O mundo nunca deixou de mudar. Aprendi cedo que
nada permanece igual — tudo se move, tudo se transforma. E foi dentro da
Doutrina Espírita, que se tornou o alicerce da minha vida, que encontrei a
explicação: a Lei do Progresso. Somos empurrados para frente — ora pela razão
que ilumina, ora pelo coração que aprende a amar. Mesmo quando o orgulho e o
egoísmo nos fazem tropeçar, a estrada continua e nos obriga a seguir. É a força
que nos impele a crescer, mesmo quando resistimos. Entre quedas e aprendizados,
a vida nos leva da simplicidade à perfeição.
Nasci em 1968. Naquele tempo, o mundo estava em
ebulição. Nas ruas, os jovens gritavam contra guerras, sonhavam com justiça,
experimentavam novas formas de ser. Eram tempos de protestos, rebeldias e
sonhos. A juventude não aceitava calada as imposições; reivindicava direitos e
inventava modos novos de viver. Flores no cabelo, músicas que embalavam
utopias, a sensação de que era possível reinventar tudo.
Recordo a canção de Scott McKenzie, lançada pouco
antes: “Se você estiver indo para São Francisco, certifique-se de usar
algumas flores no cabelo...” Mais do que um convite, era uma prece vestida
de música. Uma promessa de que a bondade podia florescer nas ruas, de que
pessoas gentis se encontrariam para viver um verão de amor. Sinto como se fosse
uma prece simples, mas cheia de esperança, um convite à gentileza, à
fraternidade, à crença de que as ruas poderiam ser tomadas pelo amor.
Mais adiante, recordo outra melodia que atravessou gerações: “Pride (In the Name of Love)”, do U2, homenagem à coragem de Martin Luther King Jr., que enfrentou o ódio com a força do amor e no ano em que nasci, tentaram silenciar sua voz numa manhã de abril, mas não conseguiram. O corpo pode tombar, mas o espírito segue ecoando. E sem esquecer do Maior que esteve entre nós: um dia, Ele passou por aqui. Sua voz só falava de amor, seus gestos eram amor. Tudo que deixou permanece e sempre existirá. Talvez seja isso que a vida me ensine: a história muda, os cenários mudam, mas a essência é a mesma. É sempre sobre buscar liberdade, sonhar com um mundo melhor, acreditar que o amor é mais forte que qualquer escuridão.
De 1968 até hoje, tudo mudou. Eu mudei. O mundo
mudou. Mas a certeza permanece: estamos todos em marcha, guiados pela mesma lei
que não nos deixa parar — a Lei do Progresso. E, no fundo, cada passo é um
convite permanente a colocar flores no cabelo da alma e seguir adiante,
acreditando que, apesar de tudo, o amor continua sendo a única revolução
verdadeira.
Seja em São Francisco ou
em qualquer lugar do mundo, leve flores consigo, nem que seja apenas na memória
ou no coração. E, neste dia da Kombi (2 de setembro), recordemos as velhas kombis
floridas dos anos 60: pinte com flores a sua estrada e venha somar na
construção de um mundo mais leve, colorido e melhor. Chegou setembro, chegou a
primavera! O sol aquece, a paz chama e o amor pede passagem. No dia da Kombi,
que tal lembrar as kombis florescidas dos anos 60? Pinte sua estrada com flores
e ajude a fazer o mundo mais bonito.