As mudanças chegaram de mansinho, quase sem pedir
licença — e mal percebemos. O que ontem parecia tão presente, hoje repousa
apenas na lembrança. Onde ficaram as coisas que acompanhavam a nossa vida? Por
onde andam aquelas que caminhavam conosco?
De repente, nos damos conta de que tudo aquilo que
fez parte da rotina já não está mais aqui. Por onde andam as coisas que víamos
com tanta frequência? Os orelhões que nos conectavam ao mundo, guardiões de
segredos apressados. As notas de um real que passavam de mão em mão, frágeis,
mas cheias de valor. As revistas folheadas com encanto, exalando o cheiro do
papel que trazia notícias e sonhos. Os vagalumes que iluminavam as noites de
infância, dançando como estrelas ao alcance da mão. Os talões de cheque,
símbolos de confiança e compromisso. Os números de telefone gravados na
memória, sem aparelhos que ajudassem. Tudo tão comum... e, de repente, não se
vê mais.
Aquilo que parecia eterno desapareceu em silêncio.
A vida se move, o tempo não pede licença, e o que antes era cotidiano
transforma-se em saudade. Talvez a lição seja simples: perceber o agora,
abraçá-lo com intensidade, porque amanhã também será apenas lembrança.
A vida corre. O tempo não pede licença. O cotidiano
se transforma em memória. No fim, o que era rotina se converte em saudade, e o
tempo sussurra: nada é tão eterno quanto parecia ser. Algumas coisas
desaparecem sem sequer serem notadas... O tempo anda a passos largos, mas o
relógio gira no mesmo compasso. O giro é o mesmo — o que mudou foi a nossa percepção.

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