Rua Almiro de Moraes - Secando arroz 1976
No
vai e vem da pá, vira aqui e vira pra lá... E nesse vai e vem o arroz ia
secando... Serviço árduo que era realizado nos outonos dos anos 70 e que foi
até 83/84 nas ruas de Rio Verde... Nem todas as ruas recebiam os grãos
dourados, as mais utilizadas eram a João Belo e a Augusta Bastos, naqueles
tempos o trânsito era “devagar” e a
quantidade de carros era bem menor (e põe menor nisso), mas, outras ruas,
também, recebiam os caminhões e seus chapas, nas proximidades do estádio Mozart
Veloso do Carmo e mais algumas.

Lembro-me
do meu Tio Lázaro da Silva (Tio Zuza) no seu velho e bom Chevrolet 64, fazendo
frete e transportando a safra, lá ia ele na roça no volante do “brutu” buscar a colheita. Então, entravam
em cena os “chapas” que eram
contratados para descarregar os caminhões e, aos poucos iam distribuídos os
grãos na via, em pouco tempo, ela estava praticamente tomada, deixavam um
corredor para que os carros pudessem passar... E lá ficavam expostos, e os
trabalhadores de hora em hora iam revirando o arroz com seus rodos
enormes. E, suando em bicas, protetor
solar, eles nem sabiam o que era isso. O cheiro invadia o ar, com o passar dos
tempos, descobriram que aquele pó expelido pela palha faziam um mal danado, o
meu pai sabe bem o que é isso, na minha casa, fez estrago na saúde dos
meninos.

O
final da tarde vinha se aproximando e era a hora de começar a recolher, rodo
que vai e rodo que vem, juntava aos montes no meio da rua, então, entravam em
cena as latas de 18 litros,
que mergulhavam na montanha dourada, e era despejada nas bocas abertas dos
sacos de aniagem, em pouco tempo, ele já estava de pé na espera da agulha e do
fitilho nas mãos hábeis do “costureiro”.
Terminada a amarra, os sacos eram tombados, à espera da turma que amontoaria as
pilhas que fariam a alegria da molecada. Eu fiz parte dessa molecada, como
escalei essas pilhas. E, no outro dia, tudo de novo, espalhavam o “agulhinha”, e vai e vem, vira que
vira... Depois da secagem, os caminhões levavam para o beneficiamento.
Em
algumas vezes, ocorriam problemas, e o pior que poderia acontecer para essa
turma, era um drama chamado chuva, quando ela vinha de repente, causava
estrago. E os grãos desciam na enxurrada e eram despejados no córrego Barrinha.
Mas, na maioria das vezes, tudo corria dentro do previsto. E, depois de ser
beneficiado a “Oryza Sativa” alimenta mais da
metade da população mundial. É a
terceira maior cultura cerealífera do mundo, o Brasil é o 9º maior produtor de
arroz do mundo. Hoje, Rio Verde não produz mais arroz, perdeu espaço para o
milho e, a rainha da vez, a soja. Tem aquele produtor que planta para o
consumo. E depois de tanta labuta e de toda a via sacra, ele chegava na mesa
das famílias para formar o casal perfeito, “Arroz
e feijão...”.
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