segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
Empobrecimento musical
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
As máquinas de beneficiar arroz
Uma viagem no tempo nos
leva a um passado não tão distante, mas repleto de memórias que moldaram a
identidade das cidades do interior, Rio Verde é uma delas, aqui também essa
história aconteceu. Nesse contexto, as antigas máquinas de beneficiar arroz
desempenharam um papel fundamental no comércio local, tornando-se parte
integrante da paisagem urbana ao longo das décadas.
O responsável pelo
invento das Máquinas de beneficiar arroz foi o engenheiro mecânico, nascido no
interior de São Paulo, em Piracicaba, Evaristo Conrado Engelberg. Evaristo teve
a ideia inicial em 1885, enquanto trabalhava na construção de uma roda d´água,
observando um grupo de escravos que trabalhava no descascamento de arroz em
pilões, principal método utilizado na época. Apanhando um punhado do cereal em
cascas e esfregando os grãos na mão, verificou que com a pressão, um tirava a
casca do outro. Voltando imediatamente à oficina, começou a trabalhar na
construção de um exótico aparelho que já estaria pronto no dia seguinte,
criando assim o primeiro descascador de Arroz de cilindro horizontal. O
beneficiamento do arroz consiste na retirada da casca e do farelo para a
obtenção do arroz branco para o consumo.
Em Rio Verde algumas
máquinas marcaram época, destaca-se a do Anésio, uma presença constante que
deixou sua marca na memória da comunidade. Outras tantas compuseram esse
cenário, foram muitas. Meu amigo Adval Gomes traz consigo uma tradição familiar
que atravessa gerações, envolvendo a comercialização e a limpeza do arroz. Em
um mundo em constante transformação, acredita-se que a máquina de Adval seja a
última remanescente desse tempo em Rio Verde. Sua família, ao longo dos anos,
preservou não apenas uma máquina, mas um legado de trabalho árduo e
comprometimento com a qualidade.
As idas às máquinas de
arroz eram uma rotina, na minha casa, também comprávamos de arroz beneficiado
na hora. Minha mãe, com a sabedoria característica, sempre fazia a pergunta
crucial, quando voltamos com os saquinhos de arroz na mão: "é arroz novo?
O novo virá papa..."
Ao mergulhar nas
lembranças, posso sentir novamente o cheiro distintivo que impregnava o ar e
ouvir o característico barulho da máquina em plena atividade. Sinto como se
pudesse reviver aqueles momentos ao fechar os olhos. O cheiro característico da
máquina de arroz impregnava o ar, enquanto o barulho incessante criava um
ambiente único e, por vezes, sufocante.
O ambiente ao redor
dessas máquinas era único. Sinto novamente o cheiro característico do arroz,
misturado com a poeira fina que pairava no ar enquanto a máquina trabalhava
incansavelmente. O barulho constante, um murmúrio mecânico que enchia o
ambiente, criava uma atmosfera sufocante. As antigas máquinas de arroz podem
ter sido substituídas por tecnologias mais modernas, mas a nostalgia daqueles
dias ainda ecoa, mantendo viva a essência de uma era passada.
Assim, essa viagem no
tempo nos conecta não apenas às máquinas de arroz do passado, mas também às
histórias e pessoas que as tornaram tão significativas. Em um mundo em
constante evolução, é importante lembrar e preservar essas raízes, que
contribuíram para moldar a identidade única de lugares como Rio Verde.
Ao refletir sobre essas experiências, percebo como essas máquinas eram mais do que meros instrumentos de trabalho; eram elos que conectavam comunidades, preservando sabores, aromas e memórias de uma época que, embora tenha passado, permanece viva em nossa nostalgia.
Uma viagem no tempo,
relembrando as máquinas de arroz de Rio Verde, é uma jornada que nos leva não
apenas ao passado, mas à essência de uma comunidade que se reinventa
continuamente enquanto honra suas raízes.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
A Praça da Matriz
No ano de 1973, um marco
foi erguido em nossa cidade. No dia 5 de agosto, no dia em que se comemora o
aniversário do município, a Praça da Matriz, que testemunhou inúmeras
transformações ao longo dos anos, foi oficialmente entregue à população.
Naqueles tempos, eu costumava passar por lá frequentemente, acompanhado pela
nossa mãe, especialmente quando ela nos levava ao consultório médico que tinha
uma porta de madeira redonda, localizado na rua Coronel Vaiano, o nosso
pediatra Dr. Lenildo Martins.
Enquanto a praça ganhava
forma, a marcenaria nos fundos do Colégio Martins Borges, onde nosso pai
trabalhava, naqueles tempos era conhecida como a oficina do Ginásio, boas
recordações desse lugar. Por isso, nossos caminhos cruzavam muitas vezes, a
casa onde morávamos ficava na rua Afonso Ferreira, por ali passávamos com
frequência.
O tempo foi passando, nós crescemos, e as árvores que foram plantadas na praça foram, ao longo dos anos, retiradas, cortadas ou tombaram. A praça, que um dia foi o cenário de encantamento e beleza, agora guarda apenas memórias do passado. No canto mais alto da praça, na esquina da Rua Costa Gomes com Itagiba Gonzaga Jaime, naqueles tempos, na magia de menino sonhador, ali era o nosso “shopping” da época, a Casa das Louças, um mundo mágico de fantasia e faz de contas, de alguma forma, nos conduzia ao mundo de encanto com os seus brinquedos e as maravilhas de um mundo das surpresas, de soldadinhos, carrinhos, bolas, bonecas e bailarina.
Cinquenta anos se
passaram desde então. Observando fotografias antigas, percebi como a praça
mudou, como o tempo deixou sua marca. O jeito dela, o aroma característico,
tudo se transformou. Ao contemplar uma foto, sinto falta de alguém, a ausência
de algo que não pode ser capturado pela lente da câmera, apenas pela memória e as
lembranças.
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
A Casa Rádio
Os programas de auditório, marcados pela animação, espontaneidade e
interação entre artistas e plateia, desempenharam um papel fundamental no
entretenimento ao longo das décadas. Um dos elementos mais característicos
desses programas era a presença de música ao vivo, proporcionando uma
experiência única aos espectadores.
No final da década de 1930, começavam os programas de
calouros e de auditório, que marcaram a época conhecida como A Era do Rádio. Os
programas atraíam milhares de ouvintes. Nos programas de rádio ao vivo, a magia da transmissão radiofônica
acrescentava um toque especial. A voz do radialista, muitas vezes carismática e
conhecida, estabelece uma conexão direta com os ouvintes. Um dos pontos altos
desses programas foi o famoso "Show de Calouros". Artistas que
tentavam buscar o sucesso, talentos desconhecidos tinham a oportunidade de aparecer
diante do público.
Na década de 50, em Rio Verde, um exemplo vívido desses programas era na
Casa Rádio, localizado na praça 5 de agosto. Os domingos eram reservados para
esses espetáculos radiofônicos, onde a comunidade se reunia para desfrutar do
entretenimento. A plateia vibrava, transformando cada apresentação em um
evento.
É nesse cenário nostálgico que a história ganha um toque pessoal. Esse
observador atento, o menino na primeira fila que olhou para trás, era nada
menos que meu PAI. Ele testemunhou, esses acontecimentos. As histórias
transmitidas de geração em geração preservam a nostalgia desses momentos,
proporcionando uma visão única da riqueza cultural e social da época. O legado
desses programas de auditório e rádio ao vivo perdura como parte integrante da
história cultural, relembrado através das histórias contadas por aqueles que
vivenciaram a magia desses eventos ao vivo.
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
As noites mágicas nas ondas do rádio
Nas noites mágicas da década de 80, os acordes das mais
belas músicas ecoavam pelo ar, transportando-nos para um universo de melodias
que fluíam das ondas da rádio FM ou dos sulcos delicados do vinil. Era uma
época em que o chiado característico da agulha tocando o disco era quase uma
marca registrada, acrescentando uma camada nostálgica a cada nota que emergia.
Os discos de vinil, com suas capas artisticamente
produzidas e encartes elaborados eram verdadeiras obras de arte, retratando em
cores vivas e detalhes que estava prestes a ser revelado pelo conteúdo interno.
Era como se cada álbum fosse uma jornada completa, não apenas sonora, mas
também visual, um portal para mundos musicais emocionantes.
A música daquela época não era apenas uma experiência
auditiva, mas uma jornada sensorial que nos transportava para universos
emocionais diversos. Nas batidas suaves das baladas românticas, as músicas não
era apenas um som que alcançava os ouvidos, mas sim um guia para as emoções. Os
acordes e letras tinham o poder de nos conduzir por uma ampla gama de
sentimentos, como se cada canção fosse um fio de conexão direta com nossas
próprias experiências.
As décadas de 70 e 80 permanecem como tesouros em nossa
memória, retratando um período em que a música era uma força que transcendia
gerações e barreiras. E mesmo agora, nas voltas da vida, ainda ecoamos as
canções daquela era dourada. A música daqueles tempos não envelhece; ela
permanece jovem e eterna, alimentando nossos corações e lembrando-nos das
emoções e histórias que ela contém. Afinal, o som daquelas décadas é mais do
que uma melodia — é um fragmento do passado que continua a ecoar, um elo entre
gerações, as notas e ritmos têm o poder de transcender o tempo.
E assim, mesmo nas mudanças rápidas e frenéticas do mundo
moderno, as músicas que embalaram as noites estreladas das décadas de 70/80
perduraram. Elas são mais do que meras notas; são fragmentos de história,
pedaços de emoção, e continuam a ecoar em nossos corações, lembrando-nos da
magia que a música pode trazer às nossas vidas.