Há 134 anos, numa sexta-feira, o Brasil abria suas portas para receber os primeiros membros da família Trancolin. Eles partiram do porto de Gênova, na Itália, e chegaram ao Rio de Janeiro em 6 de novembro de 1891, a bordo do vapor Giava. Não era apenas uma travessia oceânica, mas o início de uma jornada de esperança em busca de novas oportunidades no Novo Mundo. Nas malas, traziam mais do que pertences: carregavam sonhos, tradições e um profundo amor pela terra natal que ficava para trás.

A história da família tem suas raízes em Grignano Polesine, uma pequena localidade do município de Rovigo, no nordeste da Itália. Com pouco mais de 3 mil habitantes, Grignano preserva até hoje a essência das antigas comunidades rurais, onde simplicidade, trabalho árduo e união familiar moldavam o cotidiano.

Rovigo pertence ao Vêneto, região marcada por uma rica herança histórica e cultural, que vai desde o Império Romano até a era da República de Veneza. Situada em posição estratégica, a província se conecta ao norte com Verona, Pádua e Veneza; a leste, com o Mar Adriático; ao sul, com Ferrara, na Emilia-Romagna; e a sudoeste, com Mântua, na Lombardia.

A travessia rumo ao Brasil foi conduzida pelo patriarca Francisco Trancolin, de 63 anos, e sua esposa Maria, de 60. Ao lado deles, vinham os filhos Francesco, de 33 anos, e Giovanni, de 30, junto às esposas Marietta (29) e Rosa (27). Com eles vinham as crianças Geltrude (9), Leandro (7), Irma (4) e o pequeno Albano, de apenas 3 anos. Unidos pela coragem e pela fé, todos traziam no coração a esperança de um novo começo em terras brasileiras. Francesco era casado com Marietta e pai de Irma; Giovanni, por sua vez, era esposo de Rosa e pai de Geltrude, Leandro e Albano.

No Brasil, seus nomes foram registrados no Livro 030, página 175, matrícula 02384 — um simples ato burocrático, mas que marcava para sempre sua entrada na história do país que também se tornaria sua casa. O destino final era Araraquara, no interior de São Paulo, onde, com suor e trabalho, os Trancolins ajudariam a cultivar não apenas a terra, mas também uma identidade que, com o tempo, se tornaria tão brasileira quanto italiana.

O 6 de novembro de 1891 não é apenas uma data de chegada. É um marco de coragem, resiliência e fé no futuro. Os Trancolins trouxeram consigo um legado que se entrelaçou à história do Brasil, enriquecendo tanto a memória familiar quanto a narrativa nacional. Recordar esse dia é celebrar a esperança que os moveu e reverenciar os alicerces de trabalho, sacrifício e amor que eles lançaram em solo brasileiro. Assim, fincaram raízes profundas e deram início a uma trajetória que se mantém viva até hoje — um legado de perseverança que continua a inspirar as gerações futuras.