Fábio
Trancolin
Hoje
lembrei a época do álbum de figurinhas que não completava de forma alguma, cada
página tinha um eletrodoméstico ou utensílio, se completado você ganharia. TV,
bicicleta, gravador, fogão, geladeira, faqueiro e jogo de panelas. Nunca vi
alguém ganhar, ficávamos doidos comprando saquinhos e mais saquinhos, e nada de
sair a desejada, a página praticamente completa e faltava aquela. Mas era
legal, no tempo da inocência, essa era a malandragem e a maneira de enganar a
boa fé da meninada, que corria atrás do carro com ferro velho para trocar pelos
álbuns. A época das tampinhas que sempre tinha uma novidade. O guaraná Mineiro
trouxe uma coleção de aviões de guerra, lembro que teve uma festa no Colégio
Martins Borges, e venderam só o “Mineirinho”, e todas as tampinhas foram
jogadas nos fundos do colégio, eu fiz a festa. Mas, com o tempo, elas sumiram.
Na Copa do Mundo de 1978, lançaram a coleção com os jogadores, no tempo em que
todos jogavam no Brasil, e juntávamos aquele monte de tampinhas...
Teve
uma coleção da Coca-Cola, era chamada Bingola,
pegávamos as cartelas no distribuidor, e íamos colando as tampinhas até
completar, e depois você ia até o depósito e trocava pelas miniaturas dos
personagens Disney. Lembro que eu e o meu irmão íamos até o armazém que ficava
ao lado de casa, onde o pai tinha conta e comprávamos o refrigerante (todos os
dias, até que o proprietário avisou para o pai e ele pediu pra suspender a
entrega) e pedíamos para anotar, era frustrante quando abria a tampinha e era
repetida. Mas sempre tinha alguém para trocar, eu tinha muitos amigos que
também colecionavam.
Outra
coleção legal que teve naquela época foi o Futebolcards,
ela trazia a foto do jogador e no verso o currículo dele. Cada envelope
trazia três figurinhas e um chiclete (muito ruim por sinal), era maravilhoso ir
até o armazém e abrir cada envelope. No aniversário do Mário, ele ganhou uma caixa
fechada, não me lembro, mais era em torno de cinquenta envelopinhos que vinham
na caixa. Depois ele comentou “Pô, cara, vieram muitas repetidas, não foi
vantagem” o certo era comprar em vários lugares diferentes. Eu comprava na
maioria das vezes, no mercado velho, no armazém do João Quito. Tinha aqueles cards que era muito difícil de
encontrar, tinha o cartão de controle e por ali você sabia quem eram os
jogadores daquele time que estava faltando. Eu estava no Bairro Popular com o
pai, estávamos numa venda, e vi no balcão que tinha para vender os envelopes,
pedi e ele me deu uns trocados, comprei só um envelope, e quando abri para
surpresa lá estava o Zico (Não gostava e não gosto do Flamengo), mas o Artur Antunes Coimbra era diferente,
fiquei muito feliz, eu era um dos poucos que tinha. Certo dia, eu fiquei puto da vida com o meu irmão, certa vez,
ele trocou o Kleber do Cruzeiro por um litro de jabuticaba... As tampinhas não
têm mais, se perderam com o tempo, os cards
estão guardados. As figurinhas de chiclete só ficaram as da Fórmula 1, e um
álbum que completei e sinto muito tê-lo perdido foi o da Copa do Mundo de 82.
Guardar na memória é bom, mas ter no fundo da gaveta é melhor ainda.