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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

A arte de colecionar: Um mundo de memórias e paixões


Colecionar é mais do que simplesmente acumular objetos; é uma forma de imortalizar memórias e cultivar paixões. Desde os primeiros gibis até as tampinhas e figurinhas, a arte de colecionar transcende o mero ato de possuir, transformando-se em uma jornada pessoal repleta de significado e nostalgia. A magia da coleção reside na capacidade de transformar objetos aparentemente comuns em cápsulas do tempo pessoais. Cada item, seja um gibi, uma tampinha ou uma figurinha, carrega consigo não apenas seu valor próprio, mas também a história única de quem o coletou. Assim, a arte de colecionar transcende a mera acumulação de objetos. Cada gibi, tampa ou figurinha é mais do que um simples objeto; é um fragmento, um capítulo eternizado na história de quem guardou o juntou algo. As coleções sempre ocuparam um lugar especial em minha infância que estão guardadas nas minhas memórias. Entre elas que faziam parte desse universo encantado, os adoráveis gibis estiveram presentes, proporcionando-me um aprimoramento constante na arte da leitura. Cada página virada revelava histórias emocionantes de super-heróis, aventuras fantásticas e personagens cativantes.



As figurinhas, por sua vez, desencadeavam uma empolgante jornada de trocas e descobertas. O ajuntamento da molecada para negociar figurinhas se transformava em um acontecimento animado, onde a habilidade de bater bafo nos ajudava a conseguir aquelas que faltavam em nossa coleção. Os momentos de compra e troca de figurinhas, nós mergulhávamos profundamente em um universo de diversão e expectativa. Ainda tinha as figurinhas que vinham nos chicletes (Ping Pong e Ploc), quantas foram aquelas que encontrei jogadas nas ruas, dessa forma adquiri inúmeras. O álbum de figurinhas, cuidadosamente organizado, era um testemunho visual do empenho e dedicação na busca pela coleção completa. A sensação de folhear um álbum completo nos proporcionava uma satisfação indescritível.

Entre todas as coleções que passaram pelas minhas mãos, algumas me traz boas recordações, a Fórmula 1/82 e da Copa do Mundo de 1982, elas ocupam um lugar especial em minha memória. As figurinhas da F1, representam não apenas os pilotos, equipes e os circuitos da época, mas também os momentos de emoção e paixão que as corridas nos proporcionavam. Essa eu não consegui o álbum, apenas as figurinhas, das 180 eu encontrei 176, elas vinham no chiclete Ping Pong, estão guardadas como relíquias e com muito carinho até hoje.





E a Copa do Mundo de 1982...  O álbum de figurinhas da Copa de 1982 tornou-se um tesouro, uma cápsula do tempo que me conduz de volta àqueles dias mágicos e inesquecíveis. Era o meu primeiro álbum de Copa, e cada figurinha colada era um pedaço de sonho que se materializava. A Copa do Mundo de 1982 foi um verdadeiro espetáculo, e a seleção brasileira, com sua constelação de craques, brilhou intensamente (a eliminação é sentida até hoje...). Os jogadores como Zico, Falcão, Sócrates e Éder formavam um time inesquecível, cujo desempenho ficou registrado nas páginas do álbum e na história do futebol. Era mais do que um simples álbum de figurinhas; era um portal para um mundo de emoções e celebrações futebolísticas. Ah, que emoção! Cada figurinha era como um pedacinho do nosso sonho de torcedor, um fragmento da história do futebol que queríamos preservar para sempre. Os craques, os estádios, os momentos épicos — tudo isso reunido em um álbum que se tornou mais do que um simples objeto, mas sim um portal para reviver os momentos de glória e emoção daquele torneio inesquecível. Hoje, ao recordar esses momentos, percebo que as coleções foram mais do que passatempos... pena que esse álbuns se perdeu no tempo...   






Lembro-me das kombis que percorriam as ruas, entregando álbuns de figurinhas, cada página representando um objetivo a ser alcançado: uma TV, uma geladeira, uma panela de pressão, entre outros prêmios. Éramos movidos pela empolgação de abrir os pacotinhos, na esperança de encontrar aquela figurinha que preencheria o quadro para que pudéssemos ganhar o tão sonhado prêmio, a bicicleta ou outros prêmios tão cobiçados, nunca aconteceu, nunca finalizei, sempre ficou por aquela que nunca veio.



As tampinhas também faziam parte desse universo colecionável. Na Copa do Mundo de 1978, por exemplo, colecionávamos tampinhas com fotos dos jogadores, exibindo orgulhosamente as cores verde e amarela. As idas ao armazém para comprar Coca-Cola eram cheias de expectativas, na torcida para que a tampinha revelasse um novo personagem, mesmo que muitas vezes fosse uma repetição indesejada. Legal era passar em frente a um bar ou armazém e ver na porta tampinhas jogadas, adquirir dessa forma era sensacional.



A coleção de tampinhas do Guaraná Mineiro, representando aviões de guerra marcaram aqueles tempos da infância, lembro-me dos momentos empolgantes em que acrescentava uma nova tampinha à minha coleção. Cada tampa era uma história, um fragmento de uma época que hoje parece distante, mas que conservar-se viva em minhas lembranças. Ainda me lembro de certa vez, nos fundos do Colégio Martins Borges, onde era depositado o lixo do colégio, certa vez ali, deparei com um monte de tampinhas do guaraná Mineiro, acredito que algum evento tenha acontecido no colégio, e as tampinhas ali foram jogadas, eu achei, que alegria... Embora o tempo tenha avançado desde então (o tempo não para...), as lembranças da minha coleção de tampinhas permanecem nítidas e significativas, uma pena que ao longo do tempo ela se perdeu.

Na minha infância, uma das memórias mais vívidas e emocionantes está relacionada à coleção de tampinhas da Coca-Cola que trazia os adoráveis personagens da Disney, nosso pai mantinha uma conta no armazém do lado de casa, e frequentemente íamos lá em busca da tão desejada Coca-Cola, não apenas pelo sabor, mas pela ansiedade de descobrir qual personagem Disney viria junto. Cada ida ao armazém era cheia de expectativa e animação. Mal podíamos esperar para abrir a garrafa e encontrar a tampinha que revelaria um dos icônicos personagens da Disney, Mickey, Pato Donald, Pateta e Peninha - a lista era repleta de figuras encantadoras que tornavam cada garrafa única e especial. No entanto, nem todas as experiências eram de pura alegria. Houve momentos de frustração quando, ao abrir a garrafa, nos deparávamos com um personagem repetido. A decepção momentânea era substituída pela determinação de continuar a busca pelo restante da coleção. Afinal, tínhamos aquelas cartelas nas mãos, e a meta era preenchê-las completamente, atingindo o tão cobiçado "BINGOLA".





 


Nos idos do início da década de 80, colecionar calendários era algo legal., onde cada calendário representava não apenas a contagem dos dias, naqueles tempos, cada calendário possuía seu próprio charme. Eram distribuídos gratuitamente pelas lojas como brindes e divulgação do comércio, com endereço e telefone, muitas vezes adornados com belas paisagens, ilustrações artísticas ou fotografias cativantes (sem contar aqueles que tinha mulheres nuas...). Esses calendários não apenas cumpriam sua função prática de nos informar sobre os dias, semanas e meses, cada calendário era um pequeno item precioso que se somava à minha coleção, eles são lembranças e testemunhas silenciosas do passar do tempo. Colecionar calendários pode ter sido uma prática simples, mas para muitos de nós, foi uma parte significativa da nossa infância, os chaveiros também eram itens colecionáveis, muitos eu também juntei.



No final da década de 70, mais precisamente no ano de 1978, teve a coleção FUTEBOL CARDS PING PONG, foi (é) uma das mais espetaculares, se não a mais espetacular coleção de jogadores de futebol do Brasil. Lançada pela KIBON, os cards vinha nos chicletes PING PONG, a coleção contém mais de 400 cards individuais de jogadores de 22 clubes do Brasil, sendo dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os cards traziam na frente a foto do jogador, mais o grande barato da coleção estava no verso dos cards, pois vinha com várias informações dos jogadores, como: nome completo, data e cidade de nascimento, clubes que defendeu, títulos conquistados, pratos preferidos, artista e até o que gostaria de ter sido se não fosse jogador de futebol.




A coleção Futebol Cards Ping Pong tornou-se, assim, mais do que simples cards colecionáveis. Ela representava um elo especial entre os torcedores e os ídolos do futebol, permitindo que os fãs mergulhassem nas histórias por trás dos rostos marcantes impressos em cada card. Mesmo décadas após seu lançamento, a memória desses cards continua a evocar um sentimento de nostalgia e carinho entre aqueles que viveram a emoção de colecionar e trocar essas pequenas joias do esporte nacional. Ainda tenho a minha coleção, ela não está completa, mas tenho muitos... a coleção do meu time, o Palmeiras, faltou apenas uma, o Ivo, mas parece que a figurinha do Ivo nunca saiu... outra frustração foi ver o jogador Leão (Goleiro) depois de tantos anos defendendo o Palmeiras, o cards dele está na coleção do Vasco da Gama...





Essas memórias continuam a repercutir em minha mente, lembrando-me de um tempo em que a simplicidade de uma coleção de tampinhas e figurinhas podia criar. Mesmo que as figurinhas daquela época tenham se tornado relíquias guardadas em caixas empoeiradas, a alegria e o calor desses momentos permanecem eternamente presentes em nossos corações. A simplicidade da infância, expressa através de uma modesta coleção de tampinhas, ecoa como um lembrete eterno de que a verdadeira felicidade reside nas experiências compartilhadas e na capacidade de encontrar encanto nos detalhes mais simples da vida.

 

 



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

A música sertaneja – raiz e o romantismo...


 


A música sertaneja raiz do Brasil, tem suas origens profundamente entrelaçadas com as modas de viola, onde pessoas se reuniam em roda para compartilhar suas histórias, os famosos "causos". Isso era tradição, a lembrança caipira, representada pela música, oferecendo um retrato autêntico do Brasil rural. “A fogueira, a noite, redes no galpão, um palheiro, a moda, um mate, a prosa saga sina, causo e onça, tem mais não...”  Ao longo dessa noite inesquecível, as chamas da fogueira dançavam ao ritmo das histórias compartilhadas. O calor das amizades, a simplicidade dos momentos e a riqueza das tradições se entrelaçavam, formando memórias que resistem ao tempo.

O sertanejo, um dos gêneros musicais mais simbólicos do Brasil, tem atravessado décadas, moldando-se e evoluindo ao longo do tempo. No entanto, para alguns apreciadores nostálgicos como eu, as décadas de 70 e 80 são reverenciadas como uma era dourada, um período em que os grandes sucessos foram imortalizados na rica arte da história musical do país.

Não se trata de uma crítica infundada, mas sim de uma análise que busca ressaltar a notável diferença entre as composições daquela época e o panorama musical atual. Nos tempos áureos, as composições eram verdadeiras obras de arte, carregadas de emoção e genuinidade. Hoje, muitas vezes, nos deparamos com um cenário onde as criações se encontram envolvidas em um contexto midiático, perdendo parte da essência que as caracterizava.

Antigamente, sabíamos reconhecer a voz de quem estava cantando, cada timbre carregava consigo uma identidade única. A autenticidade que permeava as composições de outrora muitas vezes se perdeu nas repetições incessantes e na busca desenfreada por padrões de sucesso. Recordar é reviver, e ao pensar na música sertaneja das décadas passadas, é inevitável não sentir saudades da roça, na madrugada o rádio de pilha convidava para levantar “olha a hora...” ...das serestas românticas que embalavam as conquistas e das inesquecíveis duplas que marcaram época. As festas do peão e as exposições agropecuárias, com seus bares rústicos feitos de bambu, palcos improvisados, tudo isso contribuía para a autenticidade e o charme peculiar do sertanejo daqueles tempos. Em meio a essa reflexão, não é uma crítica destrutiva, mas sim um convite para apreciar e valorizar as raízes que deram forma ao sertanejo, reconhecendo a singularidade das composições passadas e, ao mesmo tempo, permitindo que o gênero evolua e se reinvente de maneira autêntica, preservando a verdadeira essência que o tornou tão especial ao longo dos anos.

Ao relembrar o passado, é impossível não mencionar ícones que moldaram o cenário sertanejo. Tião Carreiro e Pardinho, figuras fundamentais da primeira linha do estilo, deixaram um legado inesquecível. Lembro de um tio, o Tio Zé, muito fá da dupla, que tinha algumas fitas cassetes que não cansávamos de ouvir. Tonico e Tinoco, uma das duplas antigas mais célebres, a favorita do meu avô Francisco, permanecem como uma das maiores referências na música caipira brasileira. Lourenço e Lourival, com quase sete décadas de carreira, continuam ativos, testemunhando a durabilidade e a atemporalidade desse estilo musical, o som inconfundível ao ouvir... “Se eu morrer, Deus dá um jeito, mas a vida é muito bela, não vai faltar no ranchinho, pra mulher e os filhinhos... O franguinho na panela...” “Menina da aldeia, aí quem me dera se eu pudesse agora, voltar de novo ao tempinho da escola...” Acredito que lendo, você pode “ouvir” a melodia e com certeza cantarolou...

Tonico & Tinoco

Lourenço & Lourival

Tião Carreiro & Pardinho


O panorama das duplas sertanejas do passado não estaria completo sem homenagear Milionário e José Rico, ao mergulharmos no vasto cenário das duplas sertanejas do passado, é impossível não prestar uma reverência especial a essa dupla, verdadeira lenda que conquistou o título de "gargantas de ouro do Brasil".

O legado musical de Milionário e José Rico é vasto e inigualável, sendo suas canções testemunhas de uma era dourada da música sertaneja. Hits como "Na estrada da vida, A carta, Sonhei com você, Viva a vida, Vontade dividida, Decida e Duas camisas...” ecoam ainda hoje, transportando os ouvintes para um tempo em que a simplicidade das letras e a riqueza das melodias eram a essência da verdadeira música sertaneja. A dupla marcou época não apenas pela qualidade musical, mas também por sua contribuição à preservação da essência da música sertaneja. Seu legado perdura, e suas canções continuam a repercutir como um tributo eterno à verdadeira essência do sertanejo brasileiro.

Milionário & José Rico


Chitãozinho e Xororó, uma dupla que deixou uma marca permanente na história do sertanejo, são verdadeiras unanimidades na lista das melhores. Ao longo de uma carreira que ultrapassa meio século, esses notáveis artistas não apenas conquistaram a venda de milhões de álbuns, mas também deixaram uma marca permanente com sucessos incontestáveis. Suas canções não são apenas melodias, mas verdadeiras trilhas sonoras da vida de muitos. Quem não se emocionou ou ainda se emociona ao ouvir pérolas como "Se Deus me ouvisse", que toca a alma com sua profundidade emocional, ou "Não desligue o rádio". Inesquecíveis, também, são os momentos embalados por "Amante amada" “Estrada”, "Terra tombada". E quem poderia esquecer o impacto de "Evidências", uma balada que se tornou um clássico, capaz de evocar sentimentos profundos com sua simplicidade? E, é claro, não podemos deixar de mencionar a icônica "Fio de cabelo", que transcendeu as fronteiras musicais e se tornou um símbolo de uma era.

Chitãozinho & Xororó


Essas são apenas algumas das muitas obras-primas que compõem o repertório desses talentosos artistas. A lista é vasta, e cada canção é um capítulo único na história da música. Ao longo desses anos, eles não apenas conquistaram fãs, mas também se tornaram parte integrante da tradição musical, deixando um legado que continuará a inspirar e emocionar gerações futuras. Suas músicas são mais do que simples composições; são testemunhos da atemporalidade e da beleza da arte sonora.

João Mineiro e Marciano, durante os anos 80, foram protagonistas marcantes no cenário sertanejo, lançando músicas que repercutem até hoje, como "Se eu não puder te esquecer" e "Ainda ontem chorei de saudade". “Você me pede na carta, que eu desapareça. que eu nunca mais te procure... pra sempre te esqueça.” “Aqui todas as paredes são azuis... Aquela mesma cor que escolhemos...” quantas madrugadas, foram compartilhas ao som dessas músicas...  

João Mineiro & Marciano


A dupla Chrystian & Ralf, conhecida como cowboys do asfalto, trouxe a música sertaneja de raiz para a classe média, conquistando o público com afinação e senso de humor ímpar. Quantas canções a dupla emplacou, e nos brindou com sucessos que estão gravados para sempre no cenário musical, “Ausência” “Saudade”, “Nova York, saudade vai, vai, vai... saudade vem, vem, vem te buscar...” “Tempo ao tempo”, e a extraordinária “Chora peito.” Em 1986, lembro, ao lado de dois amigos, irmos numa madrugada de Santo Antônio da Barra até Jatai, em um Fiat 147, com essa fita no toca-fitas... “chora peito, me mata de uma vez, porque aos poucos, eu não vou morrer... Chora peito, me mata de uma vez, pra não dar tempo de pensar em você...

Chrystian & Ralf


Enquanto escuto as canções dessas duplas, quanto Chitãozinho & Xororó, Chrystian & Ralf, Matogrosso & Mathias, João Mineiro & Marciano, Milionário & José Rico, César & Paulinho, Gilberto & Gilmar, Leandro & Leonardo, João Paulo & Daniel, Gian & Geovani, Zezé Di Camargo & Luciano, Trio Parada Dura, entre outros, sinto-me conectado com a rica história da música sertaneja. Essas duplas, com seus estilos únicos, continuam a ecoar pelos anos, proporcionando uma jornada musical repleta de emoções e lembranças.

César & Paulinho

Gilberto & Gilmar


João Paulo & Daniel

Leandro & Leonardo

Matogrosso & Mathias

Trio Parda Dura

Zezé Di Camargo & Luciano


Sei que muitos vão enaltecer os cantores e duplas de hoje, com as suas apresentações espetaculares e seus eventos grandiosos, porém, as suas composições são um tanto quanto ruins, mas essa é a minha opinião. No cenário musical contemporâneo, é inegável que muitos artistas e duplas conquistaram o coração do público com performances espetaculosos e eventos majestosos. No entanto, ao analisar mais profundamente as composições da nova geração algumas observações podem ser feitas. A minha opinião, por mais individual que seja, aponta para uma certa carência na qualidade das composições atuais. Muitos dos hits atuais parecem se apoiar fortemente em fórmulas repetitivas, letras superficiais e melodias previsíveis. 

É claro que há exceções notáveis, com artistas que conseguem equilibrar espetáculo e substância em suas criações. A nostalgia por épocas em que a profundidade poética e musical era um critério mais valorizado pode influenciar a perspectiva de alguns apreciadores da música. O importante é reconhecer a diversidade de gostos e apreciar a música em suas diversas manifestações, mesmo que a opinião sobre as composições possa variar, mas essa é a minha opinião.



segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Houve um tempo...


 


Houve um tempo em que as pessoas valorizavam o contato humano de uma maneira singular. Era uma época em que se encontravam para colocar o papo em dia, não apenas virtualmente, mas pessoalmente, olhando nos olhos umas das outras, prestando atenção no que ela falava, não de cabeça abaixada fixando a tela de um celular. Era uma época em que as visitas não eram pautadas por interesses camuflados, mas sim pela genuína alegria de estar junto e de colocar o assunto em dia, quando se ouvia, “vamos entrar pra dentro”. Os cafés medrosos (ele sempre vinha acompanhado...).

A felicidade era medida pela qualidade dos relacionamentos que se desenvolviam de maneira única. Os gestos românticos eram uma arte refinada. Fazer serestas para conquistar corações, cortejar com elegância, enviar flores era uma expressão de afeto e, em meio a essa troca de emoções. Essas eram práticas comuns, carregadas de significado. As cartas, cuidadosamente escritas à mão, ganhavam vida, e a espera pela resposta acrescentava um toque de ansiedade e expectativa. As serenatas embalavam noites românticas, onde o cortejo se tornava uma arte elegante, “meu violão em seresta à luz de um luar, a natureza em festa, tudo parece cantar.”



As noites eram preenchidas pelo som das rádios em ondas curtas, sintonizando as baladas que resistem ao teste do tempo, provando que a música de boa qualidade não pode ser esquecida pelo tempo, a boa música é capaz de resistir ao modismo do momento. A música afinal, transcende momentos e permanece como uma trilha sonora atemporal, resgatando memórias e emoções que ainda ecoam em nossos dias. Era uma época em que a conexão era mais profunda, mesmo sem a instantaneidade das redes sociais.




A arte de fazer pamonha é um ritual que transcende o simples ato de cozinhar; é uma valorização à tradição, ao trabalho árduo e à comunhão entre pessoas. Hoje, é verdade, é mais simples encontrar uma pamonha no mercado ou na pamonharia da esquina. Mas por detrás desse ato de consumo fácil, há uma riqueza de significados que só aqueles que se aventuraram nos segredos da sua preparação podem compreender. Assim, a arte de fazer pamonha transcende o mero ato culinário. Isso também vale para o churrasco... O encantamento está na socialização.





Pode-se dizer que sou nostálgico, e com orgulho admito, sou nostálgico. Ao analisar o cenário atual em todos os aspectos, é inegável o avanço e desenvolvimento que experimentamos. Contudo, entre as inovações e conquistas, algo se perdeu. Os relacionamentos, outrora repletos de autenticidade, hoje muitas vezes cedem espaço à superficialidade. As mudanças são palpáveis, mas, no fundo do meu ser, encontro uma preferência pelo relacionamento autêntico e pelas experiências humanas genuínas.




Enquanto analisamos os aspectos atuais da nossa sociedade, percebemos que, embora tenhamos conquistado muito, algo se perdeu no caminho. Prefiro a simplicidade de outrora, onde o valor estava nas conexões humanas simples. Em um mundo que se move velozmente, às vezes, é bom relembrar e apreciar o que antes era considerado comum.


Pois, no final das contas, é nos relacionamentos verdadeiros e nas pequenas sutilezas que encontramos a essência da vida. A nostalgia não é apenas um lamento pelo que se foi, mas uma celebração da beleza única que existia naqueles momentos. Em um mundo que avança rapidamente, cultivar a essência da humanidade e a verdadeira conexão continua sendo uma escolha valiosa.