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terça-feira, 15 de julho de 2025

Carta ao menino de Kichute – Quero ser grande!


 


Naquele ano, eu completei dez anos. 1978. Era ano de Copa do Mundo, e o Brasil inteiro parecia respirar futebol. Eu, menino, colecionava figurinhas e começava a descobrir o mundo mágico da bola. Estudava pela manhã; o grupo escolar ficava ao lado de casa. Terceiro ano primário. Saía correndo da aula como quem foge de um mundo sério demais para a infância, ansioso por despir o uniforme da escola — a tradicional calça caqui e a camisa branca — e vestir meu verdadeiro traje de aventuras: o short surrado, a camisa verde do Palmeiras — símbolo de uma paixão que não cabia no peito pequeno — e, nos pés, o Kichute, já desbotado de tantas corridas e dribles inventados. Era com essa vestimenta que eu me sentia eu mesmo, inteiro, menino.



Lá ia eu, de coração leve e pernas rápidas, para a quadra do Tiro de Guerra. Aquele era meu território sagrado, onde a bola era o centro do universo e o tempo se resumia no riso dos amigos e no som seco da redonda batendo no muro. Ali, eu parecia imbatível. O mundo podia ser grande e confuso, mas, naqueles momentos, eu era maior que o mundo. Era o universo mágico de Bobby, onde bastava um gol para fazer a vida inteira valer a pena. Toninho do Palmeiras...

À tarde, a casa se enchia de uma calma que hoje parece coisa rara. Meu pai, sentado na poltrona, assistia ao jornal com aquele ar sério que só os adultos carregam. Minha mãe, na cozinha, comandava os aromas que escapavam das panelas, enchendo o ar de afeto e tempero. Eu, entre cadernos e lápis, me esforçava para terminar os deveres da escola. Essa era minha única preocupação, minha única responsabilidade. Nenhuma conta, nenhum boleto. Apenas a tarefa de manter os cadernos em dia e a certeza — tão simples e tão grande — de que eu queria crescer. Ah, como eu queria ser grande.

Emmanuelle eu conhecia apenas dos cartazes no Cine Bagdah, misteriosos e proibidos como portais para um mundo que eu ainda não podia atravessar. Quero ser grande... Fora isso, tudo parecia dentro da mais perfeita normalidade: o sol se pondo devagar, bicicletas riscando a rua de terra, o cheiro de pão recém assado vindo do armazém de alguém. A vida era simples. E, na simplicidade, morava uma felicidade que eu ainda não sabia nomear.

Cresci. Vieram os 20, os 30, os 40… passaram os 50. A vontade de crescer se perdeu pelo caminho. No lugar dela, nasceu outra — a vontade de voltar. Mas crescer é natural; voltar, não. Só se volta pela memória, essa máquina do tempo sem engrenagens, movida a lembranças. De Volta para o Futuro… O DeLorean só existe na ficção. No mundo real, restam-nos as memórias — e, às vezes, elas bastam. Aqui estou eu, com mais de meio século nos ombros (não estou envelhecendo; estou me tornando um clássico), para lhe dizer: crescer é inevitável; voltar, não.



Meus pais envelheceram. Naquele tempo, eram mais jovens do que eu sou hoje. Meu pai já partiu, deixando na casa um silêncio novo e uma saudade que não envelhece. Meus filhos também cresceram. Já voaram do ninho, já constroem seus próprios mundos. E eu, que um dia tive cabelos da cor das asas de uma graúna, hoje carrego fios embranquecidos, mais próximos da plumagem de uma garça branca.

O menino de Kichute e bola debaixo do braço ainda mora aqui dentro. De vez em quando, ele me visita nos sonhos e me lembra de coisas quase esquecidas: o cheiro da quadra de cimento quente, o som da bola quicando, a sensação de que o mundo inteiro cabia na tarde de uma terça-feira qualquer. A infância se foi, mas deixou um eco — suave, persistente — um sussurro que, quando fecho os olhos, ainda posso ouvir.



quinta-feira, 10 de julho de 2025

Gentileza gera gentileza








Dias atrás, recebi um vídeo que falava sobre gentileza. Bastou apertar o play para que eu fosse levado, sem pressa, a um outro tempo… aos dias da boa vizinhança, quando gentileza não era virtude rara, mas um jeito simples de existir, os tempos de quintais grandes, cheirando a café passado na hora e bolo saindo do forno, onde a boa vizinhança não era discurso bonito, mas prática cotidiana.

E, sem perceber, fui transportado no tempo… Eram tempos em que portões e corações estavam sempre abertos,  as portas viviam entreabertas e as janelas, sempre com cortinas balançando ao vento. Os vizinhos se chamavam pelo nome e entravam sem bater, trazendo junto um sorriso, uma prosa. Tempos de verdadeiros parceiros e amigos, dos vizinhos que eram quase família. Dos favores trocados sem perguntas, sem interesses — só pela alegria de ajudar. Uma xícara de açúcar emprestada aqui, um punhado de café acolá… E havia sempre um sorriso, de quem dava e de quem recebia.

Na roça, se alguém matava um porco ou uma vaca, não demorava para que a fumaça da lenha denunciasse o cozido no fogão a lenha e, pouco depois, surgisse alguém na cerca com um embrulho de papel pardo: “Separei um pouco pra vocês.” Era assim… o que se tinha, dividia-se. Porque ali, o sabor era maior quando partilhado. Eram gestos simples, mas carregados de afeto, respeito e uma sabedoria silenciosa: o que temos só tem valor quando é dividido.

A gentileza estava nas pequenas coisas — no bom-dia sincero, no aperto de mão firme, no prato de comida deixado no portão de quem precisava, no cheiro de pão quentinho deixado à porta de quem precisava, no calor de um abraço apertado que não media tempo nem pressa. Era uma herança sem escritura, passada de pai para filho, como a lição mais preciosa que alguém poderia deixar: cuidar uns dos outros.

Hoje, talvez nos falte essa simplicidade que tornava o cotidiano extraordinário. Talvez seja hora de resgatar o costume de dividir, de olhar para o lado, de estender a mão sem perguntar por quê. Talvez seja hora de abrir as janelas de novo, de deixar o aroma da gentileza invadir cada esquina, cada casa, cada coração. Quem sabe seja hora de resgatar isso. De lembrar que gentileza não é luxo nem exceção. Pequenos gestos, quando somados, podem tornar o ordinário importante. Porque gentileza não custa nada…, mas muda tudo.

Meu pai costumava dizer: “Nunca esqueça. Ajude na simplicidade. Seja num ato pequeno ou grande, mas sem esperar nada em troca. Ajude apenas pelo fato de ajudar.” Talvez essa seja a essência que o mundo anda precisando reencontrar. E talvez seja exatamente isso que o mundo precise: mais gente disposta a transformar pequenos gestos em grandes mudanças.




segunda-feira, 30 de junho de 2025

Nota de Pesar Verde


 



É com profunda tristeza e decepção que comunicamos o falecimento do pé de pequi, plantado com tanto simbolismo na Praça da Matriz. O pequizeiro — árvore símbolo do Cerrado — é conhecido por sua copa frondosa, que pode atingir até 12 metros de altura. Mas este jamais crescerá. Infelizmente, o que ali existia não se tornará sombra, nem abrigo, nem flor. Não existe mais. Fica a pergunta, que ecoa no vazio deixado pelos galhos ausentes: era realmente necessário o corte?

A legislação brasileira proíbe o corte de pequizeiros, salvo em casos muito específicos — como árvores mortas, doentes ou em áreas destinadas a obras de utilidade pública — e sempre com a devida autorização dos órgãos competentes. Será que alguma dessas condições se aplicava neste caso? É apenas uma pergunta. Um questionamento legítimo. Necessário.

Hoje, resta-nos o silêncio. Perdemos mais do que uma árvore. Perdemos um símbolo. Perdemos um pedaço do Cerrado. Uma promessa de natureza viva, ali mesmo, no coração da cidade... É uma pena, lamentamos... 






sexta-feira, 13 de junho de 2025

LAGOA SANTA, 40 ANOS DEPOIS


 

A inesquecível viagem dos alunos do Colégio do Sol em 1985 virou lenda entre amigos, casais e histórias que ainda arrancam risos — e saudade.

Por: Fábio Trancolin


No calendário, marcava 13 de junho de 1985. Era uma noite fria, mas de alma quente. Na porta do Colégio do Sol, em meio a mochilas nas costas e corações acelerados, um grupo de adolescentes embarcava rumo a uma viagem que atravessaria quatro décadas em lembranças: o destino era Lagoa Santa.

A excursão, inicialmente marcada para a Semana Santa, foi adiada por um bom motivo: o professor Agrest, querido por todos, precisou cuidar da mãe doente. Ninguém queria ir sem ele. Era um desses professores que ensinavam além do conteúdo — transmitiam entusiasmo, amizade e alegria. Decidimos juntos: com Agrest ou nada feito. A espera valeu a pena.


Na noite do embarque, alguns já iniciavam a comemoração. Selmo, Manoel e eu passamos em um bar da Presidente Vargas para “esquentar” o clima — e até compramos cigarro Galaxy, “especial para a ocasião”. Coisas da juventude...

A viagem seguiu pela BR-060 e GO-184 até Lagoa Santa. Ao chegar, a casa alugada era mais uma tapera do que um abrigo, mas serviu perfeitamente. O frio era cortante, um frio que, até hoje, nenhum dos presentes conseguiu esquecer — e que só foi enfrentado com cobertores finos, casacos improvisados e doses generosas de Velho Barreiro. Ao final, 49 garrafas vazias foram penduradas em uma árvore em frente à casa, como troféus de resistência juvenil.


As lembranças são muitas. Aloísio, o Japonês, tentou esconder uma farofa deliciosa feita por Dona Carmem, sua mãe — mas, cercado por mais de vinte esfomeados, teve que repartir. Um batom labial cor-de-rosa, “protetor contra o frio”, foi passado por alguns rapazes desavisados — inclusive pelo motorista. Não saía nem com reza brava. O irmão do Gato, “convidado por carona”, exagerou na cachaça e vomitou bem em cima do precioso casaco de carneiro de Célio. Pense num homem bravo.

Houve também o romance frustrado do Japonês com uma moça local, que o fez caminhar pela madrugada até dispensá-lo com um simples "Tchau". Manoel e Selmo, em ato de coragem ou loucura, resolveram atravessar o Rio Aporé a nado — em pleno junho, com água gelada de cortar o corpo.

Durante o dia, a lagoa era quente, mas o vento gelado exigia toalha aberta e amigo por perto ao sair. Homens e mulheres se revezavam na água ao som de um sino que marcava os turnos de hora em hora. À noite, todos se reuniam no bar do japonês — o único ponto de encontro da cidadezinha, que naquela época ainda era um vilarejo pouco estruturado.



No domingo, 16 de junho, todos pararam para assistir ao jogo da Seleção nas Eliminatórias da Copa. O Brasil venceu o Paraguai por 2 a 0, com gols de Casagrande e Zico. Agrest, flamenguista apaixonado, gritava como Galvão Bueno: “É craque, é gênio!”. Era a Seleção de Telê Santana, com Zico, Sócrates, Júnior e Falcão. Um time que sabia jogar — assim como nossa turma sabia viver.

E como se tudo isso já não bastasse para eternizar a viagem, três casais surgiram daquele fim de semana: Ailton e Ana Lúcia, Tom Jonas e Lúcia, Manoel e Marta — AA e MM ainda estão juntos com filhos e netos... Tom Jonas se foi...



Lembramos, sim. E sempre vamos lembrar. Porque há viagens que não terminam no fim de semana. Existem memórias que resistem ao tempo — permanecem jovens, vivas, como aquela turma, aquela noite gelada, a farofa dividida, o batom que marcava bocas e risadas, os maracujás do Mato Grosso do Sul... A cachaça contada em garrafas penduradas na árvore... o sino que marcava rodízio, como quem marca capítulos de uma história que não será esquecida.

Essa era a turma da excursão. Sinto saudades de cada um. Alguns ainda encontro, outros há muito não vejo. E três nos deixaram, retornando ao Plano Espiritual: Cigano, Baiano e Antônio Jonas — mas seguem conosco em cada lembrança.



Estavam lá: Adalto, Agrest, Ailton, Aloísio (o Japonês), Antônio Jonas, Celestino, Célio, Clayton, Edno (Baiano), Fábio Trancolin (o contador de histórias), Vilmar (o Gato, de olhos verdes, o “zoio de gato”), Gerson (Cigano), Jairinho, Manoel, Nilton César, Odair, Osmar e Selmo... e até o irmão do Gato, que pediu carona até Itajá, porém, seguiu viagem e ficou por lá... E, entre as meninas: Ana Lúcia, Aparecida, Márcia, Mariana Emília, Marina, Marta, Lúcia Helena e Zilma.

Quarenta anos depois, tudo isso continua vivo. Porque certas histórias não passam. Elas permanecem — como cicatriz bonita, como retrato antigo, como saudade boa.





quinta-feira, 5 de junho de 2025

A Cidade que se derruba


 



Tenho andado pela cidade. Não por pressa, nem por falta do que fazer. Ando porque gosto de caminhar, observar, trocar palavras e silêncios. Gosto de ouvir os sons da cidade — todos, exceto o barulho insistente que escapa das caixas de som nas portas do comércio local. Caminho para perceber o que ainda resiste e o que já se perdeu pelo caminho. Nessas andanças, sou uma testemunha silenciosa da demolição e da reinvenção, da beleza que insiste em permanecer e daquela que já virou lembrança.

Às vezes, passo por lugares tão familiares... e, de repente, parecem estranhos. Como se tivessem mudado de roupa, de rosto — até de alma. A cidade mudou. Ou melhor, se transformou. E mudou tanto... O verde que antes havia já não “ave” mais — voou, como os pássaros que perderam suas árvores.

Para quem não anda pelas calçadas há algum tempo, o susto é inevitável: “Cadê aquela casa?” — caiu. “E a outra?” — virou estacionamento. “Essa aqui?” — virou farmácia. “E aquela que era patrimônio?” — também foi ao chão. Porque agora, o patrimônio não é o que se guarda, mas o que se vende.

A cada passo, presencio mais uma demolição. Esperava, confesso, uma restauração. Mas não. Vi as máquinas trabalhando, operários no ritmo do vai e vem. Perguntei a um deles, talvez um encarregado: “Vai restaurar?” E ele, sem rodeios, respondeu com frieza: “Não. É pra derrubar tudo. Pôr no chão!” Só consegui dizer: “Que pena…”

Na esquina onde o tempo parecia ter parado, resistia o antigo Mercado Central, mais conhecido como Mercado Velho. Foi idealizado na gestão do prefeito Paulo Campos. Quantas memórias cabem em um lugar assim? As escadas que subiam da rua levavam a um mundo conhecido: lá dentro, o queijo curado e fresco, o polvilho do Lourival, as verduras do Chico, a banca da Lucimar, o armazém do Joaquim Cândido, a pastelaria do Brito, o açougue do Antero. Tinha barbeiro, com mãos hábeis conduzindo a tesoura. Tinha cambista vendendo bilhetes de loteria. Do lado de fora, na Coronel Vaiano, havia o bar do Osvaldo e o armazém do João Quito. Meu pai, no início da década de 70, esteve ali, juntamente com minha mãe, numa banca de salgados. Era um ponto de encontro para conversas que giravam em torno de tudo: política, futebol, cotidiano.

Havia doce de leite na palha, amendoim na casca, feijão a granel, a balança com seus pratos de metal e aquele eterno jogo de pesos. Farinha vendida a quilo, linguiça pendurada no varal, frangos vivos expostos ao lado das vassouras de palha. Frutas e verduras se misturavam ao perfume das quitandas, ao cheiro de pastel — gairobas — ou guarirobas, tanto faz o nome. O gosto amargo era inconfundível. e, para muitos, uma delícia. Mas ficou o amargo do fim da história. "Quem não tem passado, não tem memória."

Era tradição passar por ali, especialmente à tarde. O trajeto era quase um ritual: entre frangos vivos, frutas, farinha e pequi, o cheiro da pimenta nas garrafas de vidro — vermelha ou amarela, ambas ardendo na boca. Tudo tinha sabor, história e presença. Acredito, sinceramente, que valeria a pena restaurar..., Mas é só o que penso.

A preservação de um patrimônio, ao longo do tempo, exige cuidados. A ferrugem e a corrosão se instalam, o tempo toma conta das paredes e do madeiramento, as administrações se esquecem... E tudo vai se desfazendo em pó. O tempo derruba o passado, decepa tradições, inaugura uma nova paisagem.

A cidade vai trocando suas lembranças por prédios espelhados. Vai apagando histórias para escrever números. O progresso? Dizem que é inevitável. Mas eu me pergunto: não valeria a pena preservar, para a história contar? Eu conto histórias... Enquanto isso, sigo andando. Ainda escuto. Ainda observo. Ainda guardo o que a cidade insiste em esquecer. Eu conto histórias...





quinta-feira, 22 de maio de 2025

Saudades do Bazar do Livro: Memória viva da literatura em Rio Verde


Rua Rafael Nascimento final dos anos 70. 

Sempre gostei do cheiro de livro novo. Sempre me encantei com o ambiente literário — esse universo de letras, fantasias, aventuras, romances, arte e história. Desde pequeno, a leitura me fascinava. Na adolescência, esse gosto só aumentou. Saboreei muitas histórias das coleções Elefante e Vagalume, que marcaram uma geração inteira. 

Com a chegada da digitalização, o mundo das letras no papel parece ter perdido um pouco da sua magia. Hoje, em nossa cidade, quase não há espaço para livrarias. Livros parecem ter caído em desuso. Em Rio Verde, por exemplo, não temos sequer um local dedicado exclusivamente à venda de livros. Mas basta fechar os olhos para que eu volte no tempo, guiado pela imaginação, e me veja novamente naquele lugar onde as prateleiras transbordavam literatura.

Um nome que ainda ecoa em outras cidades e que, por muitos anos, tivemos o privilégio de ter aqui: o Bazar do Livro. Esse espaço mágico ficava na esquina da Rua Rafael Nascimento com a Henrique Itiberê. Fundado em 5 de setembro de 1966, permaneceu ativo por 50 anos. Meio século de serviço à educação e à cultura. E à frente de tudo isso estava Dona Ivanir de Castro — uma mulher de fibra, decidida, comprometida com o saber. Durante cinco décadas, ela atendeu gerações com tudo o que era necessário para o universo estudantil e literário. Quantos livros passaram por ali? Quantos sonhos começaram naquele balcão?


Rua Rafael Nascimento inicio dos anos 80

Um dia, porém, as portas se fecharam. Aos 80 anos, Dona Ivanir anunciou que era hora de se despedir da arte de vender o mundo mágico do papel. Infelizmente, seus filhos e netos não deram continuidade à livraria. E com isso, a cidade perdeu. Perdemos todos nós. Porque um espaço literário não é apenas comércio — é cultura, memória, inspiração.

Em 2011, tive a honra de ser convidado por ela para participar do encerramento do Bazar. E o que encontrei por trás das prateleiras, do balcão, do mezanino... foi surpreendente. Era mais do que um acervo: era um tesouro. Cataloguei, organizei, ajudei a negociar exemplares. Muitos livros foram doados — principalmente os da Doutrina Espírita, que tanto eu quanto Dona Ivanir seguimos com dedicação. Parte desse acervo ela guardou consigo. Outra parte agora vive em mim — como lembrança, gratidão e saudade. O encerramento do Bazar do Livro não foi apenas o fechamento de um comércio. Foi o fim de um capítulo importante da nossa história cultural. Um espaço onde nasceram sonhos, onde mentes se abriram, onde crianças deram os primeiros passos rumo ao conhecimento.

O Bazar do Livro foi mais do que uma livraria. Foi um farol de conhecimento, um abrigo de ideias, um ponto de encontro de almas apaixonadas pela leitura. Hoje, ele vive apenas na memória. Mas que memória linda de se guardar! Hoje, o Bazar vive na memória de quem por ali passou. E Dona Ivanir, com sua dedicação incansável, deixou um legado que jamais será esquecido. Rio Verde ainda sente a falta de um espaço literário como aquele. Mas o que foi construído ali permanecerá — como saudade, como história, como inspiração.

Dona Ivanir de Castro




quinta-feira, 15 de maio de 2025

A Magia do Campo


Por onde caminhei, deixei meus passos marcados pelo tempo. Vi o sol nascer em todo o seu brilho e se pôr em silêncio, como se guardasse segredos nas nuvens. Senti o cheiro do mato fresco e o aroma do café torrado espalhado pelo ar.


Meus pés descalços tocaram o riacho, aquele curso de água manso que passa entre as pedras, contando suas histórias. Escutei o som da água caindo, o sussurro suave das cascatas, como versos esculpidos pelo tempo.


Caminhei por campinas floridas, atravessei o cerrado e o mato fechado, sentindo a força e a beleza da natureza. Colhi frutos direto do pé, senti o perfume doce da fruta coberta de orvalho ao amanhecer. O cheiro da relva úmida trazia de volta lembranças guardadas no coração.

Vi a boiada seguir seu caminho, guiada pelo ponteiro e pelo som do berrante que ecoava pelo campo. Andei por trieiros antigos, caminhos marcados pelo tempo e cheios de histórias esquecidas. Sob a luz da lua, os vaga-lumes dançavam, iluminando a estrada como pequenas estrelas caídas do céu.



Acompanhei o nascer da madrugada no campo, com o chão coberto de estrelas. Cada passo era uma lembrança, cada aroma, uma história. E foi na simplicidade do campo que encontrei a verdadeira poesia da vida, onde o tempo conta histórias e a terra guarda segredos eternos.



terça-feira, 15 de abril de 2025

Domingo, frango vivo e gueroba, tempo de saudade.


 


Era uma cena típica dos domingos nas décadas de 70 e 80: logo ao amanhecer, as pessoas se dirigiam animadas à feira, que na época se instalava na Rua Augusta Bastos. O vai e vem era constante — gente com sacolas nas mãos, conversa fiada no ar e aquele burburinho acolhedor que marcava o início do dia. Caminhonetes encostavam para descarregar porcos, frangos e patos vivos, enquanto os fregueses circulavam entre os espaços. Meu tio Alaor, sempre acompanhado da família, também marcava presença, trazendo suas vassouras artesanais, pimentas e outras verduras cultivadas com dedicação. Era o dia de comprar o frango ainda vivo, escolhido com atenção, junto com um pé de gueroba — ou guariroba, como preferir —aquele ingrediente que daria o sabor característico ao almoço de domingo.



A cena que sempre trago na lembrança é a das pessoas voltando para casa com um frango vivo pendurado em uma mão e, na outra, um pé de gueroba. Depois, havia sempre uma parada no armazém de alguém: um pacote de macarrão — de preferência o número 5, o mais grosso —, pois o almoço precisava ter “sustança”. Um pote de extrato de tomate, um pedaço ou mesmo um pacotinho de queijo ralado e, para fechar com chave de ouro, uma Coca-Cola de um litro, na clássica garrafa de vidro, chamada de “Coca Família”, guardada na geladeira e que estalava ao ser aberta. Isso era festa. Era comum ver essas cenas se repetindo a cada fim de semana. Eu mesmo presenciei muitas. Hoje, já não se vê mais. A feira mudou, os hábitos mudaram, mas a memória... essa continua viva.


Minha mãe, quando pedia para comprar o macarrão, sempre fazia questão: “Traga o mais fino, de preferência o número 1.” Meu pai, ao contrário, gostava mesmo era dos números maiores. Mas, para não a contrariar, acabava comendo o fino com gosto — como quem cede por amor. A mãe não tinha coragem de matar o frango, mas sempre havia uma vizinha prestativa disposta a ajudar na tarefa de “destroncar” o pescoço do penoso. Lembro de um domingo, mais precisamente em 1973. Morávamos na casa azul, de frente à Rádio Difusora. Meu irmão mais novo, com seus dois anos, curioso, viu a mãe mergulhar o frango no caldeirão de água fervente para depenar. Num piscar de olhos, ele fez o mesmo e enfiou a mãozinha na água quente. Ficaram as marcas — tanto na pele quanto na memória.

Geralmente, quando íamos às fazendas de amigos ou às festas na roça, era diferente – Ali, sim, usava-se o macarrão mais grosso, e meu pai se esbaldava com aquele sorriso de quem sabia aproveitar a simplicidade da vida. Quantas vezes fizemos isso... Era algo natural e corriqueiro. Tudo era mais próximo, mais convidativo. E a simplicidade fazia com que qualquer um que chegasse se sentisse parte da família. Tudo muito simples, mas de uma riqueza incomensurável. 

Com o passar do tempo, as porteiras e os colchetes foram se fechando. A simplicidade foi sendo trocada pela ostentação, e tudo aquilo ficou apenas na recordação. Com o tempo, os lugares à mesa também foram mudando. Alguns ficaram vazios por motivos que a vida insiste em nos apresentar. Outros foram ocupados por novas presenças e novas histórias. Mas a saudade... essa permanece, silenciosa e bela.



A comida caseira tem esse poder: nos leva de volta no tempo, abre a porta da memória e nos faz sentar novamente àquela mesa, entre risos, barulho de talheres, o prato esmaltado e o cheiro bom vindo da cozinha. O sabor mudou, o cardápio também. Mas a lembrança permanece — e, com ela, a saudade de alguém. Porque, antigamente, o almoço de domingo era mais que uma refeição. Era um ritual de amor, de união, de presença. Hoje, aprendemos a reviver esses sentimentos em outros contextos, a saborear cada instante como um presente. E é isso que torna a vida tão única e tão bela.










terça-feira, 25 de março de 2025

A importância da preservação dos casarões antigos


Preservar os casarões antigos é preservar a nossa história. Contudo, pouco resta do que havia. Essa é uma reflexão profunda sobre o valor histórico, cultural e estético das edificações que permanecem na memória coletiva. É possível contar nos dedos as que ainda estão de pé. A preservação desses casarões é essencial para manter vivas as narrativas do passado, fortalecer nossa conexão com a história e promover uma apreciação consciente de nossa herança cultural.

Em Rio Verde, um dos casarões mais simbólicos é o Palácio da Intendência. Este imponente edifício, que já serviu como cadeia pública, foi palco de eventos históricos significativos, como a prisão do ex-governador de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, durante a Revolução de 1930. Tombado em 14 de junho de 1984 como Patrimônio Histórico e Cultural por meio da Lei Municipal nº 1913/84, o palácio foi construído em meados de 1885 por Antônio Furquim de Campos, Joaquim Rodrigues de Abreu e Mizael José de Castro, na época da elevação do povoado de Nossa Senhora das Dores.

A estrutura original, feita de pau a pique com reboco de estrume, escondia um alçapão que levava à cela de segurança máxima, além de celas destinadas a pequenos delitos e uma cela feminina. O andar superior, que servia como Fórum, ainda guarda memórias das sessões do Júri. Essas paredes, que testemunharam tantos momentos históricos, são um convite à reflexão sobre o que perdemos e o que ainda podemos preservar.

O Palácio da Intendência é, portanto, mais do que um simples edifício; é um monumento à memória coletiva de Rio Verde. Ele nos convida a olhar para o passado de forma crítica, a compreender as lições que a história nos deixou e a lutar pelo que ainda pode ser salvo.













Na Praça Padre Mariano, esquina com a Rua Nilo Peçanha, onde o tempo parece fluir de maneira diferente, um casarão se destaca por sua presença majestosa. A casa de Ambrosina Cândida da Silveira Leão, erguida por volta de 1895, é uma das últimas a conservar a arquitetura da época. Durante a Revolução de 1930, abrigou figuras importantes como Pedro Ludovico e o senador Martins Borges. A história do Brasil, marcada por transformações e desafios, encontrou abrigo em seus cômodos.

O tombamento desse imóvel, oficializado pelo Decreto nº 0133/2014, foi um passo essencial para garantir que o valor histórico e cultural do local seja preservado para as futuras gerações. A casa de Ambrosina é um símbolo de resistência. Em um mundo que avança a passos largos, onde o novo muitas vezes se sobrepõe ao antigo, é fundamental que preservemos esses espaços que nos conectam às nossas raízes.






Outro casarão imponente e repleto de histórias está localizado na Rua São Sebastião. Ele pertenceu a Frederico Gonzaga Jayme, conhecido como "Major" Frederico. No final do século XIX, ele adquiriu a obra inacabada para fundar a Casa Jayme no térreo e estabelecer sua residência no andar superior. Frederico Jayme foi intendente municipal por dois mandatos, de 1903 a 1907 e de 1927 a 1930. Durante sua primeira gestão, foi responsável pela construção do cemitério, que hoje leva o nome de São Miguel. No entanto, o casarão histórico ainda não foi oficialmente tombado, e é necessário discutir qual será o seu futuro.

O tombamento é um ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, transformando-o em patrimônio oficial e instituindo um regime jurídico especial de propriedade, que leva em consideração sua função social. Cada casarão preservado é um fragmento da nossa memória coletiva, um lembrete do que fomos e do que podemos ser.

Assim, ao olharmos para esses casarões, somos convidados a refletir sobre a importância de manter viva a história que eles representam. Que possamos, portanto, valorizar e cuidar desses patrimônios, pois eles são mais do que paredes e telhados; são testemunhas silenciosas de um tempo que não deve ser esquecido.

 








quarta-feira, 19 de março de 2025

Dia do Marceneiro




No dia 19 de março, celebramos o Dia do Marceneiro, uma profissão nobre e cheia de significado. Foi esse o ofício de José, pai de Jesus, e também do meu pai. Através dessa arte, ele nos criou, nos educou e nos ensinou valores que dinheiro algum pode comprar. A marcenaria não o tornou rico, mas foi com ela que nos sustentou e nos formou como pessoas.

Lembro-me bem das palavras da canção de Roberto Carlos: “Meus irmãos à minha volta, e meu pai sempre de volta, trazia o suor no rosto, nenhum dinheiro no bolso, mas trazia esperanças...”. Foi assim que crescemos, com cheiro de serragem e verniz impregnado em nossas memórias, em cada móvel construído com dedicação e amor.
A marcenaria sempre fez parte de nossa vida. Meu irmão mais velho seguiu os passos do nosso pai e manteve viva essa arte, que transforma simples pedaços de madeira em obras de utilidade e beleza. Eu deveria ter aprendido mais sobre esse ofício tão especial, onde o torno, o formão, a serra circular e a serra de fita moldam não apenas a madeira, mas também histórias e legados.
Mogno, cerejeira, imbuia... às vezes, a nobre castanheira. Peroba-rosa, cedro, jatobá e o magnífico jacarandá. Meu pai conhecia cada uma dessas madeiras como quem conhece velhos amigos. Curiosamente, ele carregava no próprio nome a essência da sua arte: Nogueira. Uma madeira de lei, resistente, durável, de tom escuro, assim como a firmeza e a força que ele sempre demonstrou.
Hoje, ao lembrar desse legado, percebo que a verdadeira riqueza não está no dinheiro, mas nas marcas que deixamos no mundo e nos corações de quem amamos.

Aos marceneiros, artistas da madeira, que fazem do seu ofício um ato de amor e criação, deixo minha homenagem e gratidão.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Meu amigo atleta Jesualdo Lopes Galvão



 

Eu o conheci em 1982, quando fomos morar ao lado da casa dele. Jesualdo sempre foi uma figura marcante em nossa comunidade. Fomos vizinhos por quase três anos. Jesualdo, pai de quatro meninas - Shirley, Sheyla, Shily e Jovelaine - Crescemos juntos, compartilhando bons momentos, pois crescemos juntos e construímos uma bela amizade. 

Naquela época, ele já estava com quase 40 anos, mas me lembro-me dele correndo pelas ruas com energia e determinação, sempre demonstrando seu amor pelo esporte. Sua trajetória esportiva começou no final da década de 60, mais precisamente em 1969, quando disputou sua primeira prova de ciclismo. Ele também se destacou no atletismo, ciclismo e futebol. Foi um competidor assíduo nos Jogos Abertos, que tiveram início em 1971, e também atuou como árbitro de futebol, apitando partidas em diversos estádios, inclusive no icônico Serra Dourada.

Como corredor, participou da tradicional corrida de São Silvestre nos anos de 1975, 1978, 1982 e 1996. Nas três primeiras edições em que competiu, o percurso iniciava-se na Avenida Paulista, em frente ao Edifício Cásper Líbero, descendo pela Brigadeiro Luiz Antônio e retornando pela Rua da Consolação. Naquela época, a corrida era realizada à noite, começando às 23h30 e com os primeiros classificados cruzando a linha de chegada por volta da meia-noite. Esse formato permaneceu até 1988. Em 1996, ele teve a experiência de correr com a largada às 17 horas. Além da São Silvestre, participou de diversas maratonas e esteve presente na Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, é um verdadeiro colecionador de conquistas, medalhas, troféus e histórias.

No Estado de Goiás, ele foi por 10 anos o principal atleta militar e, após uma carreira dedicada às forças de segurança, aposentou-se na Polícia Militar com a patente de Tenente.

Hoje, aos 80 anos, Jesualdo continua sendo uma figura inspiradora. Nos encontramos na ABAS (Associação Beneficente Auta de Souza), onde ele passa o dia socializando e compartilhando histórias com seus companheiros da terceira idade. Meu amigo Jesualdo Lopes Galvão é uma referência de vida ativa e inspiradora, mostrando que o amor pelo esporte transcende o tempo, deixando um legado de inspiração para todos que o conhecem.

 



sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

No caminho do saber




Quando o ano de 1975 começou, eu sabia que grandes novidades estavam por vir. Seria algo novo na minha vida: o ano em que iniciaria meus estudos. Eu completaria sete anos, a idade certa, naquela época, para começar a frequentar a escola.

Meu irmão Jairinho, havia começado um ano antes, e agora era a minha vez. Lembro-me bem quando o meu pai comprou os materiais escolares na Casa das Louças, e também comprou para mim, mesmo eu não estando matriculado naquele ano. Meu irmão trazia as tarefas da escola, e minha mãe ao auxilia-lo nas tarefas, também mostrava para mim, sendo assim, tudo que ele fazia na escola, eu fazia em casa. De tal modo, aquilo que ele aprendeu na escola, eu aprendi em casa. Nossa diferença de idade era pequena, apenas um ano e nove meses, o que nos deixava ainda mais próximo.



Quando finalmente me sentei nas carteiras escolares para ser aluno da professora Odete, eu já sabia um pouco mais do que os meus colegas. Esse fato chamou a atenção da professora, que comentava com os meus pais que eu acabava, sem querer, atrapalhando o ritmo das aulas, pois fazia as atividades com muita rapidez... cogitaram até a possibilidade de eu ser adiantado para a série seguinte, mas preferiram que eu não pulasse etapas e fizesse como todos os demais.

Eu estudava no Grupo Escolar Percival Xavier Rebelo, que funcionava no mesmo prédio do Colégio Martins Borges e, durante o período vespertino, era utilizado como escola primária. Minha sala ficava ao lado do banheiro. Nas salas seguintes, estavam os alunos das professoras Tânia, Maria Aparecida, Ordália e, por fim, a professora Geusa, que lecionava para os alunos da última série do primário. Lembro-me bem dos colegas daquela época: Renato, Augusto, os irmãos Roberto e Washington, Webinho, Hiltones e Francisco Canindé. Entre as meninas estavam Najáh, Samira, Lucibélia, Ariadna, Madalena, Mara, Margarete e Carla. Esses nomes ficaram marcados na memória. Permaneci com essa turma até 1977; no ano seguinte, fui matriculado no Grupo Escolar Demolício de Carvalho.

Caderno de caligrafia

Na escola, a vice-diretora Marta era responsável por organizar as filas com a ajuda do famoso sininho. Ela tinha uma postura séria, e ninguém ousava sair da linha. Os uniformes eram padronizados: os meninos usavam calças ou bermudas, e as meninas, saias ou calças. Tudo na cor *cáqui, combinado com camisas brancas que trazia o emblema da escola no bolso (cor cáqui é um tom de marrom-claro com subtons amarelos. A palavra caqui vem do persa khak, que significa pó, e khaki, que significa poeirento ou cor de terra).

Antes de entrar na sala de aula, todos ficávamos alinhados sob o sol, rezávamos e cantávamos o Hino Nacional. Às vezes, também entoávamos a música “Eu te amo, meu Brasil”. - “Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil. Eu te amo meu Brasil, eu te amo.  Ninguém segura a juventude do Brasil”. Era um momento solene, que fazia parte do cotidiano escolar. 

Pátio do Grupo Escolar Percival Xavier Rebelo, que funcionava no mesmo prédio do Colégio Martins Borges 

Na minha sala, eu tinha uma vista privilegiada para o pátio de terra batida e, ao fundo, podia ver a marcenaria onde meu pai trabalhava. Na hora do recreio, ao som do sininho, a turma saia correndo em disparada em direção à quadra. O picolezeiro sempre estava à espera na porta, e eu adorava os picolés de coco queimado e creme holandês. Às vezes, escolhia um “juju” de groselha ou tamarindo, que também era uma delícia.

Então foi nessa época que eu dei os meus primeiros passos na Cartilha Caminho Suave, lá sem vão 50 anos do início dessa jornada que me traz boas recordação e boas lembranças. sinto uma enorme gratidão pelas memórias e pelas lições que marcaram minha jornada escolar