Colecionar é mais do que simplesmente acumular objetos; é uma forma de imortalizar memórias e cultivar paixões. Desde os primeiros gibis até as tampinhas e figurinhas, a arte de colecionar transcende o mero ato de possuir, transformando-se em uma jornada pessoal repleta de significado e nostalgia. A magia da coleção reside na capacidade de transformar objetos aparentemente comuns em cápsulas do tempo pessoais. Cada item, seja um gibi, uma tampinha ou uma figurinha, carrega consigo não apenas seu valor próprio, mas também a história única de quem o coletou. Assim, a arte de colecionar transcende a mera acumulação de objetos. Cada gibi, tampa ou figurinha é mais do que um simples objeto; é um fragmento, um capítulo eternizado na história de quem guardou o juntou algo. As coleções sempre ocuparam um lugar especial em minha infância que estão guardadas nas minhas memórias. Entre elas que faziam parte desse universo encantado, os adoráveis gibis estiveram presentes, proporcionando-me um aprimoramento constante na arte da leitura. Cada página virada revelava histórias emocionantes de super-heróis, aventuras fantásticas e personagens cativantes.
As figurinhas, por sua
vez, desencadeavam uma empolgante jornada de trocas e descobertas. O
ajuntamento da molecada para negociar figurinhas se transformava em um acontecimento
animado, onde a habilidade de bater bafo nos ajudava a conseguir aquelas que
faltavam em nossa coleção. Os momentos de compra e troca de figurinhas, nós
mergulhávamos profundamente em um universo de diversão e expectativa. Ainda tinha
as figurinhas que vinham nos chicletes (Ping Pong e Ploc), quantas
foram aquelas que encontrei jogadas nas ruas, dessa forma adquiri inúmeras. O
álbum de figurinhas, cuidadosamente organizado, era um testemunho visual do
empenho e dedicação na busca pela coleção completa. A sensação de folhear um
álbum completo nos proporcionava uma satisfação indescritível.
Entre todas as coleções
que passaram pelas minhas mãos, algumas me traz boas recordações, a Fórmula
1/82 e da Copa do Mundo de 1982, elas ocupam um lugar especial em minha memória.
As figurinhas da F1, representam não apenas os pilotos, equipes e os circuitos
da época, mas também os momentos de emoção e paixão que as corridas nos
proporcionavam. Essa eu não consegui o álbum, apenas as figurinhas, das 180 eu
encontrei 176, elas vinham no chiclete Ping Pong, estão guardadas como
relíquias e com muito carinho até hoje.
Lembro-me das kombis que
percorriam as ruas, entregando álbuns de figurinhas, cada página representando
um objetivo a ser alcançado: uma TV, uma geladeira, uma panela de pressão,
entre outros prêmios. Éramos movidos pela empolgação de abrir os pacotinhos, na
esperança de encontrar aquela figurinha que preencheria o quadro para que
pudéssemos ganhar o tão sonhado prêmio, a bicicleta ou outros prêmios tão
cobiçados, nunca aconteceu, nunca finalizei, sempre ficou por aquela que nunca
veio.
As tampinhas também
faziam parte desse universo colecionável. Na Copa do Mundo de 1978, por
exemplo, colecionávamos tampinhas com fotos dos jogadores, exibindo
orgulhosamente as cores verde e amarela. As idas ao armazém para comprar
Coca-Cola eram cheias de expectativas, na torcida para que a tampinha revelasse
um novo personagem, mesmo que muitas vezes fosse uma repetição indesejada.
Legal era passar em frente a um bar ou armazém e ver na porta tampinhas
jogadas, adquirir dessa forma era sensacional.
A coleção de tampinhas do
Guaraná Mineiro, representando aviões de guerra marcaram aqueles tempos da infância,
lembro-me dos momentos empolgantes em que acrescentava uma nova tampinha à
minha coleção. Cada tampa era uma história, um fragmento de uma época que hoje
parece distante, mas que conservar-se viva em minhas lembranças. Ainda me lembro
de certa vez, nos fundos do Colégio Martins Borges, onde era depositado o lixo
do colégio, certa vez ali, deparei com um monte de tampinhas do guaraná
Mineiro, acredito que algum evento tenha acontecido no colégio, e as tampinhas
ali foram jogadas, eu achei, que alegria... Embora o tempo tenha avançado desde
então (o tempo não para...), as lembranças da minha coleção de tampinhas permanecem
nítidas e significativas, uma pena que ao longo do tempo ela se perdeu.
Na minha infância, uma
das memórias mais vívidas e emocionantes está relacionada à coleção de
tampinhas da Coca-Cola que trazia os adoráveis personagens da Disney, nosso pai
mantinha uma conta no armazém do lado de casa, e frequentemente íamos lá em
busca da tão desejada Coca-Cola, não apenas pelo sabor, mas pela ansiedade de
descobrir qual personagem Disney viria junto. Cada ida ao armazém era cheia de
expectativa e animação. Mal podíamos esperar para abrir a garrafa e encontrar a
tampinha que revelaria um dos icônicos personagens da Disney, Mickey, Pato
Donald, Pateta e Peninha - a lista era repleta de figuras encantadoras que
tornavam cada garrafa única e especial. No entanto, nem todas as experiências
eram de pura alegria. Houve momentos de frustração quando, ao abrir a garrafa,
nos deparávamos com um personagem repetido. A decepção momentânea era
substituída pela determinação de continuar a busca pelo restante da coleção.
Afinal, tínhamos aquelas cartelas nas mãos, e a meta era preenchê-las
completamente, atingindo o tão cobiçado "BINGOLA".
Nos idos do início da década
de 80, colecionar calendários era algo legal., onde cada calendário
representava não apenas a contagem dos dias, naqueles tempos, cada calendário
possuía seu próprio charme. Eram distribuídos gratuitamente pelas lojas como
brindes e divulgação do comércio, com endereço e telefone, muitas vezes
adornados com belas paisagens, ilustrações artísticas ou fotografias cativantes
(sem contar aqueles que tinha mulheres nuas...). Esses calendários não apenas
cumpriam sua função prática de nos informar sobre os dias, semanas e meses,
cada calendário era um pequeno item precioso que se somava à minha coleção,
eles são lembranças e testemunhas silenciosas do passar do tempo. Colecionar
calendários pode ter sido uma prática simples, mas para muitos de nós, foi uma
parte significativa da nossa infância, os chaveiros também eram itens
colecionáveis, muitos eu também juntei.
No final da década de 70,
mais precisamente no ano de 1978, teve a coleção FUTEBOL CARDS PING PONG, foi
(é) uma das mais espetaculares, se não a mais espetacular coleção de jogadores
de futebol do Brasil. Lançada pela KIBON, os cards vinha nos chicletes PING
PONG, a coleção contém mais de 400 cards individuais de jogadores de 22 clubes
do Brasil, sendo dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e São Paulo. Os cards traziam na frente a foto do jogador, mais o
grande barato da coleção estava no verso dos cards, pois vinha com várias
informações dos jogadores, como: nome completo, data e cidade de nascimento,
clubes que defendeu, títulos conquistados, pratos preferidos, artista e até o
que gostaria de ter sido se não fosse jogador de futebol.
A coleção Futebol Cards Ping
Pong tornou-se, assim, mais do que simples cards colecionáveis. Ela
representava um elo especial entre os torcedores e os ídolos do futebol,
permitindo que os fãs mergulhassem nas histórias por trás dos rostos marcantes
impressos em cada card. Mesmo décadas após seu lançamento, a memória desses cards
continua a evocar um sentimento de nostalgia e carinho entre aqueles que
viveram a emoção de colecionar e trocar essas pequenas joias do esporte
nacional. Ainda tenho a minha coleção, ela não está completa, mas tenho
muitos... a coleção do meu time, o Palmeiras, faltou apenas uma, o Ivo, mas
parece que a figurinha do Ivo nunca saiu... outra frustração foi ver o jogador
Leão (Goleiro) depois de tantos anos defendendo o Palmeiras, o cards dele está
na coleção do Vasco da Gama...
Essas memórias continuam
a repercutir em minha mente, lembrando-me de um tempo em que a simplicidade de
uma coleção de tampinhas e figurinhas podia criar. Mesmo que as figurinhas
daquela época tenham se tornado relíquias guardadas em caixas empoeiradas, a
alegria e o calor desses momentos permanecem eternamente presentes em nossos
corações. A simplicidade da infância, expressa através de uma modesta coleção
de tampinhas, ecoa como um lembrete eterno de que a verdadeira felicidade
reside nas experiências compartilhadas e na capacidade de encontrar encanto nos
detalhes mais simples da vida.