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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

De volta ao passado - Nostalgia pelos anos 50 e 60.


Entre os muitos filmes que guardam com carinho, há um que ocupa um lugar especial: Meia-Noite em Paris. Muitas vezes me vejo refletido em Gil Pender, o personagem nostálgico e sonhador que, vagando pelas ruas encantadas de Paris, se encontra transportado a eras gloriosas que o fascinam. Como ele, sinto uma atração irresistível por tempos que nunca vivi, mas que refletem dentro de mim, principalmente das décadas de 50 e 60, transmitidos de uma magia quase tangível.

Filme: Meia-noite em Paris 


Enquanto Gil se perde nos encantos dos anos 20, meu coração pertence aos anos 50 e 60, épocas que meu pai descrevia com um brilho nos olhos. Ele sempre me contou que o final dos anos 50 era único, especialmente 1958, quando a juventude parecia conquistar o mundo. Lambretas coloridas cruzavam as ruas ao som vibrante do rock and roll, de Bill Haley, Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard. Era uma época que pulsava com descobertas, mudanças e uma rebeldia contagiante.

Meu Pai... 




E então veio os anos 60, carregados de um ritmo próprio, embalados pela energia dos Beatles, Bee Gees e pela intensidade de Janis Joplin. Imagine como seria testemunhar o Clube da Esquina florescendo em Minas Gerais, sentindo na pele a inovação daquele momento. Em 1965, o programa Jovem Guarda dava voz a Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, traduzindo o desejo de uma juventude que ansiava por mais. Havia também os festivais da canção, que iluminavam sonhos e expressavam novas ideias.




Essas décadas são caracterizadas não apenas pela música, mas pela moda, atitude e pelos ícones que as marcaram: as minissaias, o charme das normalistas, a presença inesquecível de Marilyn Monroe e a rebeldia de James Dean. Penso que, se pudesse retornar a esses anos dourados como Gil, eu buscaria essas ruas e melodias que se tornaram parte de mim.




Se tivesse a chance de voltar no tempo, exatamente como Gil, seria para lá que desejaria ir. Talvez uma parte de mim tenha pertencido a esses anos dourados, onde a música, os encontros e a efervescência cultural tornaram tudo inesquecível. Esses "anos dourados" vivem em mim, e são nessas lembranças de um passado idealizado que eu retorno sempre que posso.

 








terça-feira, 15 de outubro de 2024

A história do Long Play (LP)



 

A história do Long Play (LP) começa na década de 1940, quando o engenheiro húngaro-norte-americano Peter Carl Goldmark foi contratado pela Columbia Records para desenvolver um disco de vinil mais resistente e durável. O resultado foi um disco capaz de armazenar cerca de 23 minutos de música em cada lado, o Lado A e o Lado B... O LP foi apresentado ao mundo em 21 de junho de 1948 e logo se tornou o padrão para gravações comerciais. O vinil revolucionou a forma como as pessoas ouviam música, atingindo seu auge nas décadas seguintes, especialmente nos anos 70 e 80.


No entanto, o surgimento do Compact Disc (CD), após anos de desenvolvimento, deu início a uma transformação no mercado musical. Lançado em agosto de 1982 na Alemanha pela Polygram, o CD trouxe a gravação e reprodução digital, aprimorando o som analógico por um raio laser que lia os bits digitais do disco. Já em 1986, as vendas de CDs nos Estados Unidos superaram as dos LPs, e no Brasil, o CD fez sua estreia em 1986. Ainda assim, o LP resistiu até o início dos anos de 1990. Em 1993, embora o CD já dominasse no mercado, ainda se vendia milhões de LPs. Porém, em 1996, o vinil começou a desaparecer das prateleiras, e as grandes gravadoras encerraram sua produção em 1997.


Na década de 1970, os LPs eram uma presença constante na minha infância. Não havia churrasco, jogo de truco ou simples encontro em que o vinil não estivesse girando na vitrola. Os LPs, assim como as fitas cassetes e os compactos (disquinhos) com suas poucas faixas, eram o coração das festas e reuniões. Ouvíamos o Lado A e o Lado B por vezes, em uma experiência que transcendia a simples audição.



Meu encantamento pelos LPs começou a crescer no início dos anos 1980, com a chegada da adolescência. As capas, os encartes e, claro, o conteúdo musical dos discos nos fascinavam. Ir à casa de amigos para ouvir LPs era um ritual mágico. Havia uma reverência especial em manusear os discos e compartilhar as músicas, mergulhando juntos naquele universo sonoro.





Meu primeiro aparelho 3x1 foi um Sharp, que comprei na Praça 8 de Setembro, no Bairro da Penha, em São Paulo, nas Lojas Buri. O primeiro LP tocado nele foi o álbum Forever Young, de Rod Stewart, lançado em 1988. Ganhei esse disco no meu aniversário de 20 anos, e ele marcou uma fase importante da minha vida. Contudo, o disco que mais tocou nesse aparelho foi o icônico Hunting High and Low, do A-ha, uma das maiores joias da minha coleção.





As noites mágicas, com o fone nos ouvidos e a dedicação de gravar fitas cassetes. Criar coleções personalizadas era uma forma única de compartilhar emoções e sentimentos por meio da música, especialmente quando presenteava alguém com uma seleção feita com tanto carinho... quantas coletâneas eu fiz e presenteie alguém... Ainda hoje, mantenho vários LPs em minha casa, e não pretendo me desfazer deles. Cada disco traz consigo uma parte da trilha sonora da minha vida, acervo repleto de memórias e emoções. Meu é uma verdadeira cápsula do tempo, com clássicos que atravessam gerações: da música sertaneja autêntica, passando pela MPB, rock, cantores e cantoras e bandas que marcaram épocas, tanto no Brasil quanto no mundo, estão Roberto Carlos, Fábio Junior, Moacyr Franco, Oswaldo Montenegro, Roupa Nova, Elvis. Presley, Beatles, Michael Jackson, Elton John, Bee Gees, ABBA, Cyndi Lauper e trilhas sonoras de novelas e, claro, todos os discos lançados em vinil da minha banda favorita, o A-ha.




Fiz parte de um tempo mágico, em que esperar pelo lançamento de um LP e vivenciar sua música era uma emoção única, uma experiência quase ritualística. Hoje, essa sensação parece perdida, assim como a qualidade da música que ouvimos. A música antiga tocava o coração; a de hoje, infelizmente, machuca a audição.

 








quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A geração de 50 e 60 anos à beira da extinção!


 


A geração de 50 e 60 anos está, de fato, à beira da extinção. Uma geração que testemunhou e viveu transformações profundas na sociedade e na tecnologia. Essas pessoas enviavam e recebiam cartas com emoção, esperando ansiosamente a chegada do carteiro, trazendo notícias de terras distantes. O telefone fixo era um luxo, e muitos de nós usávamos fichas que duravam apenas três minutos para conversar (eu tenho apenas três minutos). lembramos das cartelas de fichas, essenciais para trabalhar, namorar e manter contato com amigos e familiares. A lista telefônica, hoje esquecida, era uma ferramenta necessária para localizar pessoas.

Essa geração se orgulhava de seus cursos de datilografia, pois um diploma dessa área era a chave para um bom emprego. Gravamos músicas em fitas K7 diretamente da rádio, torcendo para que o locutor não interrompesse no meio da canção. Ir à locadora de vídeo nas sextas-feiras era um evento: alugar mais de cinco fitas feitas uma maratona de filmes, sempre lembrando de rebobinar antes de devolver.


Usávamos jeans USTOP, calçávamos Kichute e Bamba, símbolos de uma época em que moda e simplicidade andavam lado a lado. Gastávamos horas jogando fliperama, e a venda da esquina era um paraíso verdadeiro de guloseimas. Quem não sonhou com uma bicicleta Caloi? E os álbuns de figurinhas de chiclete que sempre tiveram uma figurinha rara que nunca aparecia?








Colecionamos tampinhas de refrigerante para trocarte por miniaturas, construímos carrinhos de rolimã, o que muitas vezes terminava em dedos esfolados. Jogávamos futebol descalços, e o famoso "mertiolate que ardia" era um pesadelo para os ferimentos. Nossa infância foi embalada pelos programas de TV que marcaram gerações: "Sítio do Pica Pau Amarelo" (1977), "Vila Sésamo" com Garibaldo, Ênio e Beto, "Terra de Gigantes", "Túnel do Tempo", "Perdidos no Espaço ", Mundo Animal e Disneylândia,  "Os Waltons", com clássica frase "boa noite, John Boy". Assistimos a todos os desenhos de Hanna-Barbera, e com eles construímos memórias que carregamos até hoje.





A geração dos anos 80 carrega um charme nostálgico e uma riqueza cultural que continua a ser lembrada com carinho. Foi uma época em que as pessoas, especialmente quem soube aproveitar o momento, viveram intensamente, sem a pressa digital de hoje. Quem cresceu nessa década aprendeu a apreciar as pequenas alegrias: a emoção de esperar por um novo álbum musical, o prazer de jogar bola na rua, o fascínio por seriados e filmes na TV aberta e, claro, as conversas longas e sem interrupções tecnológicas.

Essa geração soube se adaptar. Muitos viram o surgimento dos computadores e a transição para a era digital, mas não perderam a essência dos detalhes simples, como um encontro com amigos ou a sensação de colocar um LP para tocar na vitrola. O passado tem raízes profundas, e a adaptação ao novo foi vívida com serenidade, sem deixar de lado o que é essencial.

Acima de tudo, essa geração carrega uma avaliação especial pela vida, algo que transparece na forma como lidar com as mudanças. Sabem que, em meio à velocidade do tempo, são nas pequenas coisas que residem a verdadeira felicidade – algo que nunca envelhece. Uma geração que soube viver, adaptar-se e, acima de tudo, apreciar os pequenos detalhes da vida. É uma geração que está à beira da extinção, mas que deixa um legado de simplicidade, criatividade e uma nostalgia carregada de valor por tudo o que viveu.