Na foto, está gravada à mão essa data, testemunho de um tempo que já soma 82 anos. Ali aparece nosso avô, Henrique Nogueira Duarte, mineiro de Patos de Minas, que no final da década de 30 cuidava com dedicação do campo de aviação de Rio Verde, então localizado onde hoje é o Parque de Exposições Agropecuário.
Foi nesse ambiente que, em janeiro de 1941, nasceu meu pai, Jairon Nogueira Duarte, o último filho do “Henriquinho” Uma história curiosa, entre tantas contadas por ele, está a de que no próprio dia de seu nascimento um avião caiu no quintal de minha avó, derrubando o pé de limão que ela cultivava.
O campo de aviação mais tarde foi transferido para onde está até hoje. E na década de 70, outro “Nogueira Duarte”, meu tio Anaetes, deu continuidade ao legado, assumindo o cuidado do aeroporto. Recordo com carinho as idas no final da tarde, dentro dos “fusquinhas” branco e azul que meu pai tinha. Subíamos a estradinha de areia que começava logo depois da ponte do Córrego do Sapo e passava pela porta do Clube Campestre. Naquele tempo, ali terminava a cidade. Depois era só cerrado preservado e horizonte aberto. Eram tempos em que a visita ao local, ao final da tarde, se transformava em verdadeira festa para a família, percorrendo a estradinha de areia rumo ao pôr do sol.
Atualmente, o aeroporto de Rio Verde leva o nome de Aeroporto General Leite de Castro, em homenagem ao brigadeiro e ministro da Guerra no governo Getúlio Vargas. Natural de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, o general faleceu em 1950. Ressalto que não teve ligação direta com a história ou com o desenvolvimento do município. Sem desmerecer a homenagem, trata-se apenas da minha opinião: acredito que esse cidadão provavelmente nunca chegou a conhecer a origem da cidade de Rio Verde.
Anos depois, chegou a ser apresentado na Câmara Municipal um projeto para dar ao aeroporto o nome de Henrique Nogueira Duarte. Embora tenha sido arquivado, permanece viva a memória de seu amor e dedicação por aquele lugar, que para nós sempre será lembrado como: “Campo de Aviação Henrique Nogueira Duarte.”
Às vezes, alguns nomes acabam sendo esquecidos, mesmo tendo contribuído de forma significativa para o desenvolvimento local e para a construção das páginas da história do município. Poderia citar inúmeras pessoas que ficaram no anonimato, enquanto outros foram lembrados em placas e homenagens, muitas vezes apenas por motivos de cunho político.