Fábio Trancolin
Praça Marechal Castelo Branco década de 70 |
Cada cidade tem lá a sua pracinha que encantou e marcou a
infância, e comigo não foi diferente. Não esqueço o “tabuleiro” da Praça
Castelo Branco, ela tinha como marca registrada o paredão quadriculado, e com o
passar dos anos ela se transformou, nem o nome não é mais o mesmo. O chafariz,
as luminárias nas manilhas era um encantamento diferenciado descer correndo
pulando sobre elas... A pedra grande está lá até hoje. Quantos namoradinhos
sentaram ali para tomar sorvete e conversar? É naquela época conversávamos nas
pracinhas.
Bem próxima a ela ficava o Cine Bagdá, praça, cinema, tudo de
bom... E, um pouco mais a frente ficava o Bar do Zé da Vitamina com suas
iguarias inesquecíveis. Você que não teve a oportunidade de conhecer o doce de
creme do Zé da Vitamina, eu lamento... (nesse momento me veio na memória o
gosto)... É algo indescritível...
Lembro que juntávamos garrafas e vendíamos para que pudéssemos ir
ao cinema e depois no bar do Zé, quantas garrafas juntamos... Primeiro filme
que assisti no cinema foi Homem Aranha, interessante que a primeira vez que o
meu filho foi ao cinema, o filme também era Homem Aranha, o nome do cinema já
não era o mesmo (tinha mudado para Cine Regente), mas, o lugar era. Não teve o
doce de creme, o Zé já tinha partido para o Plano Espiritual...
E falando em cinema, como era bom passar na porta para ver as
fotos dos filmes que entrariam em cartaz, os proibidos para menores de 18 anos,
mexiam com o imaginário da molecada. Foram bons filmes... Os do ‘Mazzaropi’ e ‘Trapalhões’
era sucesso certo. E, também, teve “Igrejinha da serra”, o grande sucesso rio-verdense
do cineasta, produtor, ator e sonhador Alberto Rocco. Recordo-me de uma sessão em que fui com a turma da escola, ver um
filme francês, não me recordo o nome, lembro-me de algumas cenas... O que
marcou naquela noite, foi ter sido convidado pela bela da escola pra sentar ao
lado dela... Como ela estava linda numa calça preta... Foi uma bela sessão...
É bom recordar, faz bem, ainda mais quando se teve uma infância
maravilhosa, sem poluição, neurose e cobrança... Não tínhamos guerras, tínhamos
batalhas de “torrão” e de mamonas... Disputa só se for de Bilboquê (meu pai fez vários de bola, sino e
quadrado) e de finca (você sabe o que é jogar finca?), alguns não vão saber do
que eu falo... Outros com certeza, vão lembrar e se emocionar.
Sentir saudade faz parte da vida e eu sinto
saudades da minha infância, sim, sinto falta do passado, do presente, e lembrando o passado vou
apostando no futuro, que, provavelmente, não será do jeito que eu penso que vai
ser.