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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Brincadeiras antigas


Fábio Trancolin


Brincadeiras antigas
Outrora, não tínhamos tantos brinquedos e, as crianças inventavam, usavam a criatividade. As brincadeiras antigas para crianças mais famosas eram: Amarelinha, bolinha de gude, cantigas de roda, esconde-esconde, roda pião, pipa e muitas outras… Tudo isso fazia parte do cotidiano da criançada e, assim elas se divertiam por horas e dias. Hoje, falam-se muito que as crianças, não brincam mais como antigamente, as brincadeiras foram sendo substituídas por videogames, computadores e celulares. Mas o que de tão especial tem nas brincadeiras do passado? O que merece ser resgatado desse tempo? Será que é possível adaptarmos as brincadeiras de antigamente, aos dias de hoje?


Há um passado no meu presente. Um sol bem quente, lá no meu quintal. Bola de meia, bola de gude...  A satisfação de empurrar um pneu descalço, sem camisa, lá ia ladeira abaixo, dando uns “tapas” nele e, com a boca imitando o som de caminhão... Um toco, uma latinha de sardinha e o “trator de esteira” pronto, era um brinquedo. Carretel, vela, palito de picolé e elástico outro “tratorzinho” deslizava no vai e vem.  
  
No mundo virtual, conectado e globalizado pela internet. No toque nos celulares e tablets, o mundo em suas mãos. As crianças nascem quase que conectadas, antes de falar ou andar, o dedinho desliza na tela do celular.  Pesquisas apontam que elas estão cada vez mais conectadas, estudos mostram que as crianças e os adolescentes que nasceram após os anos 90, 90% têm celular, isso quer dizer que de cada 10 adolescentes nove tem celular. Nos recreios das escolas, estão todos conectados, correr nem pensar, geração de cabeça baixa, ou “geração cansada...”. 


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A moreninha da locadora


Fábio Trancolin

Era uma tarde típica de verão em São Paulo, chovia e tava calor. Há quase um mês aquele era o meu novo caminho. Sair do Metrô e virar a esquerda, por muitos anos eu sempre virava sentido a Vila Esperança. Atravessei a passarela sobre a Radial Leste caminhei para a Vila Guilhermina.



Os pensamentos quase sempre os mesmos, a cidade grande e seu enorme ‘vazio’. Pessoas iam e vinham, no vai e vem corriam na pressa de pegar o trem, ou dele sair. E nesses momentos os versos de uma música tilintavam na mente... ‘Tenho andado tão sozinho ultimamente, que nem vejo em minha frente, nada que me dê prazer... E vou seguindo a multidão... ‘.


Subi os degraus que me levavam a Rua Astorga, atravessei, e sabe-se lá porque não fiquei no lado direito da Rua Costa Rêgo, não era o lado direito da Rua Direita e nem ela estava olhando vitrines coloridas, ela estava na banca de jornal, lá estava ela, blusa azul, e tal qual a música do Simonal, ‘Vesti azul, minha sorte então mudou... ’. A moreninha da locadora estava entretida folheando revistas. 


Tinha mudado para aquele bairro fazia uns quinze dias, e na esquina da minha casa tinha uma locadora de vídeo a ‘Paraíso azul’... E sempre ao chegar ela estava lá, mas como o meu videocassete estava quebrado, não tinha como ir lá fazer ficha e virar cliente, eu a observava algum tempo, porém ali estava uma oportunidade para conhecer a moreninha...


Entrei na farmácia do Manoel, fiz um ‘H’, e fiquei esperando, pouco tempo depois, ela saiu e abriu a sombrinha, ao olhar para cima, lá estava eu. E lhe fiz a seguinte pergunta, ‘Se você tivesse indo em sentido contrário me daria carona?’. A resposta foi, ’Disso você pode ter certeza, claro que sim’. ‘Lá vem, lá vem de novo, acho que estou gostando de alguém... ’ Era sexta-feira 13, de fevereiro. Já se passaram 18 anos. Para alguns, sexta 13 dá azar, te garanto que isso não é verdade. ‘Vem cá meu bem, que é bom lhe ver, o mundo anda tão complicado, que hoje eu quero fazer tudo por você... ’






segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O leiteiro na porta gritava - ‘Oiaaa o leeeiiitte’


Fábio Trancolin


Com o passar do tempo vai se perdendo a tradição. E uma dessas tradições era a entrega de leite nas garrafas, durante as madrugadas, isso acontecia lá pelos meados do século XX. O leiteiro entregava seus produtos nas carrocinhas, charretes puxadas por cavalos. Geralmente esses profissionais eram formados por pequenos produtores rurais, ou mesmo aqueles que terceirizavam, eles iniciavam o seu trabalho ao romper da aurora. O produto vinha acondicionado em latões com capacidade para 20 ou mais litros. Isso era comum nas grandes cidades nas décadas de 50/60. No interior a profissão estendeu por um tempo maior.


No inicio da década de 70 na minha casa o leiteiro vinha até a porta, o senhor Lourival Parreira entregou muitos litros na minha casa. Isso era tradição nas ruas da pequena Rio Verde. O leiteiro aparecia e aquele grito tradicional ‘oiaaa o leeeiiittte’... Minutos depois apareciam as mulheres ou as crianças no portão, munidas de uma vasilha de alumínio – uma panela ou um caldeirão – onde era depositado o líquido e já era levado ao fogão, para ser fervido. Nesse momento as vizinhas aproveitavam o momento para interagir e atualizar as novidades. 
                                                                                                 Foto: Lela Vieira

Outro leiteiro que fez parte da rotina do nosso dia a dia foi o seu João Borges, quando nos fomos morar na Rua Ricardo Campos, ele tornou-se o nosso leiteiro oficial, e por um bom tempo todos os dias, ele fez a entrega do rico liquido na nossa humilde residência. Hoje ainda o encontro pelas ruas da cidade na sua rotina constante, pedalando a bicicleta cargueira com os latões amarrados, e lá vai ele, gritando à famosa e tradicional frase ‘oiaaa o leeeiiittte’. São mais de 40 anos na entrega diária. 


Em 1999 quando retornei de São Paulo o meu filho então com quatro meses, tomava leite Nan, caro as latinhas adquiridas nas farmácias e supermercados. E o meu vizinho amigo antigo dos tempos de Colégio do Sol, fazia freguesia do leite que ele trazia da roça. A mãe falou para a minha esposa, ‘pode dar o leite pra ele, criei os meus assim, e nunca fez mal’, pois a Silvia tinha receio de fazer mamadeira com leite entregue na porta, mas foi convencida que aquilo não faria mal algum, e por mais de 14 anos o amigo Laudemar de segunda a sábado gritou na porta de casa, ‘oiaaa o leeeiiittte’... A entrega parou, mas todos os dias pelos menos dois saquinhos de leite Real e adquirido e fervido na minha casa, é o que mais se aproxima do gosto da roça... Leite de caixinha nem pensar... 



  


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Quando que o ‘aerocar’ vai chegar?


Fábio Trancolin


Nos anos 70, assistíamos um monte de desenhos legais. Eu gostava de vários, mas um me chamava à atenção ‘Os Jetsons’, a família futurista, que era composta por George, Jane e os filhos Judy e Elroy, e é claro tinha um cachorro, o Astro. O ano era 75, e a série tinha sido criada nos Estados Unidos em 1962. E a ideia era que tudo isso aconteceria em 2062, carros voando, as máquinas fariam tudo, era só aperta um botão, e o sanduiche estava pronto, tudo pratico e rápido. Sem esforço as esteiras rolantes te levavam daqui pra lá, o telefone seria no vídeo.


No final da década de 80 no clássico ‘Back to the Future II (De volta para o futuro II) de Robert Zemeckis, em uma viagem no DeLorean, Martin McFly e Doctor Brown desembarcam em 2015, os carros voam e tudo é high tech. Analisando tudo isso vê que muitas coisas aconteceram, não como idealizaram Hannah & Barbera e Robert Zemeckis. Em alguns detalhes a vida imitou a arte, as videoconferências que acontecia entre George e o patrão acontecem hoje pelo mundo, naquele momento era algo inatingível, só existia no mundo imaginário de Hannah & Barbera... O ‘Aerocar’ ainda não chegou, será que até 2062 ele estará por ai...? Projetos e mais projetos estão nos computadores de Engenheiros espalhados pelo mundo.

Marty Mcfly acelerou 30 anos. Ele visitou 2015, esta próxima à data que o capacitor de fluxo o levou.  Os carros também voavam as casas respondiam ao simples toque e reconhecia voz do dono, as máquinas totalmente inteligentes muitas coisas não são como pensou Zemeckis, outras estão muito perto do que ele imaginou e umas tantas são realidades... E como será a Rio Verde de 2045... Estará próxima da cidade nas alturas dos Jetsons ou da Hill Valley de Mcfly em 2015.


A vida que passa acelerada e flui pelos vão dos dedos e escorregam nas areias da ampulheta, não na ampulheta dos egípcios, mas na contagem no cronômetro que hoje parece que está mais acelerado que na época da bela infância. A percepção é que hoje o dia tem 16 horas. Tudo tão virtual, a geração de cabeça baixa, que são atropeladas e atropelam os outros, o teclado que tecla e tecla, e a sua vida sendo teclada... Observada, e invadida, a privacidade é desnudada... Tudo ficou ao alcance da bisbilhotice, pensadores da vida alheia...


Rio Verde tem 166 anos, há 40 anos quando ele fez 126, a cidade estava estacionada e o número de habitantes não chegava a 50 mil, muito pouco se via, ou não se percebia, bairros demoravam a sair do papel, o asfalto não chegava e a poeira reinava, o cerrado circundava. Porém, era um tempo de satisfação da aproximação entre os amigos, vizinhos e a comunidade, todos se conheciam e se cumprimentavam, e é claro se respeitavam... Nos últimos dez anos a aceleração pela qual passou, assusta quem fica distante ou não vê ou não percebe, e quando se da conta, passou, mudou e se transformou.


Vão erguendo prédios aos montes... Vão transformando o cenário e a visão, para onde você olha esta ‘brotando’ uma edificação. A mudança vem acelerada, varrendo tudo, derrubando ou transformado. Hoje a cidade passou de 200 mil habitantes, e nas conversas que temos com os entendidos de números e estatísticas, alguns dizem que Rio Verde em 10 anos dobra de tamanho, outros falam em 300 mil, como será...? Como vai ser a Rio Verde com 500 mil habitantes, será necessário criar o ‘aerocar’, pois do jeito que segue a questão trânsito, só voando... Saúde, habitação e exploração imobiliária, como fazer, ou o que fazer? Desmatamento com a serras metálicas vão tombando tudo, não esta na hora de começar o reflorestamento? A Cantareira serve de exemplo em São Paulo, secou. O Nordeste há anos convive com o problema seca, e a transposição não chega, e vai demorar para chegar... E como fica a desertificação em alguns pontos? Não vejo projetos para fazer bosques, cuidar de alguns pontos, a cidade cresce e no meio não tem uma área de proteção ambiental, apenas prédios; só as imobiliárias ganham... Todos deveriam se beneficiar. 


Que a cidade vai crescer e acelerar isso são fatos, e fato, é que os problemas também vão crescer, mas que possamos aprender com os erros dos outros, e nos preparar para o futuro, precisamos arborizar, cuidar da água e das árvores, elaborar um plano diretor, que atenda aos interesses da população, e não o da classe política de determinados grupos, por isso uma Câmara bem constituída fará a diferença. E não pode deixar acontecer os erros do passado, e como dizia a música ‘minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo... Tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos... ’A Princesinha cresceu, ainda não casou, pois lhe falta um príncipe encantado, ela aguarda que ele venha e possam viver no feliz para sempre... Mas acredito que ela seja outra personagem da história infantil, e o Lobo Mau roubou a sua cestinha e a violentou... Espero que ela possa ser a como Alice que depois de um pesadelo sairá do sonho e seguirá o caminho certo, pois acreditamos numa cidade das maravilhas...