Fábio
Trancolin
“Eu me lembro com saudade o tempo que
passou, o tempo passa tão depressa... Jovens tardes de domingo, tantas
alegrias... “ E a nossa alegria nos domingos era
acompanhar o pai numa partida de futebol, à tarde, lá íamos nós rumo à Vila
Amália para assistir aos jogos do Verdão do Sudoeste. Era um programa para a
família, o marido levava a mulher e os filhos. Arquibancada só de um lado, do
outro era terrão. Uma parte coberta a outra não, mas isso não interessava
muito. O bom era o jogo. Picolé e “juju” dos carrinhos “Brasinha” e do Bar da
Terezinha, amendoim, laranja que com certeza era “arma” na mão de alguns...
Arquivo: Aires Humberto |
Na
orelha o “motorádio” sintonizado na Difusora AM, Mauro Moraes narrava, e outros
comentavam, entre eles Luiz Braz e o professor Antônio Edson. Na década de 70,
íamos ver o alviverde nos grandes embates contra os grandes da capital, e a
rivalidade contra a Jataiense. O estádio sempre lotado, naquela época, a
população comparecia, era gostoso estar presente, às vezes atrás dos gols com a
cara no alambrado. Certa vez, estava atrás do gol da entrada e a bola ficou
quicando dentro da área e o Chatuba numa pancada estufando as redes onde eu
estava... Era maravilhoso ver o esquadrão alviverde subindo as escadas do
vestiário, entravam de camisa verde, calção e as meias na cor branca. Tínhamos
o Chatuba, Toninho Xerife, Radar, Chundí, Palito e o Mug, no gol o Serginho,
foi uma pena esse time não sagrar-se campeão, chegou próximo em 77, deu Vila.
Em
1978, teve um grande jogo na cidade, o Flamengo veio jogar na cidade foi um
amistoso, na escalação do time carioca só faltou o Zico, estavam presentes
Cantarelli, Ramirez, Rondinelli, Junior, Carpegiani, Adílio e Tita... O jogo
ficou 0x0, porém o time de preto e vermelho tomou um sufoco do Verdão do
sudoeste, o Mug e Radar infernizaram no ataque, só faltou o gol, teve um lance
que tinha endereço certo, já tinha passado pelo goleiro, Junior Brasília salvou
em cima da linha, o que seria o gol da vitória do Rio Verde. Eu assisti ao jogo atrás do gol, que hoje
fica do lado do Ginásio Jerônimo Martins. Naquela tarde, o estádio ficou
lotado, não éramos flamenguistas como muitos ali não eram, porém era um grande
time com jogadores de seleção, tinham que ser prestigiados e foram.
Na
década de 80, o time já não encantava mais como os dos anos anteriores, mas,
mesmo assim, íamos ver o Verdão, tinha o Miro o ‘goleiro Voador’, Pavão,
Gercival, Soares, Wagner Isidoro, Gaúcho e Serginho Leão no ataque. Íamos
porque gostávamos de futebol, teve vez que, nas quartas-feiras, matávamos aulas
e saímos do Colégio do Sol para ir ao estádio ver o time. Lembro-me do cheiro
de estádio com a fumaça do churrasquinho misturado com cheiro de explosão de
rojão. Já assistimos jogos ensopados pela água da chuva. Já vi sopapos entre
torcedores adversários, principalmente, os de Jatai, era encrenca na certa.
Eles colocavam uma abóbora na ponta de vara e balançava, isso era um afronta
para os torcedores de camisas verdes. Certa vez, o Martinho (Grande amigo da
família que já voltou para o Plano Espiritual) picou uma abóbora no tiro,
tempos em que andar armado não era considerado crime, ele sempre tinha um “Três
oitão” na cintura... O torcedor abaixou a vara e sumiu...
Os
anos passaram, o Esporte Clube Rio Verde, já não é o mesmo dos tempos que
encantava, naquela época só o símbolo no lado esquerdo do peito, a camisa sem
patrocínio, o que valia era a raça e determinação, o coração na ponta da
chuteira, isso nos dava emoção, e galera vinha ao delírio pendurada no portão.
Fiquei muitos anos sem ver o Alviverde, e fiz como o meu pai, levei o filho
para ver o Verdão, em um jogo da segunda divisão entre os times da cidade, a Associação Atlética Rio-verdense, de
azul, branco e vermelho, estranha sensação, nós torcemos pelo de Verde e
Branco, placar elástico 5x3 para o Verdão. Na estreia do Goianão de 2012, eu
fui como imprensa, colete laranja, era a primeira vez que estava do lado de
dentro do campo, ali na beira do gramado, no primeiro jogo derrota para o “Dragão”
4x2, prestigiei o jogo contra a Anapolina, empate por 1x1, depois não voltei
mais no estádio. Perdeu aquele encanto de jogo de domingo à tarde em que
torcíamos com verdadeira paixão.