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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

No vai e vem da pá, o grão dourado, vira aqui e vira pra lá...


Fábio Trancolin

Rua Almiro de Moraes - Secando arroz 1976

No vai e vem da pá, vira aqui e vira pra lá... E nesse vai e vem o arroz ia secando... Serviço árduo que era realizado nos outonos dos anos 70 e que foi até 83/84 nas ruas de Rio Verde... Nem todas as ruas recebiam os grãos dourados, as mais utilizadas eram a João Belo e a Augusta Bastos, naqueles tempos o trânsito era “devagar” e a quantidade de carros era bem menor (e põe menor nisso), mas, outras ruas, também, recebiam os caminhões e seus chapas, nas proximidades do estádio Mozart Veloso do Carmo e mais algumas. 


Lembro-me do meu Tio Lázaro da Silva (Tio Zuza) no seu velho e bom Chevrolet 64, fazendo frete e transportando a safra, lá ia ele na roça no volante do “brutu” buscar a colheita. Então, entravam em cena os “chapas” que eram contratados para descarregar os caminhões e, aos poucos iam distribuídos os grãos na via, em pouco tempo, ela estava praticamente tomada, deixavam um corredor para que os carros pudessem passar... E lá ficavam expostos, e os trabalhadores de hora em hora iam revirando o arroz com seus rodos enormes.  E, suando em bicas, protetor solar, eles nem sabiam o que era isso. O cheiro invadia o ar, com o passar dos tempos, descobriram que aquele pó expelido pela palha faziam um mal danado, o meu pai sabe bem o que é isso, na minha casa, fez estrago na saúde dos meninos.  


O final da tarde vinha se aproximando e era a hora de começar a recolher, rodo que vai e rodo que vem, juntava aos montes no meio da rua, então, entravam em cena as latas de 18 litros, que mergulhavam na montanha dourada, e era despejada nas bocas abertas dos sacos de aniagem, em pouco tempo, ele já estava de pé na espera da agulha e do fitilho nas mãos hábeis do “costureiro”. Terminada a amarra, os sacos eram tombados, à espera da turma que amontoaria as pilhas que fariam a alegria da molecada. Eu fiz parte dessa molecada, como escalei essas pilhas. E, no outro dia, tudo de novo, espalhavam o “agulhinha”, e vai e vem, vira que vira... Depois da secagem, os caminhões levavam para o beneficiamento. 


Em algumas vezes, ocorriam problemas, e o pior que poderia acontecer para essa turma, era um drama chamado chuva, quando ela vinha de repente, causava estrago. E os grãos desciam na enxurrada e eram despejados no córrego Barrinha. Mas, na maioria das vezes, tudo corria dentro do previsto. E, depois de ser beneficiado a “Oryza Sativa” alimenta mais da metade da população mundial. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, o Brasil é o 9º maior produtor de arroz do mundo. Hoje, Rio Verde não produz mais arroz, perdeu espaço para o milho e, a rainha da vez, a soja. Tem aquele produtor que planta para o consumo. E depois de tanta labuta e de toda a via sacra, ele chegava na mesa das famílias para formar o casal perfeito, “Arroz e feijão...”.


                                              






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