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| Waldomiro (na boia Jairinho) Fábio e Dairon Junior |
No final da década de 70, começo dos anos 80,
havia um destino que sempre nos convidava quando surgia a oportunidade: a
cachoeira do Montividiu. Não importava o meio de transporte — já fomos de
Fusca, Jipe, Rural e, claro, no caminhão com sua carroceria sempre cheia de
gente. O que valia era a ida, o caminho que se estendia muito além da terra
vermelha do sertão, abrindo-se diante de nós como um horizonte sem fim no
cerrado intocado.
As seriemas corriam à
frente do caminhão, anunciando nossa passagem, enquanto fauna e flora se
espalhavam em abundância, como um tapete vivo que nos guiava até o destino.
Naquele tempo, não
havia porteiras com cadeado, nem cercas que limitassem a paisagem. O acesso era
livre, quase como se a própria natureza nos recebesse de braços abertos. E
assim, todos eram bem-vindos.
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| Marcello, Fábio e Jairon |
Ao chegar, a cachoeira nos envolvia com sua água gelada, tão viva que parecia despertar a alma. O som da queda d’água era música constante, ecoando entre as pedras — uma canção que a memória nunca deixou de guardar.
Eram dias de
simplicidade e encantamento. O riso se misturava ao barulho da água, o tempo
parecia correr mais devagar e tudo tinha o sabor da liberdade. Aquele lugar não
era apenas uma paisagem: era um pedaço de vida, guardado no coração como um
tesouro que o tempo não apaga.
Mais que um passeio, era liberdade. Um tempo simples, que ainda hoje ecoa em nós como a própria canção da cachoeira. Mas o tempo passou... um dia, as porteiras se fecharam e os colchetes já não se abriram como antes. O “seja bem-vindo” se calou. A natureza continua lá, intacta em sua grandeza; as águas seguem caindo e cantando nas pedras. O que mudou foi o silêncio da vida que antes andava e voava solta por aqueles caminhos. Ainda assim, é como se o lugar sussurrasse: vem andar e voar... aqui o tempo espera... aqui é sempre primavera... vem andar e voa...
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