Páginas

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O sonho perdido da simplicidade - quando bastava pouco.



De repente, em meio ao barulho e à pressa da vida urbana, nasce dentro de nós um sonho de simplicidade. E nos perguntamos: será apenas ilusão? Para que tantos copos de bebida alcoólica, tantas conversas vazias? Celulares sempre conectados, olhos presos às telas...




A vida poderia ser mais leve: um teto modesto, comida simples, uma boa companhia. No fundo, é disso que precisamos. Recordo noites em casas simples, com o fogão a lenha aceso. Entre o canto dos grilos e a calma da mata, à luz de uma lamparina, aprendíamos que a felicidade cabia nas coisas mais singelas.

Pessoas simples, de fala sincera. O fogo aceso, o peixe assando, a meia caneca de cachaça passando de mão em mão. Um sabor único, um calor que vinha daquela bebida, enquanto as conversas seguiam leves e serenas. Momentos assim ficaram gravados na memória como verdadeiros tesouros.



Mas logo a vida urbana nos chama de volta: o telefone toca, alguém dita um número, um nome, uma mensagem, uma postagem, uma urgência. No íntimo, porém, sabemos que não é disso que precisamos. O que buscamos é apenas viver — com a leveza e a despreocupação dos frangos ciscando no terreiro, sob a sombra generosa das mangueiras, ouvindo o canto das cachoeiras que deslizam sobre as pedras sem pressa, alheias ao tempo.

Entretanto talvez isso não passe de um sonho utópico. O rio do peixe, antes cheio de peixes, hoje está envenenado. O frango já não cisca no quintal: vive confinado em galpões, engordado à base de ração, abatido em trinta dias. Pessoa que vivem na roça e nem sabem o significado da natureza, meta, dados, foco, ‘money for money’... A simplicidade se perde, e o que resta é apenas a saudade de quando a vida podia ser mais humana.







Comente