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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Todos os dias é um vai-e-vem na estação


Fábio Trancolin


Estação Rodoviária
Chegar e partir são os dois lados da mesma viagem. Quantos daqui partiram e quantos por aqui chegaram. Passei muito por ali, ela era simples, não vou dizer que era aconchegante, mas ela tinha lá os seus encantos. Do lado da Presidente Vargas, ficavam estacionados os táxis geralmente os “corcéicinhos”, aquele que deixou o Raul Seixas feliz, ele comprou um 1973. Do outro lado, algo diferente as charretes (carinhosamente chamadas de balainhos de putas) e seus condutores, elas faziam sucesso, lembro-me do Tio Zé que veio de São Paulo em 1978 e achou aquilo um barato “táxi charrete”, fez questão de ser conduzido por uma daquelas... Os bares de rodoviária de interior com vidros embaçados e cheiro dos salgados fritos invadiam o ambiente... Carninha, pão de queijo, pastel com Guaraná Mineiro, Mirinda ou Crush... Humm “Trem bão”!

 Bazar Jerusalém - Seu Munir Abdallah

Na rodoviária, tinha o salão do barbeiro João que era irmão do Domingos Sabino mais conhecido no mundo artístico como Amaraí (Belmonte & Amaraí) da famosa música “Saudade de minha terra” (Goiá e Belmonte) que já vendeu mais de 1.650,000 cópias e é um hino sertanejo. “De que me adianta viver na cidade. Se a felicidade não me acompanhar, adeus paulistinha do meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar...”. Também, tinha o Bazar Jerusalém, o proprietário era o Seu Munir Abdallah que veio da Palestina. Ali vendia as lembrancinhas para quem ia, e para quem chegava e um monte de coisas mais e, também tinha a generosidade do ‘turco ou libanês’ naquela época não fazia diferença o que valia era a receptividade do bom amigo Munir.


Estação rodoviária década de 70
A estação ficou ali por quase vinte anos, foi na gestão do prefeito Paulo Campos que ela foi instalada naquela área, dizem que as pessoas comentavam “a rodoviária foi lá para cima não tem nada lá...” Antes disso, os ônibus saíam de alguns pontos da cidade. E, 1983, a história se repete, nova estação é inaugurada pelo prefeito Iron Jaime e, também, não tinha nada naquele ponto da cidade...


Quem chega a Rio Verde e desembarca na estação vê o busto de bronze preservando a memória do empreendedor do transporte.  Na década de 40, a jardineira de Nego Portilho transportava os passageiros e malas-postais.  E em homenagem a Epaminondas Portilho, o pioneiro da primeira linha de ônibus da região, a rodoviária recebeu o seu nome. Essa foi uma justa homenagem.   
Epaminondas Portilho o pioneiro da primeira linha de ônibus da região


“Todos os dias é um vai-e-vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais, tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar. E, assim, chegar e partir...”. 


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Lar dos vovôs: Caridade e bondade


Fábio Trancolin

ABAL - Rua Gumercindo Ferreira
Caridade e bondade, as irmãzinhas do bem andando juntas e auxiliando sempre. E quando se fala em auxiliar com bondade e mãos caridosas, um nome vem à mente “ABAL”... O que é ABAL? Muitos me perguntaram muito isso. ABAL é Associação Beneficente André Luiz. Que nasceu em 1962 em algumas simples casinhas no fundo da Vila Borges. E um dia após o meu nascimento ela se mudou para o centro da cidade, era o dia 7 de setembro de 1968, ela se estabeleceu na Rua Gumercindo Ferreira e ali foram 20 anos até que em 1988 ela foi para onde está até hoje na Vila Amália. E sempre ajudando ao próximo.

ABAL - Rua Gumercindo Ferreira

A ideia foi sempre de acolher os idosos mais carentes, desprovidos de qualquer renda, que estejam em situação de risco, vivendo nas ruas e abandonados por seus familiares, ou ainda aqueles que possuem familiares, mas que, às vezes, não têm as condições da família cuidar. O principal é dar a esses idosos um lar digno e acolhedor, respeitando as diferenças de cada um. E oferecer aos idosos uma moradia adequada às suas necessidades físicas e emocionais, garantindo um ambiente harmonioso e tranquilo onde eles possam se sentir protegidos. 


Lar dos vovôs

Eu morava próximo ao abrigo e sempre passava na porta e lá estavam os ‘velhinhos’ sentados nos bancos ‘esquentando sol’ e vendo o tempo passar que naquela época demorava passar... E, lá dentro, as mãos amigas e caridosas a todos atendiam com a paciência, aquela paciência que o Mestre pediu que fizessem. Depois que ela mudou para a Vila Amália, muito ela cresceu e a possibilidade de atender mais idosos foi melhorando cada vez mais, o quadro de funcionários aumentou, as dificuldades também... Mas, como o Plano Maior não desampara, a ajuda sempre vem.



Muitos idosos ali passaram seus últimos dias, personagens da nossa história, ‘Pedro Biriba’, ‘Paulinho da Pirráia’, ‘Maria Peituda’ foram alguns que foram protegidos pelas mãos da caridade. E hoje mais de cem amparados ali estão... Entre eles os meus bons amigos João Furquim com seu jeito pacato, tranquilo, fala mansa e tristeza no olhar. O Eduardo Costa carinhosamente chamado de Teleco que outrora foi um dos melhores ourives que a cidade já teve. O Silvio com o teu jeito galanteador. Quando desenvolvi o Trabalho de Conclusão de Curso, tive a oportunidade de conhecer mais profundamente as histórias, os desgostos e os medos de cada um... A Tia Célia que assim era carinhosamente chamada com seus 107 anos e nos deixou esse ano. A Dona Márcia a “vovózona” que uma semana depois da nossa apresentação do TCC, também, nos deixou retornando à Pátria Espiritual. 

Teleco e Furquim



Dona Márcia - Vovózona



Dª Célia viveu até os 107 anos no Lar 
E, para finalizar, não tem como falar do ‘Lar dos vovôs’ (nome carinhoso que foi instituído no ano passado na comemoração de 50 anos da instituição) e não citar a luminosidade da bondade de Ulisses Luz, que há 25 anos cuida da casa, ampara, orienta, sempre com a voz mansa e calma trás uma palavra de esperança. Agora que você conhece um pouco da história da ABAL, Lar dos vovôs... Que tal em ir até lá e fazer uma visita e conhecer um pouco mais.
  




Ulisses Luz 



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

"Você já foi na pecuária?"




Fábio Trancolin


Exposição pecuária 1971 – Dona Isabel no colo Marcello, Jairon e Fábio

Quando eu era criança nos anos 70, lá pelo mês de julho o que mais se escutava era, "você já foi na pecuária?" Era um passeio obrigatório, era um evento esperado e um tanto aguardado. Era o acontecimento do ano, os bares, os shows, o parque, ah! O parque de diversões com suas atrações! Carrinho bate-bate, roda gigante, escorregador, carrossel, olha argola... Quem quer tentar a sorte?... “Hoje grande atração ‘Conga’ a mulher gorila!” era anunciada no alto-falante do parquinho em um tom assustador, as apostas um tanto quanto duvidosa e seus marreteiros...

Maçã do amor e sorvete na casquinha naquelas máquinas com os vidros coloridos era uma delícia. Vendedores de muitas coisas se encontravam de tudo. Dupla sertaneja de música sertaneja mesmo (Milionário & José Rico, Mato Grosso & Matias, João Mineiro & Marciano, isso só para citar alguns, a lista de grandes duplas é imensa)... Não se cobrava, não tinha ingresso. Animais em exposição, belos animais sem hormônios. O touro Reflexo, grande campeão! Garotas e garotos no vai e vem à procura de alguém, sempre encontrava alguém... E, geralmente, terminava a noite de mãozinhas dadas com maçã do amor.

Maça do amor

Máquina de sorvete

Poeira, poeira vermelha do meu sertão, com palha de arroz, invadia as narinas dos tempos de recordação, misturada com cheiro de bosta de vaca, que você que lá esteve sabe do que estou falando! Assim, eram os dez dias da festa, os “manguaceiros” amanheciam no meio da palha, às vezes, ali ficavam dias “curtindo” a festa. A “pecuária” sempre foi ali onde está até hoje, mas como era longe naquela época!

Final de festa era aguardada pelas donas de casa, era dia da liquidação dos mascates e vendedores ambulantes, eles montavam as barracas dentro da feira, e terça-feira era realizado o “queimão”... Era a alegria da “mulherada”, panela, bugiganga, utensílios domésticos e muitas outras coisas...

Hoje a feira é referência, não só no estado e sim no país, mas aqui recordamos um tempo de qualquer ano da década de 70 ou 80... E “você já foi na pecuária?”‘



Touro Reflexo - criador Wagney Azevedo Leão 

Touro Reflexo - criador Wagney Azevedo Leão 



















































terça-feira, 10 de setembro de 2013

Pintando de azul e amarelo




Fábio Trancolin


                                                                     Foto Fábio Trancolin


A cada amanhecer ou entardecer lá estão elas pintando o céu de azul e amarelo, lindas e barulhentas. Encanta a todos com as revoadas, um espetáculo que já faz parte da paisagem. ‘Show da natureza...’ Mas há algo errado, elas não deveriam estar ali. Sim é bonito é uma atração, porém isso esta errado. 


                                                          Micos - Foto Fábio Trancolin

Sem local adequado para viver, animais silvestres se deparam com a necessidade de percorrer outros espaços para conseguir alimentos, e invadem os espaços urbanos, isso acontece devido ao desmatamento das florestas naturais. Esses alimentos elas encontraram nas palmeiras da cidade. Com o cerrado cada vez mais escasso isso acontece com frequência. Outros animais também vêm em busca de alimentos e ficam perdidos e acuados. Pelo visto não tem muito que fazer a não ser apenas admirar a beleza das ‘bicolores.’ Que são lindas... Mas afirmo isso não está certo. Causaram um dano no seu habitat, desalojaram as ‘Canindés’. 

                                                                                         Foto Fábio Trancolin


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Lembrando da infância - (Casa das louças)



Fábio Trancolin

Ernesto Pagirys e Dona Zila 


Estava sentado num banco da praça da matriz e com olhos que contêm o olhar antigo, me vi menino. E como todo menino da minha idade tinha um sonho de brinquedo. E falar em brinquedo naquela época, um nome povoava o nosso imaginário, “Casas das louças”. O paraíso da fantasia de menino pobre ou abastado. Vejo o velho e bom amigo Ernesto Pagirys no balcão com o seu tom de voz “barulhento” inconfundível.  

Quando eu ia para a escola na sua porta passava, e ali sonhava com a bicicleta que ficava exposta na porta. E por falar em escola, no meu caminho educacional ela também esteve presente, o ano era 75, quando eu iniciei os meus estudos, os cadernos, a pasta, lápis e borrachas meu pai comprou nas Casas das louças. As “canetinhas Sylvapen” também, foram compradas lá, o meu estojo tinha apenas seis, como eu sonhava com a de 24 cores...

Canetinhas Sylvapen
Vai casar, noivar, é o dia das mães, aniversário de alguém, era só ir até as casas das louças que o presente iria encontrar... Mas, bom mesmo, era o dia das crianças e o maravilhoso natal. Podia ter certeza que alguma coisa de lá viria, sempre algo vinha. Numa época em que brincar de bandido e polícia era pura ingenuidade, até revólver de espoleta eu ganhei... O som da sirene do “bate e volta” no seu barulhinho e bate aqui e bate lá... Pacotes de indiozinhos e soldadinhos... Ferrorama... Autorama, tênis bamba... De tudo se encontrava por lá...  No amontoado de brinquedos e utilidades que o cheiro do nariz não sai, ficou impregnado nas “narinas” da memória. A família Pagirys ali trabalhava, Dona Zilá, Dona Hilda, e vários vendedores por lá passaram, e um dos que se destacava, era o Leonardo, menino bom filho da Dona Deolinda

Sabina Pagirys neta do Seu Ernesto
Lembro-me dos natais, na praça, em frente, se colocavam as lâmpadas coloridas, não era pisca-pisca “Made in China” eram lampadinhas azul, amarela, verde e vermelha... São das mesmas cores dos carrinhos do meu autorama que ainda tenho guardado e que ganhei no natal de 1974... Um belo presente e inesquecível que o pai me deu depois de alguns dias hospitalizado. Meu irmão mais velho ganhou um ‘bate e volta polícia’, e, o mais novo, um jipe (aquele que a criança entrava e tinha os pedais do vai vem e você movimentava e fazia-o andar). 



Porém, um dia o sonho acabou... No inverno de 2000, as labaredas do fogo infernal nosso sonho consumiu... As lágrimas que dos olhos escorriam não conseguiram o fogo apagar... Ainda tenho na memória imagem do desespero do amigo Ernesto (menos de um mês depois, ele também se foi), vendo a loja ser consumida, o que durante tantos anos de árduo trabalho fora estabelecido, das viagens de Kombi que, pela redondeza, ele fazia... O fogo lambia numa voracidade implacável... Eu assistia a tudo sentado na porta da casa do saudoso prefeito Iron Jaime... Acabou... Terminou... O cheiro da infância de papel, plástico e presente deu espaço para o cheiro de fumaça... Levantei fui embora e não olhei para trás... 







terça-feira, 3 de setembro de 2013

A Poluição das águas - O meio ambiente sua beleza e degradação


Fábio Trancolin

A Poluição das águas

Desde os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos cursos de água. Até a Revolução Industrial, porém, esse procedimento não causava problemas, já que os rios, lagos e oceanos têm considerável poder de autolimpeza, de purificação. Com a industrialização, a situação começou a sofrer profundas alterações. O volume de detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na água uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, não são decompostos pela natureza. Tais elementos - por exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes e os pesticidas - vão se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, consequentemente, prejudicando a vida aquática.



 O meio ambiente sua beleza e degradação.

Com o passar dos anos e a falta de consideração para com o meio ambiente. Na ânsia de apenas retirar e nada preservar. A cidade de Rio Verde, não é diferente das demais que não tem o cuidado para com o meio em que vive. Rio verde não tem um parque de preservação. Poucos lugares tem essa preocupação. Os parques são particulares, a estância Igrejinha é um local onde a natureza é respeitada, mesmo sendo um pesque e pague o local e preservado, animais vivem em harmonia com a população que por ali passam diariamente. Famílias buscam o local atrás de lazer e proximidade com a natureza.  Nas fotos que seguem vemos a tranquilidade da garça que encontra no local tudo que essa ave procura natureza preservada, água limpa e pura e alimentos em abundância. Os patos que ali residem nadam tranquilos com o sossego do local. Muitas aves visitam o local, vemos várias espécies de pássaros. A água que desce da serra é limpa e pura, quando ela cai em cascata é um espetáculo. Outro local também muito procurado pela população é o Thermas Park a beleza do local encanta a pesca também é um dos atrativos.







E finalizando. As fotos têm a sua beleza, porém deixa chateada que passa pelo local, a degradação do córrego barrinha é triste, ele nasce dentro da cidade e desemboca no córrego do sapo, outro riacho também poluído da nossa cidade. O barrinha recebe todo tipo de dejetos, desde esgoto a lixo jogado pela população que não tem a mínima consideração. Canalizado recentemente esse ‘pobre coitado’ tem apenas alguns metros de água pura, mas a sua nascente também esta sendo degradada pela ocupação e esta sendo sufocado, se poder público não tomar nenhuma solução ele brevemente, “nascerá morto”.




















Fotos: Fábio Trancolin