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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Hoje, do nada, me veio à mente a fila da merenda…


 



Quando estudava no Percival Xavier Rebelo, não havia merenda. Existia apenas uma cantina, que não tinha muitas opções, mas aquele amontoado de coisinhas. Assim que o sinal batia, corríamos para o pátio, onde nos esperava o picolezeiro, com seu carrinho abarrotado de cores e sabores. Entre tantas opções geladas, quase sempre eu acabava escolhendo o juju de tamarindo, o picolé de coco queimado ou, às vezes optava pelo o de creme holandês. Eram pequenas alegrias de criança que se encantava com pouco.

Já no Grupo Escolar Demolicio de Carvalho, a lembrança tem outro sabor. As cumbuquinhas azuis, o aroma da cantina, a expectativa de cada dia com uma merenda diferente: mingau de coco, sopa de legumes, escaldado, arroz com carne seca, o famoso Maria Isabel, macarrão com sardinha — que até hoje eu amo — e até arroz com carne moída. Confesso que tinha um carinho especial pelo arroz com carne seca… e o mingau, ah, esse sempre me apetecia.

No fundo, o que ficou não foi o prato, mas a cena da fila: os amigos da vila do Matadouro arranjando jeitos de repetir a merenda. A merendeira desconfiava, mas eles, espertos, lavavam o potinho e voltavam sorrateiros, tentando passar outra vez. Riam da travessura e, quando alguém não queria comer, outro logo aproveitava o pote para entrar de novo na fila. Pequenas lembranças que ainda guardam o sabor da infância.

A fila da merenda era muito mais que comida. Era convivência, era amizade. Memórias que hoje chegam com gosto de saudade, simples e verdadeiras, como tudo o que fica gravado no coração. Era infância em seu estado mais puro, leve como a saudade que hoje me visita.




 




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