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terça-feira, 27 de maio de 2014

Cheiros e sabores


Fábio Trancolin

Os sabores da época de criança e seus cheiros inconfundíveis eram uma mistura de tudo o que há de bom e gostoso. Em outras crônicas eu relatei cheiros, gostos, lugares e aromas que fizeram parte da infância e que não saem da memória. Já falei do Zé da Vitamina, dos armazéns e doces que eram vendidos em seus balcões e baleiros, já comentei das maçãs do amor da Pecuária. Dos salgados e rosquinhas dos “japonês”. 'O “Ligeirinho” e os seus salgados tem que ser citado, no vai e vem, com a bacia na cabeça, lá vai ele de havaianas sobe que desce e desce que sobe. Vale também lembrar o caldo do “Biras Bar”, quando ele era ali em frente aos Correios, no final de tarde, as mesas e cadeiras eram procuradas pelos apreciadores do mocotó. 

Na foto Weber (Bar do Weber) e Webinho. Rua Gumercindo Ferreira
Outros cheiros inesquecíveis eram os das padarias, tenho que falar de três que estão gravadas na lembrança de todos os que tiveram a oportunidade de saborear algumas iguarias em seus balcões, a Padaria Natal, que ficava ali onde está o Itaú na Rafael Nascimento, e a Flor do trigo que ficava na esquina da Costa Gomes com Coronel Vaiano, a Padaria Universo na Presidente Vargas, era um aroma que invadia narinas e te convidava a entrar. 

No lado direito da foto esta a Padaria Natal 
Quando a buzina tocava e ele gritava, “oh o picolé e juju”. Moedinhas eram ajuntadas e corriam atrás dos “picolezeiros”, os do Bar da Terezinha (o bar era na descida do Demolício de Carvalho esquina com a Rua Rui Barbosa) e os da Sorveteria Brasinha (era ali na Augusta Bastos). Era uma delícia o creme holandês, e o coco queimado. Nas portas de escola, e nas ruas se ouvia a buzina ao longe te chamar, vem experimentar... Muitos amigos empurraram os carrinhos que eram abastecidos até a tampa, eles saiam percorrendo as ruas da cidade que não era tão grande assim, logo chegavam ao fim dos seus limites, mas tinham aqueles que ousavam ir bem longe, lá pelos lados do Posto Horizonte que era longe “pra caramba” a disputa era boa, mas todos vendiam muito. 


Mas tem dois sabores que quem experimentou jamais esqueceu o picolé de groselha e o sorvete de ameixa do “Bar do Weber”. Por muitos anos, ele ficou instalado na Praça Rodrigues de Mendonça (hoje é a Perfil Contabilidade), ali era ponto de encontro, frequentei muito ali. Depois ele mudou para a Rua Gumercindo Ferreira, e eu continuei frequentando... São coisas que você não esquece, “tudo que vai, deixa o gosto, deixa as fotos, quanto tempo faz... Deixa os dedos, deixa a memória... “ Como é bom lembrar, recordar e sentir saudades...  Como diz o escritor alemão Patrick Süskind, “O aroma é um irmão da respiração ele penetra nas pessoas...”.





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