No dia 21 de
outubro completaram-se 40 anos da chegada do DeLorean… uma ficção que ainda
hoje nos transporta para o território mágico da nostalgia e da imaginação.
Aquele carro prateado atravessava as telas e os sonhos, símbolo de uma época em
que a criatividade acelerava a 88 milhas por hora. Era ficção, sim — mas
parecia uma promessa. A promessa de um futuro brilhante, movido a esperança,
ousadia e aquele espírito aventureiro que só os anos 80 sabiam cultivar. Quatro
décadas depois, basta ver aquelas portas se abrindo para sentir o coração bater
no ritmo da saudade.
Em 1985, eu ainda não era maior de idade. No setembro daquele ano, completei 17. Não fui ao Rock in Rio — faltava idade, e mais ainda, dinheiro. Naquele verão, fui para a fazenda passar as férias com meu amigo Leonardo. Mas, pela televisão, entre os dias 11 e 20 de janeiro, assisti ao primeiro Rock in Rio fazer história (nunca mais teve outro igual). Foram 1,4 milhão de pessoas vibrando ao som de Queen, AC/DC, Iron Maiden, Rod Stewart, Yes, Scorpions, Ozzy Osbourne e tantos outros… O palco se transformou num altar da juventude, da liberdade, da música que jamais envelhece.
No mesmo ano, o mundo se unia em um coro de solidariedade com We Are The World, e em 13 de julho de 1985, o planeta parava diante do Live Aid. Idealizado por Bob Geldof e Midge Ure, o concerto reuniu artistas lendários como Sting, Phil Collins, Bryan Ferry, Paul Young, U2, Queen e tantos outros, em um gesto grandioso de humanidade. O objetivo era nobre — arrecadar fundos para combater a fome na Etiópia —, mas o resultado foi ainda maior: uma celebração global de empatia, música e esperança. E naquele palco histórico, o Queen eternizou sua performance, talvez a mais icônica de todos os tempos, mostrando que o rock também podia mudar o mundo.
Enquanto isso, o oceano revelava um segredo guardado por 73 anos: os destroços do Titanic eram encontrados, lembrando que nenhuma história se perde para sempre. E nas pistas, o Brasil acelerava junto com seus ídolos. Eu, apaixonado por Fórmula 1, colecionava figurinhas, revistas e pôsteres. Já tinha Senna como herói. Fumava John Player Special — o cigarro da Lotus preta e dourada. Em 21 de abril, Ayrton Senna conquistava sua primeira vitória na Fórmula 1, e Emerson Fittipaldi brilhava nas 500 Milhas de Michigan — o primeiro brasileiro a vencer na Fórmula Indy. Pioneiro, como sempre.
1985 também era
feito de cor e exagero. Verde-limão, cereja, laranja. Um tempo de brilho,
ousadia e ritmo. Ombreiras largas, calças de cintura alta e o biquíni asa-delta
dominavam as piscinas e as praias. A televisão vivia o auge com Roque Santeiro, enquanto Tetê Espíndola
encantava o país com Escrito nas Estrelas
— uma canção que parecia dar voz ao espírito sonhador e poético daquela década.
Nas telas, a
fantasia corria solta: De Volta para o Futuro, Os Goonies, Clube
dos Cinco, A Cor Púrpura, O Feitiço de Áquila, Rocky IV
e Rambo 2 mostravam que heróis vinham em todas as formas — e cabiam
perfeitamente dentro do nosso imaginário. Nas rádios, ecoavam hinos eternos: Take
On Me, Shout, Everybody Wants to Rule the World, Careless
Whisper, Like a Virgin, The Power of Love — este último, trilha
sonora perfeita para o voo do DeLorean.
E no Brasil, a
trilha sonora não ficava atrás: Fábio Jr. com O Que É, O Que É,
Chitãozinho & Xororó com Fotografia, Roupa Nova com Dona,
Baby Consuelo com Sem Pecado e Sem Juízo, Guilherme Arantes com Cheia
de Charme, Dr. Silvana com Serão Extra, Herva Doce com Amante
Profissional e Kiko Zambianchi com Primeiros Erros. Era impossível
não cantar, não dançar, não sonhar.
O rock nacional explodia em criatividade: Legião Urbana, Titãs, RPM, Ultraje a Rigor, Kid Abelha e Cazuza lançavam álbuns que se tornariam eternos. Era o grito de uma geração aprendendo a cantar suas verdades e questionar o mundo. Lá fora, Madonna estreava sua The Virgin Tour, enquanto o a-ha lançava Hunting High and Low, trazendo o som da Noruega para os rádios do mundo inteiro. Eu me tornei fã da banda — e, em 1989, tive a oportunidade de vê-los ao vivo no estádio do Palmeiras.

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