase vinte anos, foi na gestão do prefeito
Paulo Campos que ela foi instalada naquela área, dizem que as pessoas comentavam
“a rodoviária foi lá para cima não tem nada lá...” Antes disso, os ônibus saíam
de alguns pontos da cidade. E, 1983, a história se repete, nova estação é
inaugurada pelo prefeito Iron Jaime e, também, não tinha nada naquele ponto da
cidade...
Quem chega a Rio Verde e desembarca na estação vê o busto de
bronze preservando a memória do empreendedor do transporte. Na década de 40, a jardineira de Nego
Portilho transportava os passageiros e malas-postais. E em homenagem a Epaminondas Portilho, o
pioneiro da primeira linha de ônibus da região, a rodoviária recebeu o seu
nome. Essa foi uma justa homenagem.
Epaminondas Portilho o pioneiro da primeira linha de ônibus da região |
“Todos
os dias é um vai-e-vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega pra
ficar, tem gente que vai pra nunca mais, tem gente que vem e quer voltar, tem
gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a
chorar. E, assim, chegar e partir...”.