Fábio Trancolin
Estamos no clima
contagiante da copa do mundo, porém ela não me contagia como nas copas
anteriores. Em 1974 o ano que a
televisão chegou à minha casa, em consequência da copa do mundo que naquele ano
foi realizada na Alemanha. Pouco me lembro dela eu tinha cinco anos, lembro-me
do pai torcendo, não havia muito interesse para que eu me sentasse no sofá para
ver jogos.
Quando veio a copa da
Argentina em 1978, as coisas estavam diferentes, eu adorava futebol,
colecionava figurinhas e amava jogar futebol, a quadra era o meu mundo e nada
mais. Lembro-me dos jogos, da convocação, todos jogavam no Brasil, tinham representantes
de 11 times, todos sabiam quem era quem, e eles eram lembrados pelo o que
jogava, e não pelo empresário ou patrocinador. Assistimos ao jogo do Brasil
contra a Polônia 3x1, Roberto Dinamite fez dois gols. Comemoramos, pois a
Argentina tinha que fazer 4 gols no Peru para tirar o Brasil da final. À noite
eu fui buscar marmita no hotel que ficava na Gumercindo Ferreira onde hoje está
localizada a Clínica Modelo, a revolta era geral a Argentina encaçapava o Peru,
6x0, e o Brasil estava fora da final, iria disputar o 3º lugar. Decepção total,
o jogo foi arranjado depois foi esclarecida a ‘marmelada’. Deram-nos o titulo
de campeã moral, não perdeu, mas também não levou.
Na copa de 82 o Telê montou um
verdadeiro esquadrão de craques, Zico, Sócrates, Júnior, Falcão, Oscar e Eder e
outros tantos. Apenas dois não jogavam no Brasil. Naquele ano eu também juntei
figurinhas, e comecei a colecionar tabelas (tenho várias), a Seleção dava
espetáculo, até chegar o ‘maldito’ 05 de julho e marcar a ‘tragédia do Sarriá’,
a derrota para Itália por 3x2, quando apenas o empate nos servia, foi difícil digerir,
e jamais esquecer. A Seleção que encantou o mundo, não ficou nem entre os
quatro.
Veio à copa de 86 estávamos
confiantes, mais uma vez o comandante era Telê Santana, outra vez uma seleção
de craques, a maioria eram de times do brasileirão. Mas, o destino mais uma vez
não quis que o ‘Mestre’ Telê levasse aquele título, aquela derrota também doeu
muito, fomos eliminados nos pênaltis pela França, esta saiu invicta. Craques
como Sócrates, Zico e Falcão não seriam campeões.
Na copa de 90, tudo
diferente a começar pelo técnico, antes tínhamos um admirador do futebol arte...
Saiu Telê entrou Tião, que na convocação chamou os amigos, a maioria dos
jogadores era dos quatro times ‘carioca’ e os que vieram da Europa tinham saído
de times do Rio. Era uma seleção questionada, no decorrer da copa mostrou sua
ineficiência, caiu nas oitavas eliminada pela Argentina.
O meu interesse foi
perdendo a graça, já não via futebol com a visão de torcedor garoto apaixonado
por futebol, em 1994 quando o ‘Kiko, 'ops’, o Parreira convocou os selecionados e
deixou o Evair de fora, para os palmeirenses foi uma ‘puta sacanagem’, ele
optou pelo Viola. Na minha visão e no meu entendimento não foi uma seleção que
encantou, mas como dizem, não encantou, entretanto, ganhou e depois de 24 anos fomos
campeões. Jogou feio, retrancado bem estilo Parreira/Zagallo e o Baggio isolou
a bola e o titulo veio.
Em 98, tudo um tanto
quanto ‘mafioso’, os ‘entendidos’ diziam que a copa seria do Ronaldo (nunca
gostei dele), como a de 94 foi do Romário (não vejo assim, foi um jogador
importante, mas não para receber esse crédito). O cidadão amarelou, apagou e o
Brasil naufragou, tomou um chacoalho do ‘galo francês’... A grande
patrocinadora blindou o ‘pupilo’ e ficou por isso mesmo. Em 2002 a família
Scolari, trouxe o titulo, os bajuladores e ‘engraxados’ pelos patrocinadores
dirão que foi a copa do ‘fofomeno’ ele foi muito importante, mas quem tinha São
Marcos defendendo a meta, e na articulação o Maestro Rivaldo, no lado direito o
‘pulmão‘ Cafu, estava bem amparado. Não era uma bela seleção, a conquista foi mais
pela união.
Em 2006 o ‘Kiko de
novo’, 'ops', o Parreira, com o quadrado mágico, que não fez magia alguma, muita
badalação para pouca exibição... E mais uma vez o ‘galo francês’ botou o
canarinho pra correr... Na África em 2010, tínhamos o Dunga, Zangado, Dengoso e
o Feliz, só faltou o Mestre para fazer algo, uma copa feia, só poderia
acontecer o que aconteceu, foi eliminada não encantou, a única coisa boa da
copa foi a Shakira.
E agora em casa, a copa
superfaturada, a copa da corrupção, e pela primeira vez eu não tenho interesse,
eu não aguento mais ouvir falar no rapaz (o da publicidade o garoto propaganda)
e na namorada dele. Aquela vontade antiga de torcer não é como antes... E lá no
fundo se perder que se dane. Se ganhar
estará no céu e quem esta no poder fará a festa, se perder eu não sei o que
pode acontecer...