Eu tenho andado um tanto quanto nostálgico, ou melhor, eu sou... O vento sopra em volta dos meus ombros, sinto que estou envelhecendo. Vejo fotografias antigas e lugares que me lembro, esses lugares foram tombados, não pelo patrimônio, mas por alguém que não gosta de história, mas estão preservados nas minhas memórias.
Trago em minha mente cheiros e sabores... cheiros que remetem a lugares que trazem muita saudade... cheiro da venda da esquina, com seu balcão e o baleiro em cima... maria mole, suspiro, pirulito de assobio... roda baleiro, roda... cheiro de final de tarde... cheiro de rosca de coco... tem Mirinda, olha o sorriso da menina...
Nesse momento me veio na mente a frase de um
poeta: “Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso, que eu me lembro
ter dado na infância...” e foram tantos... corre menino, vem ver o circo
passar... minha pipa tá no ar... lembro da jabuticabeira, da mangueira e da
goiabeira... kichute novo, era tênis para escola, era a minha chuteira...
bicicleta que não era nova, mas me levava a todos os lugares... estilingue,
rolamento, figurinhas e as bolinhas de gude, alguém disse que era biloca...
Bilboquê, que erradamente chamávamos de biloquê... esse eu fiz pra você...
Chuva não fazia mal, era cheiro de terra no quintal... enxurrada trazia alegria para a molecada... vento, ventania, levanta a saia da menina... vento, ventania, traz lembranças de cheiro de infância... tu vens, vem vindo, trazer lembranças de um menino... não importava se era segunda ou domingo...
O tempo, meu amigo, é um companheiro fiel que carrega consigo as marcas das nossas histórias. Cada brisa, cada aroma, cada lembrança são como fragmentos de um passado que não se perde, mas se transforma em poesia.